Tirinha: sobre as "roupas" das mulheres

 

Quando aparece uma mulher de vestido curto dá pra ver o preconceito, machismo, hipocrisia...

Até quando as mulheres serão reféns das suas escolhas? Quando serão protagonistas das suas próprias vidas? A roupa define o caráter de uma pessoa? E o modo de andar, de falar, pensar... O que você pensa sobre isso? O que veio à sua mente quando leu a tirinha? Dialogue com a gente!

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imagem de Margareth soares Abtibol

roupa das mulheres

Os seres humanos são seres complexos demais, obvio. São influenciados por uma série de dimensões  - social, cultural, economica, hostórica, jurídica, psiquica etc, etc - que, um pouco aqui, um pouco ali (ou um muito), vão constituindo cada um. Por sermos tão complexos e diversos, acredito que o minimo de parametro do que é aceitavel na sociedade, na cultura, num dado momento histórico, dentro das leis de determinado lugar são essenciais para a convivencia harmoniosa das sociedades. 

Sobre o texto em debate, pergunto: por que as mulheres precisam expor seus corpos? Vestir-se de forma escandalosa (lembrei-me da universitária Geyse) é assumir o direito de ser mulher livre? (um dos objetivos do feminismo)

Recentemente, foi realizada uma pesquisa na Universidade de Princeton, coordenada pela psicologa Susan Fiske, na qual uma das respostas foi que todos os homens  tendem a pensar nas mulheres como objetos – especilamente quando elas estão com pouca roupa. O experimento usou máquinas de ressonância magnética para mostrar que os circuitos cerebrais ativados nos homens durante a observação de um corpo feminino sensual desprovido de identidade são os mesmos que os permitem de reconhecer uma ferramenta, um objeto inanimado. O que dizer disto? Queremos ser vistas como objetos? Como um martelo ou uma chave de fenda?

Percebo uma confusão entre os movimentos feministas e a libertinagem (uso da liberdade sem o bom senso) no modo de vestir. A representação da mulher (que acaba ficando) é a que a midia "sugere" . As  filosofias e ideais dos movimentos feministas se silenciam de algum modo. Alguns discursos (e ações) mal interpretados podem colaborar para a exibição de corpos nus de  meninas nas redes sociais, em seus albuns "particulares" que circulam na web. Termino com a pergunta: qual é a medida da liberdade?

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imagem de Lucas Neves Coimbra

vestidos

Olá Margareth. Vamos conversando...

No primeiro parágrafo da sua resposta você disse bem, e concordo com você. Haja complexidade!

Acredito que vestir-se como quiser é sim uma das maneiras de assumir seu direito de ser livre. Usar vestido curto não é expor o corpo/ser escandalosa ou reiterar a visão da mulher como objeto. Penso que o movimento feminista luta para questionar e mudar a realidade dessa sociedade machista que vivemos. Por causa dessas consequências do patriarcado hoje infelizmente vemos, todos os dias, casos em que uma roupa curta serve como desculpa para um estupro, ou centenas de casos de agressões físicas, morais e verbais simplesmente pela forma como a mulher se veste.

Em relação a essa pesquisa que você mencionou, não sei o que comentar... Não sei quais foram os métodos, critérios e argumentos pro desenvolvimento da pesquisa, mas de qualquer forma não me convence. Falar que todos os homens tendem a pensar de uma determinada forma, na minha opinião, não ajuda nada. A luta das mulheres é justamente pra ter autonomia, liberdade e como a Aline disse na postagem: para que elas sejam protagonistas de suas histórias. Quando você coloca essa pesquisa em seu argumento me parece que ainda estamos em um patamar onde a referência continua sendo sempre a figura masculina... Oras, se os homens pensam assim, eles estão errados. Vamos batalhar para que eles mudem, não são as mulheres que tem que se vestir do jeito que o homem acha que deve ser. Além do mais isso é um condicionamento cultural -aparentemente inofensivo- que permite a existência de uma lógica onde as mulheres são divididas entre as que merecem respeito e as que podem ser desrespeitadas física, moral ou emocionalmente.

Discordo que os movimentos feministas se silenciam. Acredito que estamos vivendo um momento de muita luta, muita discussão e muito crescimento nesse aspecto. Vamos lutar contra essa mídia então, ué! Ela sim silencia essas discussões. Pra responder essa última pergunta eu viajaria horas e horas em pensamentos... mas uma pista tenho claro em minha mente. Com certeza a medida da liberdade passa pelo fato de que as pessoas são livres para se vestir e se portar como bem entenderem, e que tais escolhas não sirvam nunca de justificativa à prática de nenhum tipo de violência.

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imagem de Margareth soares Abtibol

vestidos

Olá Lukete, graças por tua contestação. Não vou responder a pontos especificos de tua reflexão pois argumentas a partir de minhas opiniões (e estas já estão postas) e, por outro lado, minha intenção não é o convencimento, portanto não apresentarei outros argumentos. 

No entanto, gostaria de expor minha profunda admiração pelos movimentos sociais, no qual tenho participado por alguns anos e com certeza nestes tenho lutado não só em relação a midia que está ai como também outros temas tais como educação e escola pública de qualidade, direitos sociais básicos etc.

