E como fica a escola?

Na trajetória das cinco meninas, há idas e vindas da escola. Antes do nascimento das crianças, as dificuldades são conhecidas, algumas decorrentes da própria condição de gravidez, como o enjôo e o mal estar. Depois que os filhos nascem, surgem outras questões, por exemplo, com quem deixar as crianças no horário da escola?

Consciente dessa dificuldade, sobretudo das estudantes mães, a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Professor Souza da Silveira, Carla Lopes, conta que já pensou em fazer uma creche no local para abrigar as crianças no horário em que as mães estão em aula. Mas, sem recursos, o projeto não foi adiante.

Mariana, de 24 anos, é uma das mães que de vez em quando precisa levar o filho para assistir as aulas. A estudante diz que sentiu falta de apoio para se manter na escola. Segundo ela, alunos e diretoria ajudaram no que puderam, mas alguns professores simplesmente pareciam não ligar para o drama que ela vivia naquele momento.

“Tem um professor aqui que uma vez me disse assim: ‘não sei por que você vem para a escola, você só sabe ficar chorando no corredor e na sala de aula, sempre chorando”, lembra a estudante, que diz fazer de tudo para comparecer às aulas.

O filho de Mariana nasceu prematuro, e aos 15 dias, teve uma crise de bronquiolite (doença respiratória aguda, em que se afetam os bronquíolos, parte terminal dos brônquios). Quando a estudante tentou voltar para a escola, o bebê precisou ser novamente internado e ela teve que abandonar mais uma vez os estudos.

Mariana conta que, hoje, o menino é quem mais a incentiva a estudar. “Ele fica falando que eu preciso estudar para conseguir um bom trabalho e comprar uma casa bonita para morarmos só nós dois”, orgulha-se.

De volta às carteiras

A decisão de voltar para a escola foi difícil para Alice. Quando o primeiro filho dela tinha três anos, a jovem engravidou novamente.“Já trabalhei em muitos lugares diferentes. No sinal, em lanchonetes, pois vendo o sofrimento da minha mãe para sustentar a mim e as crianças eu notei que precisava colaborar", conta.

Por indicação de uma amiga, Alice conseguiu uma vaga em um instituto onde trabalha hoje. O local exige que ela freqüente a escola e por isso voltou a estudar. “Após um dia de trabalho, é difícil ficar na sala de aula e prestar atenção no que os professores passavam no quadro. Entrava e saía da sala diversas vezes e pensava que era perda de tempo estar ali, com pessoas mais novas, fazendo 'trabalhinhos de colégio'”, explica.

Foi com a ajuda de Jaqueline, sua colega de sala que também é mãe, que a jovem se sentiu mais motivada a continuar freqüentando as aulas. As meninas se ajudam a estudar para provas e a fazer trabalhos. Alice diz que atualmente até sente falta da escola quando, por algum motivo, não pode comparecer às aulas.

Para Jaqueline, o segredo é deixar os problemas fora da escola. Sua filha nasceu em 2007 e durante o ano de 2008, ela não freqüentou a escola. Com incentivo do novo namorado (que, segundo ela, tem feito o verdadeiro papel de pai da criança, ficando com ela enquanto Jaqueline vai à aula) a jovem voltou aos estudos em 2009.

Quando o apoio do companheiro e da escola ajuda nos estudos

Quando Juliana engravidou da primeira filha, estava ainda no Ensino Fundamental e não parou de estudar. Chegou a levar o bebê diversas vezes para a escola. Certo dia, a jovem mãe corria e brincava entre uma aula e outra quando caiu e quebrou o osso fêmur. Aí a vida escolar desandou um pouco, teve que ficar dois meses internada.  “Não podia receber visita da minha filha no hospital, por ela ainda ser muito nova e quando eu saí, ela não me reconheceu”, conta, chorando.

No ano seguinte, Juliana voltou à escola e completou o supletivo do Ensino Fundamental. Ela se preparava para operar a perna definitivamente, quando engravidou novamente, dessa vez de um menino, cujo pai é o atual esposo de Juliana.

Finalmente, ela voltou a estudar em 2008, agora está no segundo ano do Ensino Médio. “Eu adoro a escola, adoro o ambiente da escola. Ver pessoas, conversar. Eu me sinto muito bem”, exclama. “Meu esposo reclama quando eu não vou à aula e quando eu não tiro nota boa.”, acrescenta.

Assim como Juliana, o namorado de Fernanda, de 16 anos, que foi mãe aos 14, também a apoia nos estudos. O rapaz voltou a estudar junto com a namorada “para dar força”, mas teve que abandonar a escola por causa de um emprego. “Durante a gravidez e assim que a minha filha nasceu eu parei de estudar. Fiquei um ano parada, mas a diretora me ajudou muito. Eu levei meus exames  e ela deixou eu fazer apenas as provas da oitava série”, relata a estudante, que pôde ingressar já no primeiro ano do Ensino Médio quando voltou da licença.
 

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Se um adolescente que está em vulnerabilidade, cuja a autonomia e uma necessidade para hoje, não cabe discursão, avaliação ou pesquisa técnica de algum formando de academia especializado.

Tendo uma opção que é o contrato especial de trabalho, e depende das posições dos aplicadores de cursos, MTE Ministerio de Trabalho e Emprego e protetores de direitos que atuam junto a impedir o trabalho infantil, só que estamos tratando de adolescentes que tem a proteção de uma lei trabalhista e a opção de continuar os estudos e sem esse acesso podem optar por caminhos cuja a experiência demosntra problemas futuro a propria sociedade.

Sabendo que os empresarios dentro da otica do Decreto lei 5.598/2005 art 15 tem a opção de não ter este adolescente em seu ambiente de trabalho, mas podendo encaminha-los ao aplicador de curso que responde pelas aulas prática e teórica, e sem onus alem do que é regido em lei.

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