O início do fim da picada

Para quem não é de BH, o Duelo de MCs acontece há seis anos debaixo do viaduto Santa Tereza (junto à entrada da Serraria Souza Pinto, um espaço cultural mantido pelo estado e prefeitura), ajudando a dar início a uma ocupação cultural que se deu na região da Praia, digo Praça da Estação.

Na última edição do Jornal Pampulha, do dia 8 de setembro, o colunista Paulo Navarro, em sua coluna "Dolcevita" escreveu:

"FIM DA PICADA: As autoridades precisam se entender quanto à programação da Serraria Souza Pinto e atividades sob o viaduto Santa Tereza. Um prejudica o outro, porque têm públicos totalmente diferentes. Dia 31, a performance de cantores de rap assustou os convidados do Baile da OAB, sobretudo as mulheres. Por isso, a Serraria deixou de ser palco de grandes eventos sociais"

Os integrantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) Sociologia UFMG, que vêm trabalhando com o tema de apropriação urbana, convidaram o colunista a debater a questão com o grupo. Segue abaixo trecho do e-mail:

OUTROS SUSTOS E ASSUSTADOS

Susto, levamos ao saber que alguém pode ter esse tipo de susto. Susto, levamos ao ler “atividades sob o viaduto santa tereza”, por saber que ainda se desconhece que ali acontece um dos principais eventos culturais de Belo Horizonte, o DUELO de MC’S, organizado pela Família de Rua.Susto, levamos ao nos depararmos com a idéia de que “públicos totalmente diferentes” não podem ocupar o mesmo espaço. Mais susto levamos com a ideia de que uns têm mais direitos que outros a ocuparem esse espaço, e a suposição de que “diferente” signifique outra coisa. Não há problema em se assustar, agora, querer que as autoridades tomem atitudes para que não hajam sustos é assustador! Aos que se assustaram com a “performance dos cantores de rap”, talvez valesse se assustar com seus próprios sustos. Um corpo humano que se movimenta ao som de uma música pode convidar um outro corpo a se envolver em um único movimento, sem susto. Sobretudo as mulheres se assustam, quando o rap não faz rimar a palavra mulher e fragilidade. E que venham os sustos de outra ordem! Que o direito de se assustar com a vida se dê também pela sua exuberância, a do baile de dentro e a do baile de fora. O duelo nos mostra que é muito bom conhecer o diferente depois que o susto passa! É o inicio do fim da picada olhar atentamente para nossos sustos.