Para concluir, gostaria que voce discoresse um pouco mais sobre um techo do tua resposta: "a medida da liberdade passa pelo fato de que as pessoas são livres para se vestir e se portar como bem entenderem". Em que fundamentas este posicionamento, fiquei curiosa. Abraços.

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imagem de dalva ribeiro vieira

Preconceito

Por que estamos sempre preocupados com o outro? Por que nos incomoda o modo como ele se veste? Como usa o cabelo? Como fala?, etc.. Por que a difrença nos incomoda tanto? São algumas questões que, na minha modesta opinião, necessitam serem feitas mais vezes pela sociedade na qual estamos inseridos. E o que mais me assusta é que tais coisas, hoje em dia, chocam muito mais do que assassinatos, roubos, toda  espécie de crimes e falta de caráter. Não deveríamos estar mais preocupados com isso do que com o tamanho da roupa de alguém?

É meio contraditório que as mulheres ainda tenham que ficar dando justificativas para o modo como se vestem e é uma pena que ainda sejam criticadas quando não se enquadram nos padrões dos puritanos de plantão. Possivelmente, uma roupa curta chame mais atenção à primeira vista e que até aconteça o que a Margareth relatou em relação ao comportamento dos homens, demonstrado pela pesquisa. Mas e daí? Pra mim, a primeira impressão não é a que fica! Não meço caráter pela roupa que a pessoa usa. Afinal, quantos bandid@s estão por trás dos ternos importados, com quase nenhuma parte do corpo exposta? Do mesmo modo que pessoas idôneas podem estar vestidas com trajes extremamente curtos. E o vice-versa serve para os dois casos.

Outra coisa é: por que as mulheres que vestem curto devem se importar com o que os homens pensam delas? Que pensem o que quiserem pensar. É um direito deles, mas isso não muda o caráter de ninguém. Acredito que toda mulher, vestindo curto ou longo, exibindo ou não seu corpo, deve se preocupar é em ser honesta, ser solidária, fazer o bem sempre que puder, ser leal com os outros, mas, principalmente consigo mesma.

Vivemos em uma sociedade tão preconceituosa em que, primeiro, se avalia a cor da pele, a opção sexual, a conta bancária, o figurino, etc. para só depois se  pensar em valores, em caráter. Aliás, para muitos, caráter é uma das coisas que menos importa. Imagine só se fôssemos nos preocupar em nos adequar aos padrões dessas pessoas!

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imagem de Regiane de S. Souto

Vestir, eis a questão

Fato Dalva. 

Impressiona-me como as pessoas em geral destinam tanto tempo em questionar a vestimenta das pessoas e depois saem dizendo que valorizam o livre arbítrio das mesmas.Verdadeiramente as pessoas deveriam ser livres (não uma falsa liberdade) para vestirem o que quiserem; vestidos curtos, etc. Julgar (negativamente e apesar de acontecer) as pessoas pelo que vestem, não é prestar  um serviço a sociedade ou instituição, isso é hipocrisia de pessoas que não presam a liberdade do outro e o pior dizem e repetem que eles estão certos.

Acredito que as pessoas que vestem o que gostam, da forma que querem, que enfrentam essa sociedade preconceituosa, são pessoas na minha modesta opinião que deveriam ser aplaudidas e não vaiadas. Digo isso aqui, pois penso que elas estão fazendo valer a liberdade de expressão, expressando o que elas acreditam, e mostrando que elas estão bem consigo mesmas. "Coitados"  daqueles que destinam seu tempo, e usam sua liberdade para desmoralisar e perseguir outras pessoas em vez de fazer o que gosta.

Acredito que as pessoas não devam aceitar tudo, elas estão no seu direito, entretanto há uma diferença enorme entre não aceitar e não respeitar. Se não quer aceitar algo, poxa, não aceite, mas isso não quer dizer que não se deva respeitar, afinal de contas um dia esse sujeito pode está na mesma situação.

 

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imagem de Aline Ferreira

Para continuar debate - vestidos

Ei pessoal!

Para dar mais alguns elementos ao debate... Li um texto semana passada que se chama '"Deixa de conversa mole Luzia" ou com quantas coerções se constrói uma mulher?' que problematiza um pouco essas questões que estamos discutindo. O controle e a posse do corpo feminino são naturalizados em propagandas, ditados e a violência, seja ela de qual natureza for, deixa de ser veiculada como tal. Em um trecho do texto a autora publicou alguns dados que me deixaram sem palavras, completamente chocada: "Em pesquisa realizada por Machado (apud Minayo, 2005) todos os homens que cometeram estupro e que foram entrevistados por ela confessaram que, no fundo, a mulher queria ser violentada" (p.15).

Isso mesmo! Por considerar que a mulher está se exibindo ("usando roupas curtas", "dando olhares que insinuam" e etc...) TODOS os entrevistados se isentaram da culpa, já que "no fundo, a mulher queria ser violentada". Um verdadeiro absurdo!

Concordo plenamente com o Lukete: "Vamos batalhar para que eles, (os homens, mudem seus pensamentos e ações machistas, violentas), não são as mulheres que tem que se vestir do jeito que o homem acha que deve ser."

Abraços,

Aline

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