Presente distante

//www.noticiasdeitauna.com.br/wp-content/uploads/2013/01/livro.jpgPor Marcos Tavares.

Rio -  O MEC iniciou esta semana, por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o recebimento de pré-inscrições de editoras interessadas em apresentar propostas de livros didáticos digitais para professores e alunos do Ensino Médio das escolas públicas. Os projetos deverão ser entregues ainda este ano. A iniciativa é louvável, mas que chega muito tarde: as obras aprovadas só participarão do dia a dia das escolas em 2015.

A impressão que dá é que as políticas públicas promovidas pelo MEC não dialogam. Ano passado, a pasta anunciou a compra de 600 mil tablets para os professores. Chegariam no segundo semestre. Não chegaram. A previsão agora é para este ano. Se os livros didáticos digitais já estivessem ao alcance dos educadores nestes aparelhos, seria um bom avanço e começo de uma política pública pedagógica com foco nos suportes digitais, crítica que se faz ao ministério pela sua ausência.

De acordo com o PNLD, os livros didáticos digitais têm de ser acessados por diferentes suportes (laptops, desktops, tablets) e sistemas operacionais, sem a necessidade de conexão à internet, após o download. Devem ser acessados na escola e ou em casa e precisam trazer os chamados “objetos educacionais digitais” que, para o MEC, significam “vídeos, imagens, áudios, textos, gráficos, tabelas, tutoriais, aplicações, mapas, jogos educacionais, animações, infográficos, páginas web e outros elementos”.

Com o investimento do MEC, as editoras com certeza vão produzir propostas neste sentido, movimentando o mercado. Há uma grande falta de conteúdo educacional/educativo para tablets e outros suportes. As obras inscritas no PNLD serão avaliadas por comissões de professores de universidades públicas do país. Espera-se que os livros digitais não sejam cópias literais da versão impressa, com a única diferença de estarem num suporte digital. Os chamados ‘objetos educacionais’ têm grandes chances de enriquecer a linguagem dos didáticos.

Mas a pergunta que fica é: os estudantes do Ensino Médio do Oiapoque ao Chuí têm ou terão acesso a suportes digitais para ler os novos formatos de livros ou a “novidade” será apenas para parte dos estudantes dos grandes centros urbanos?

Marcos Tavares é Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia