Brasília Sem Fronteiras - somos todos cidadãos mundiais

"(...) Partir!
Nunca voltarei,
nunca voltarei porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro.
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia."
Álvaro de Campos

  Essa talvez seja a mágica das viagens, tem um quê de transformação da alma, a expectativa excitante do novo, certa ansiedade em explorar o desconhecido. Álvaro de Campos, no citado trecho de seu poema Marinetti acadêmico, traduziu exatamente esses sentimentos que, lembro-me bem de ter sentindo no dia 24 de novembro de 2013, quando aterrissava no aeroporto internacional de Brasília depois de uma temporada incrível na capital dos EUA, proporcionada á mim e a 125 outras pessoas, que agora são grandes amigos, pelo programa Brasília sem Fronteiras do Governo do Distrito Federal.
  Confesso que até ter tido a oportunidade de conhecer outro país, não tinha a noção da importância de me desapegar dos meus preconceitos, a curiosidade e a coragem de conhecer o novo e principalmente, da necessidade de aprender outro idioma. Estudei durante sete anos no Centro Interescolar de Línguas de Brasília, e por vezes quis desistir, mas com um pouco de determinação e muito incentivo dos meus pais, cheguei ao meu ultimo semestre do curso de inglês e tive a incrível surpresa de ser aprovada no processo seletivo do Brasília sem fronteiras, e viajar para Washington,DC para realizar um curso de Inovação e Imersão em História e Cultura Americana na Georgetown University.
  As quatro semanas que passei lá não poderiam ter sido melhores, todas as tardes tínhamos aulas de inovação onde fomos incentivados a criar um plano de urbanização de uma cidade, fazer o requerimento para ingressar em uma universidade americana e simular uma entrevista, criar uma invenção, entre outras coisas. Tivemos incríveis palestras, com representantes da NASA, com professores da academia naval sobre STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), sobre economia, empreendedorismo, política, etc. Conhecemos os mais importantes memoriais, monumentos e museus, como o air and space museum, natural history museum, newseum, Arlington national cemetery, DC war memorial, Lincoln memorial, U.S. holocaust memorial museum, Washington memorial e outros.
  Mas as coisas mais importantes que eu aprendi não estavam expostas em nenhum museu nem foram ditas em nenhuma palestra, aprendi a ser mais independente, a cuidar de mim mesma, a ter mais paciência e simpatia com as pessoas com quem convivo, a não ter preconceitos, a me manter calma todas as vezes que alguém falava comigo em espanhol quando eu falava que era brasileira e explicar pacientemente que no Brasil falamos português não espanhol nem “brasileiro”, a ir para o McDonalds todas as quartas quando eles queriam que a gente comesse burritos e o valor e amor que eu tenho pela cidade que eu moro e as pessoas que aqui habitam. Conheci pessoas “awesome” (como era habito falarem lá), visitei lugares espetaculares (inclusive dei uma passadinha em New York), aprendi muito.
  Não tenho duvidas que esses momentos, essas lições, essas pessoas, esses lugares, eu nunca esquecerei. Sei que sou extremamente privilegiada por aos meus dezenove anos conhecer sete países diferentes além do meu, e tenho como missão particular espalhar o vírus do viajante, porque conheço a importância de conhecer outras culturas, outros povos, outras línguas, acredito que faz parte do crescimento e do conhecimento pessoal essas experiências, por fim, me aproprio das palavras de St. Agostinho para dizer-lhes o que é viajar, “é avançar! Experimentais isso em ti, que nunca te satisfaças com aquilo que és, para que sejas um dia aquilo que ainda não és. Avança sempre! Não fiques parado no caminho.” 
 

Comments

imagem de Denise Gisele de Britto Damasco

Você é uma cidadã do mundo

Seu relato é emocionante Larissa!

Entendo o quanto esta vivência de quatro semanas foi importante em seu percurso de estudante e de cidadã. Quando estudamos idiomas ultrapassamos fronteiras pessoais e físicas.

Sim, ao longo de minha jornada como professora de línguas sempre pude acompanhar estudantes que por vezes tinham a intençao de desistir e que continuam nos estudos de línguas com a abertura para o mundo e para a sociedade. O prêmio veio para você e para outros tantos que partirão em 2014 nesta mesma experiencia de imersao no exterior.

Parabéns por recomeçar outro idioma. Daqui a pouco, vejo você indo para a França em outra bolsa de estudos.

Bravo!

 

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imagem de matheus victor

très bien madame Larissa! :D

très bien madame Larissa! :D kkkkk pelo jeito que você escreve da pra entender porque gosta de humanas!

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imagem de Larissa Sandes Rodrigues

Merci

Merci monsieur Ma... Zagot. We, J'adore les sciences humaines. (Certamente bem melhor do que fazer programação ou cálculos) u.u Hahaha'  

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