A internet como ferramenta de mobilização política das juventudes

Descontentes com as instituições políticas tradicionais, os jovens brasileiros consolidaram a Internet como instrumento alternativo para mobilização social, mostra pesquisa feita pelo Datafolha em parceira com a agência de publicidade Box. Para 71% dos entrevistados, é possível fazer política usando a rede sem intermediários, como os partidos.

O dado, segundo especialistas ouvidos pela Folha, revela um esgotamento do modelo tradicional de mobilização e impõe um desafio aos que pretendem assumir a representação dos jovens.A pesquisa compreendeu uma fase qualitativa, a que se seguiu um painel quantitativo. Neste, foram entrevistados 1.200 jovens com idade entre 18 e 24 anos, em cidades de quatro regiões do país.


 

Internet desintermedia a discussão política

O sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirma que “a juventude se comunica diretamente”. “Ela salta instituições. É preciso uma liderança que faça a ponte entre a sociedade e a necessidade de organização institucional”, disse à Folha.Exemplos desse “salto” ficaram frequentes no noticiário dos últimos meses.No Egito, por exemplo, a imagem da praça Tahrir tomada por manifestantes organizados pela Internet tornou-se símbolo da queda do ex-presidente Hosni Mubarak. No Brasil, em proporção ainda reduzida, o poder de mobilização das redes sociais também já aparece.

Por fora dos partidos e das organizações tradicionais da juventude, organizaram-se protestos como as marchas da Maconha e da Liberdade, assim como o Churrascão da Gente Diferenciada, contra moradores de Higienópolis, na capital paulista, que fizeram oposição à construção de uma estação de metrô. Para o professor de filosofia da USP Vladimir Safatle, são eventos que apontam para um momento de transição.“A forma partidária chegou a um esgotamento e as demandas vão se expressar de uma nova forma. Há, no entanto, uma questão em aberto, que diz respeito a como a sociedade vai se organizar a partir daí”, diz.

Marco Magri, um dos coordenadores da Marcha da Maconha e ativista de outros movimentos organizados pela rede, reconhece a “falência” do que chama de “política institucional”. “O descontentamento com esse modelo se reflete no tamanho das mobilizações que anônimos conseguem promover.”“Essa política tradicional está fadada a perder espaço. E a nós caberá o desafio de levar aqueles que se mobilizam na internet às ruas, que é o que provoca algum resultado”, avalia. 

 

DATAFOLHA: Pesquisa aponta que 71% dos jovens brasileiros avaliam internet como ferramenta política

O dia-a-dia dos conflitos internacionais, organização de marchas no centro de São Paulo, organização e reformulação política debatidos em sites de relacionamento. São vários os exemplos de informações cada vez mais acessíveis por meio da Internet. A plataforma que ganha cada vez mais usuários é avaliada por 71% dos jovens brasileiros como instrumento alternativo de mobilização social, segundo pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, em parceria com a agência de publicidade Box.

A migração do debate para as mídias virtuais, de acordo com os 1.200 jovens, entre 18 e 24 anos ouvidos pela pesquisa, vem da repetição e padronização dos meios convencionais de comunicação ao tratar o noticiário – principalmente o político.

 

Você concorda com a reportagem? Já fez política pela internet? Lembra daquela denuncia contra corrupção que seus amigos postaram nas redes sociais? Então, será que isso é fazer política? E aquela denuncia contra a homofobia que você viu postarem no facebook, também seria fazer política? Vai... comenta aí! Vamos dialogar!

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