Artigo sobre uma visão interdisciplinar da África

 

Por: Ana Paola, Antônio Carlos Paz de Sousa, Cassia de Oliveira Hiragi, Laurice, Patrícia e Renata - CEM 02 da Ceilândia  Noturno -

A maioria das pessoas conhece a África pela sua extrema pobreza e miséria, porém poucos sabem o porquê disso. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), dos países considerados com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixo, muitos são africanos. Essa situação foi causada, principalmente, pela exploração colonial e imperialista ocorrida nesses países. Considerada o berço da humanidade, esse continente possui uma das maiores diversidade cultural do planeta e vive em sua história, recentes inúmeros conflitos políticos e uma grave crise social e econômica. Por todas essas questões e muito mais a explorar, nota-se que o ensino do continente africano pode ser contextualizado em várias disciplinas, junto aos seus conteúdos programáticos. Encaixa-se, perfeitamente, como eixo norteador para diversas disciplinas como a Biologia, a Geografia, a História, o espanhol e a Língua Portuguesa. Tornando o conhecimento do “mundo africano” mais dinâmico, mais didático, atraindo olhares dos alunos para sua história.
A ideia de que a espécie humana pode ser dividida em raças está cada vez mais obsoleta. No Brasil, Sergio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, em conjunto com uma série de pesquisadores, publicou dezenas de artigos científicos na área. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, estudos na área de genética têm evidenciado a inexistência de raças biológicas. É importante mostrar aos estudantes a semelhança na constituição genética entre indivíduos de diversas etnias e reforçar que a pequena quantidade de genes diferentes não justifica a classificação da sociedade em raças e que essas informações hereditárias estão ligadas à adaptação aos diferentes ambientes. Portanto conceitos na área de genética e evolução serão trabalhados para ressaltar a importância do combate ao racismo, já que o conceito de raça tem sido usado para justificar discriminação, exploração e atrocidades com pessoas de determinadas etnias.
O estudo do continente africano é muito importante não só para o entendimento da população, do desenvolvimento e da cultura africana, mas também para a compreensão da situação atual do Brasil. A África traz uma série de reflexões sobre a questão da miscigenação do povo brasileiro e também étnica e social em nossa escola, em particular dos nossos alunos. Esse continente está voltado para as nossas raízes e através do resgate da cultura e da história da África é abordada essencialmente a questão da escravidão. Trazidos forçadamente para o Brasil, durante o período colonial, quando a mão de obra era principalmente escrava negra, a África compõem física e culturalmente a nossa história, sendo primordial conhecê-la para nos conhecermos enquanto povo.
A riqueza da cultura africana é perceptível em vários aspectos, como por exemplo, na África do Sul onde há um multilingüismo sendo reconhecidas onze línguas nacionais e duas línguas estrangeiras, o inglês e o africânder (língua dos descendentes dos colonos holandeses). Apesar da existência do multilingüismo, verifica-se que a juventude dos centros urbanos tende a utilizar cada vez mais o inglês, enquanto a juventude das zonas rurais preserva o uso das línguas das etnias que compõem o país. Isso se deve ao acesso que a juventude dos centros urbanos tem à cultura anglófona. É importante elucidar aspectos fundamentais da história da língua inglesa no continente africano, enfatizando as relações de poder que se configuram a partir da valorização da língua inglesa e da consequente depreciação das línguas nacionais naqueles países. Dessa forma, os alunos compreendem criticamente a relação problemática que se estabelece entre as línguas africanas autóctones e a língua inglesa nas colônias e nos protetorados britânicos.
A África não pode ser considerada a partir de apenas uma face da história, afinal nenhuma boa história tem apenas um lado. A partir dos conhecimentos adquiridos por diferentes abordagens a respeito do tema, é possível observar como o imaginário da sociedade está repleto de preconceitos, como o de que a região apenas apresenta pobreza e miséria, entretanto a África é rica (culturalmente, socialmente) e tem muito a oferecer. Vale ressaltar que, idéias distorcidas acabam reforçando o preconceito social e a desvalorização cultural. 
As propostas de estratégias de ensino-aprendizagem para este tema são: trabalho com textos para conhecimento, inclusive textos na língua inglesa e espanhola, a partir do qual serão feitas discussões com base nos eixos transversais (educação para a diversidade e educação em e para os direitos humanos) e culturais (ancestralidade, religiosidade, estilos de vida, música e literatura). E como estratégias de avaliação para aprendizagem serão utilizadas os seguintes recursos: estudos dirigidos, parágrafos dissertativos, seminários e apresentações culturais com a duração de um semestre e culminância no dia vinte de novembro, data que é comemorado o dia Nacional da Consciência Negra.