Editora Kitabu - o lugar da expressão africana

Até algum tempo atrás, obras de autores africanos e com protagonistas negros eram incomuns de circular nas escolas. Hoje, graças ao esforço dos movimentos de consciência negra e com a obrigatoriedade de ensino da cultura africana e afrodescendente nas instituições de ensino pela Lei Federal 10.639/03. Aí entra a editora Kitabu, fonte de conhecimento sobre literatura e cultura africana com diversos títulos de áreas distintas.

Com o objetivo de reunir essas obras publicadas sob os mais variados selos das grandes editoras, este espaço concentra um grande acervo material sobre a cultura afro no Brasil e nos atualiza cada vez mais sobre a produção cultural em África. Localizada na Rua Joaquim Silva 17, Centro do RJ, fica aberta de segunda a sexta das 11:00 às 19:00hs e Sábado de 11:00 às 14:00hs.

Acesse o blog para verificar os títulos disponíveis: http://kitabulivraria.wordpress.com/ 

Resenha Gangsta RAP - Benjamim Zephaniah, Editora Cia das Letras

O pai bebe e passa o tempo todo gritando com a mãe que, por sua vez, revida aos berros. A irmã mais nova ouve uma música irritante. Dentro de casa, ninguém se entende. Na escola, os melhores amigos já foram expulsos, a matéria é chata, os professores não dizem nada que se pareça com a realidade em que ele vive. E, por analogia ao que vê em casa, discute com um professor e ganha a expulsão e as ruas. Tudo o que ele quer é ouvir hip hop e fazer suas próprias rimas em paz. Como fazer uma história assim dar certo?

Até certo ponto, você deve ter pensado tratar-se de um adolescente brasileiro. Mas a sexta frase levou você direto para um gueto americano qualquer. Errei? Pois quem errou foi você. Estou falando de um guri negro de 15 anos chamado Ray, morador do East End Londrino, o protagonista do último romance escrito pelo inglês Benjamim Zephaniah. O autor, ainda pouco conhecido dos leitores brasileiros, porém manjadíssimo dos ingleses, é um artista na maior concepção da palavra.

Em Gangsta Rap, Zephaniah, um artista negro rastafari, usa a sua própria experiência de vida para descrever uma realidade que pouca gente associa à Inglaterra. Um cenário de discriminação racial entre ingleses de etnias e bairros diferentes, sob o pano de fundo do estereótipo da delinqüência juvenil e no ritmo da batida do rap. Com uma linguagem muito próxima da que se usa nas ruas e uma trama envolvente, BZ cativa o leitor até a última frase. Ora surpreende, ora choca, diverte e emociona quem acompanha a saga dos três meninos da periferia salvos da marginalidade graças a um projeto educacional que aproveita seus talentos artísticos para mantê-los estudando. Mas esse é apenas o começo da história. Briga de gangues e um retrato emocionante e, por vezes, realista dos bastidores da indústria pop ajudam a tornar esse romance uma promessa de sucesso.

Cabe ainda ressaltar a sensibilidade do tradutor, trazendo com naturalidade para a língua portuguesa a linguagem jovial e pouco convencional das ruas londrinas, e a elegância do autor que, apesar de dirigir seu trabalho para a moçada, em nenhum momento apelou para temas corriqueiros como drogas e sexo para prender a atenção dos leitores. Mesmo as mensagens mais pacíficas e edificantes foram passadas sem pieguice. Um livro para adolescentes que muitos pais e professores deveriam ler.

 

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imagem de Felipe Gonçalves Figueira

Oi Samantha!Acabei de postar

Oi Samantha!Acabei de postar na comunidade somos todas as cores aqui do portal esse material sobre a violência contra a juventude negra:

 

http://www.brasildefato.com.br/node/12267beijo

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