A força da internet para assegurar direitos coletivos

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CLÁUDIO DUARTE
Estudar novas formas de mobilizar os consumidores em prol da defesa de seus direitos tem sido uma preocupação mundial da Consumers International (CI) — entidade que congrega 240 associações, de 120 países. Na Assembleia Mundial da Civicus (ONG que trata da aliança mundial pela participação cidadã), realizada na semana passada, em Montreal, no Canadá, Luke Upchurch, diretor de Comunicação e Assuntos Externos da CI, levantou a necessidade de se refletir sobre como atingir grupos de consumidores, em uma sociedade jovem e em mudança, para se mobilizem, inclusive, em direção a novos padrões de consumo.
“Muitos acreditam que o melhor seria trabalhar mais estreitamente com as empresas, para encontrar soluções comuns em situações nas quais os governos falharam. Outros pensam que a ação direta é a única maneira de enfrentar eficazmente a injustiça social e a política ambiental. Precisamos de criatividade, energia e determinação para forçar a mudança. Um grupo de consumidores do Reino Unido, a Consumers Focus, produziu um excelente guia sobre como as organizações de consumidores podem usar a tecnologia digital para fazer campanha”, escreveu Upchurch, num artigo sobre o encontro, em que perguntava no título se as entidades defesa do consumidor estariam próximas a extinção.
O Brasil está aprendendo
Fulvio Giannella Jr, coordenador-executivo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), responde à provocação feita pelo título do artigo do executivo da CI, com um novo conceito: consumidor-cidadão. Apesar da importância que as redes sociais ganharam nas atividades cotidianas, inclusive na busca por direitos, Giannella destaca que as mídias costumam ser usadas de forma individualista. Caberia às entidades se reinventarem e usarem a tecnologia para educar, mobilizar e até mesmo conseguir novos associados para garantir sua sustentabilidade. O Idec já está neste caminho, diz:
— A missão das entidades vai muito além da resolução de casos individuais, o importante é trabalhar com a conscientização, colocar em debates temas que sequer estão ainda na ordem do dia. Afinal todos nós somos consumidores e o próximo passo é nos tornarmos consumidores-cidadãos. Na web, temos trabalhado com campanhas como a do marco civil da internet, da qualidade de serviços e da etiquetagem veicular. Mas o maior desafio é obter mais do que uma adesão virtual, convencer esse internauta da importância daquela causa e do impacto não apenas na vida dele mas da coletividade, do comprometimento.
Para o presidente e fundador do Comitê para Democratização da Informática (CDI), Rodrigo Baggio, os movimentos em defesa dos direitos do consumidor podem se beneficiar muito mais se intensificarem o uso das redes sociais. Para Baggio, a Primavera Árabe — a onda de manifestações e protestos que ocorreu no Oriente Médio — é um exemplo “genial” do poder dos indivíduos conectados:
— Iniciativas como essas inspiram o grande potencial que temos para consolidar a e-democracy (democracia pela internet).
Segundo Baggio, iniciativas de mobilização brasileiras pela internet, como o Veta Dilma, o Marco Civil da Internet, o Ficha Limpa e as consultas públicas para aprovação de regulamentações mostram que o país está aprendendo, dando os primeiros passos para mobilizar-se por meio da internet.
— Esta mobilização vai nos levar a uma nova sociedade, a uma democracia muito mais participativa, tendo em vista que os brasileiros estão entre os maiores usuários de internet no mundo e têm espírito empreendedor — ressalta.

Comments

imagem de MARIA CRISTINA TAFAKGI

A internet pode ser um importante instrumento de mobilização.

O artigo aponta a internet como um caminho importante para a mobilização e conscientização.

Seria importante convencer cada vez mais pessoas a  se responsailizar, divulgar e  participar.

Campanhas feitas pela internet vem crescendo bastante, será que é possível usar mais as redes para questões coletivas?

Voce participa de abaixo-assinados, divulga campanhas, etc? 

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imagem de rayanne medeiros

Vejo a internet como uma

Vejo a internet como uma ferramenta.O modo como utilizamos ela é o que vai dizer se ela ajuda ou não.

Tendo em base que ela é de grande ajuda, vemos as notícias de qualquer lugar do mundo com a maior velocidade possível e podemos fazer muito mais do que imaginamos para ajudar. Os abaixo-assinados é um entre vários exemplos.

Mas não podemos nos limitar ao computador (apesar de poder nos organizarmos melhor), é preciso participarmos ativamente, militando, ajudando ao próximo e mais. 

Assim contribuimos muito mais, não? 

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imagem de Jaquelinne Alcantara Soares

Mobilização on-line.

Devemos usar estratégias que mobilizem a todos a participarem destes eventos na internet, aqueles que trazem reflexão e diálogo sobre assuntos que afligem a humanidade ou até algo menor que incomoda a comunidades. A internet é uma ferramenta muito utilizada hoje dia em dia, então já que estamos em rede com todo o mundo e de forma rápida, torna-se mais fácil essa mobilização em prol de causas nobres.

O quê pensam sobre isso?

Por exemplo, ao receberem algum e-mail sobre um abaixo-assinado vocês tomam qual atitude?

Outro exemplo, o quê costumam postar no Face que interessa a um grupo grande de pessoas e constrói estratégias para que a sua comunidade e por consequência o mundo se torne um lugar mais justo para se viver com dignidade e respeito ao próximo?

Aguardando o diálogo, vamos lá! Exponham tudo, sem medo, este é um espaço de reflexão e não de julgamentos de certo ou errado!! A verdade não é uma, ela varia dependendo do ponto de vista de quem a vê.

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