Curso de Licenciatura em Cinema da UFF

 

Nessa noite de segunda-feira (12/03) foi inaugurado o curso de Licenciatura em Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF), com a presença de vários professores do Departamento de Cinema da UFF e da professora Marília Franco, da Universidade de São Paulo (USP).

O curso é o primeiro no país voltado para formar profissionais de educação na área audiovisual. Augusto Fontes, 52 anos, calouro do novo curso de cinema, sente-se pioneiro em mais essa nova empreitada a ser divida com alunos de vários perfis. De acordo com Adil Lepri Giovanni, presidente do Diretório Acadêmico de Cinema, a criação desse curso é muito interessante, já que representa uma luta por um espaço para o cinema dentro das salas de aula.

O curso tem um currículo próprio, de acordo com o professor João Luiz Leocádio. Não sendo uma mera adaptação da grade do bacharelado com a inclusão de matérias sobre educação (comum a todos os cursos de licenciatura). O curso tem o objetivo de criar instigadores das potencialidades dos alunos e do audiovisual - incluindo o cinema e todas as possibilidades midiáticas advindas dele. Dessa maneira, a arte cinematográfica não seria encarada apenas como uma ilustração de outras disciplinas e sim um aprendizado por si.

A sensação presente no auditório Macunaíma era de expectativas e emoção. Estava claro que pairava no ar certa inquietação comum ao nascimento de um novo curso em uma área em crise no Brasil, como é o caso da educação.

As primeiras falas empolgadas foram as do professor Antonio Serra, que atualmente ministra para o curso de cinema a disciplina de Filosofia. Ele ressaltou que a importância das instituições de ensino de cinema (UFF e USP) começou a ter reconhecimento pela classe profissional há dez anos, no Congresso Brasileiro de Cinema. Além disso, o professor ressaltou a importância do cinema como revelador das coisas ocultas do mundo, do poder de criação da imagem, que permite a vários indivíduos saberem – e sentirem – coisas que antes lhe pareceriam ocultas.

A aula de Marilia Franco não foi ótima somente pelo extenso conteúdo mostrado – que ia desde a teoria do conhecimento cognitivo à sua experiência pessoal como pesquisadora e interessada em cinema e educação. Foi excelente também pela própria atitude da professora, visivelmente entusiasmada em estar naquela sala de aula. Em suas próprias palavras, nos 40 anos de docência (a serem completados neste ano) ela tem sido feliz lecionando. Por isso sugeriu questionarmos todos os dias nosso propósito de trabalhar o audiovisual com crianças e adolescentes.

O campo Cinema-Educação está em desenvolvimento e é preciso, além do entusiasmo, repensar o papel da escola que se encontra em crise. Motivada, em geral, pelo conflito entre alunos e professores – principais atores dessa instituição – e também, num caráter mais amplo, entre sociedade e escola.

A relação entre cinema (as artes em geral) e educação é antiga no Brasil. O exemplo claro disso foi a criação do Instituto de Nacional de Cinema e Educação (INCE), no governo de Getúlio Vargas (1930-1945).

O ensino de arte – que de acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN) inclui o cinema como disciplina, apesar das escolas darem preferência às artes plásticas – está intimamente envolvido com mudanças no sistema educacional que priorizem as competências do aluno e não tentem uniformizá-los.

A importância de se trabalhar em grupo, como um coletivo, na criação deste curso foi um dos aspectos levantados naquela noite pela professora Eliany Salvatierra. As experiências dos docentes e seus estudos foram compartilhados e confrontados para a criação de algo novo. Este mesmo espírito esteve presente em toda a palestra de Marilia Franco, que ratificou a necessidade dos indivíduos, professores e alunos, de trocar conhecimentos para que surja uma nova educação.

 

 

 

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Comments

imagem de Andréa Queiroz

Muito boa essa ideia UFFesca!

Ideia que resulta na evolução real do cinema brasileiro com sua identidade, baseada na  autenticidade que o Brasil busca na sua produção audiovisual.

Com a formação de professores,a produção só tem a ganhar.

[A meta é dar aula para gringo ver. ;D ]

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