TRABALHO E CULTURA

(Caderno IV página 26)

Integrar trabalho, ciência, tecnologia  e cultura no contexto da complexidade contemporânea conforme prevê o Art. 13 da LDB  é uma necessidade e um desafio que não pode ser levado com pouco empenho.

A mudança de época pela qual está passando a sociedade contemporânea implica reconhecer a evolução descrita por Van Gogh e que hoje é potencializada pelas tecnologias  e exige compreender que  “Não  é suficiente transformar o mundo. Isso nós fazemos de qualquer modo. E, além do mais, isso acontece até mesmo sem a nossa ação. Nós temos também que interpretar esta transformação. E, na verdade, para modificá-la, a fim de que o mundo não continue a mudar sem nós e não se transforme, afinal, em um mundo sem nós” (Günther Anders).
A matriz curricular transdisciplinar que a comunidade escolar é desafiada a escolher precisa levar em conta que  “A vida humana é um processo constante de interferência no mundo que se dá por intermédio de uma ação a qual, diferentemente daquela realizada pelos demais animais, altera de forma consciente o mundo — uma ação, portanto, transformadora consciente. Diferenciamo-nos dos outros animais pela nossa capacidade de agir, não apenas instintivamente ou por reflexo, mas intencionalmente, em busca de uma mudança no ambiente que nos favoreça. Cortella (2011, p. 37,).
O trabalho, entendido desde a compreensão que a filosofia tem desta ação humana é o principal elemento produtor de cultura e, portanto, somente ao ser humano é dado trabalhar, uma vez que somente ele, por sua ação transforma a realidade. Neste sentido o trabalho é o instrumento por excelência de intervenção do ser humano sobre o mundo e de sua apropriação.
A revolução tecnológica que se desenvolve na atualidade não se limita às transformações físicas que o trabalho pode provocar, mas também permite a construção de outra realidade social.  Deste modo o que se ensina e se aprende não pode mais se constituir de procedimentos abstratos sem historicidade e sem sentido social.
A interdisciplinaridade, como prerrogativa para a produção e organização
do conhecimento escolar, é a reconstituição da totalidade pela relação entre os conceitos originados a partir de distintos recortes da realidade, isto é, dos diversos campos da ciência representados em disciplinas.
Esta constatação faz entender os desafios pelos quais passa a educação na atualidade e que pede da comunidade escolar resposta novas para desafios novos.