Mobilidade urbana x Transporte individual

Uma política diferente de mobilidade deveria reduzir os benefícios e subsídios ao transporte individual, garantir espaço nas vias públicas para que as formas não motorizadas e o transporte público tenham qualidade, segurança e prioridade na circulação, e incentivar novas formas de ocupação e desenvolvimento urbano

As maiores cidades brasileiras, assim como muitas grandes cidades de países em desenvolvimento, foram adaptadas, nas últimas décadas, para o uso eficiente do automóvel, o que correspondeu a um projeto de privatização da mobilidade, fortemente associada aos interesses das classes médias formadas no processo de acumulação capitalista. Vários esquemas de financiamento e incentivo mercadológico promoveram grande ampliação da frota de automóveis no Brasil e, mais recentemente, da frota de motocicletas, neste caso atendendo a um público mais jovem e novos grupos em ascensão social e econômica.

Recentemente, o movimento de Passe Livre organizado em São Paulo representa bem essa situação. Com o objetivo de levar cerca de duas mil pessoas ao centro da cidade de São Paulo, manifestantes reinvidicam passe livre para estudantes de São Paulo e redução da tarifa abusa do atual transporte público. Os protestos ocorreram após a prefeitura e o governo do estado aumentarem as passagens de três reais (R$3) para três reais e vinte centavos (R$3,20) no dia 1º deste mês. Valores esses já, excessivamente altos. O movimento promete manter os protestos enquanto a tarifa não for revista.

 

Veja, abaixo, trecho do comunicado do movimento:

Todo aumento é uma injustiça! Cada vez que a tarifa sobe, aumenta também o número de pessoas excluídas do sistema de transporte - em 2010, já eram 37 milhões de brasileiros que deixavam de usar o ônibus todo dia por não ter dinheiro. E não ter acesso ao transporte significa não ter acesso à cidade: dependemos da condução para ir e voltar do trabalho, escolas, hospitais, visitar amigos, etc.

 

O sistema de transporte público brasileiro foi crescentemente negligenciado, em uma pedagogia negativa para afastar a sociedade do seu uso como principal forma de transporte motorizado. O transporte público, apesar de alguns investimentos importantes em locais específicos, permaneceu insuficiente e de baixa qualidade e tem experimentado crises financeiras cíclicas, ligadas principalmente à incompatibilidade entre custos, gratuidades, tarifas e receitas, bem como às deficiências na gestão e na operação. Adicionalmente, ele experimentou um declínio na sua importância, eficiência e confiabilidade junto ao público, passando a ser visto como um “mal necessário” para aqueles que não podem dispor do automóvel ou da motocicleta. http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1181

Comments

imagem de João Carlos Moraes Perdigão

Pesado

Esperta é a PBH que só aumenta a tarifa de ônibus entre o Natal e Reveillon, aquele clima de paz, felicidade e barriga cheia!!

 

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