Mujica: "Não legalizamos a maconha. Regulamos um mercado que já existia"

Em entrevista exclusiva a Zero Hora, o presidente do Uruguai, José Mujica, defende a proposta de regulamentação da produção e do consumo de maconha aprovada pela Câmara dos Deputados e que aguarda votação no Senado.

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imagem de Márcio Kleber Morais Pessoa

Moral x Burocracia

A discussão acerca da regulamentação do uso de algumas drogas perpassa pelos valores sociais e pelo desejo da população de redução da violência, assim, penso que está entre a moral e a burocracia (no sentido da ação do Estado a fim de reduzir as taxas de violência). O sociólogo francês Durkheim disse que a moral é os valores sociais que mantêm os indivíduos unidos, o que os "cola" uns aos outros, assim, a proibição do uso de drogas pode ser considerado um valor social, visto que em geral a sociedade é contra, mantendo-a coesa. Contudo, essa é uma discussão bem mais complicada porque algumas drogas são lícitas e bastante difundidas, tais como: cigarro e álcool. Muitas pessoas não conseguem perceber os interesses da indústria tabagista e de bebidas por trás disso e, principalmente, não conseguem perceber que esses produtos são drogas, pois a palavra droga parece estar diretamente ligada ao imaginário da ilegalidade, do crime. Com isso, a regulamentação do uso da maconha, apesar de carregar bons argumentos para a redução do narcotráfico e de sua violência, ofende os indivíduos que têm a sua proibição como algo bom, certo. Assim, a fim de reduzir as taxas de criminalidade, é necessário que os políticos tomem decisões que contribuam para que sua burocracia desenvolva ações nesse sentido. Os indivíduos são os representados dos políticos e podem se sentir traídos por essa atitude, mas as pessoas comuns não são especialistas em criminalidade, não sabem os meios mais eficazes para a redução da violência, é necessário que esse tipo de decisão seja embasada por estudos de especialistas ou por experiências exitosas ao redor do mundo. Alguns países já passaram por essa experiência; houve sucessos e fracassos, é necessário tirar a lição deles para tomar decisões conscientes e corajosas para garantir a atuação eficaz do Estado contra a violência, visto que a forma de combate ao narcotráfico atualmente não vem apresentando resultados positivos.

 

abraços.

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