Com uma boa auto-estima tudo se aprende

COM UMA BOA AUTOESTIMA TUDO SE APRENDE
Corpo Docente -  Ensino Médio – CEDDAG –Planaltina-DF

1. O REFLEXO DO EDUCANDO NO ESPELHO SOCIOFAMILIAR
Segundo Carl Marx (1818-1883), os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto de suas condições e situações sociais, já que produzem sua existência em grupo.
Émile Durkheim (1858-1917) preconiza que a família, a escola, o sistema judiciário e o estado são exemplos de instituições que congregam os elementos essenciais da sociedade, dando-lhes sustentação e permanência. A força da sociedade está justamente na herança passada por intermédio da educação às gerações futuras. Essa herança são os costumes, as normas e os valores que nossos pais e antepassados deixaram.
Entender uma clientela significa que há muitas diferenças e que é preciso olhar para ela. É muito diferente nascer e viver na periferia, num bairro rico, numa área de migração de nordestinos expostos ao contexto social (carência de infra- estrutura, violência e discriminação) e familiar ( falta de afetividade e valores e sentimento de inferioridade), onde muitas vezes faltam condições básicas. Isto gera em cada individuo uma auto- estima baixa onde não há uma percepção de que o individuo possa ser protagonista de sua própria historia.

2. DE OPRIMIDO A PROTAGONISTA DA PRÓPIA HISTÓRIA
A ideia de que a afetividade e a auto- estima são caminhos para um melhor aprendizado pode ser confirmado no pensamento de Wallon:
“...As emoções são a exteriorização da afetividade (...) Nelas que assentam os exercícios gregários, que são uma forma primitiva de comunhão e comunidade. As relações que elas tomam possíveis afinam seus meios de expressão e fazem deles instrumentos de sociabilidade cada vez mais especializados”. Dessa forma, percebe-se que a escola é o meio socializador, em que a troca de conhecimento proveniente das relações interpessoais conduz as experiências que oportunizam pontos relevantes à afetividade. 
Já para Paulo Freire, a educação no Brasil produz um fetiche social, reproduzindo a desigualdade, a marginalização e a miséria. Ela coloca que o ensinar a não pensar é algo puramente planejado pelos que estão no poder, para que possam ter em suas mãos a maior quantidade possível de oprimidos, que se sentindo como fragilizados, necessitam dos que dominam para sobreviverem. 
Diante dessa premissa, vale ressaltar aqui a necessidade do espaço escolar como meio de práticas pedagógicas que possibilitem ao aluno deixar de ser um mero receptor de informações para ser um agente do conhecimento. Tais práticas devem ser feitas através de planejamento que conduz ao diálogo e a abertura para construção de novos paradigmas e uma realidade mais positiva.
O ponto de partida no processo de aprendizagem é a família, o espaço privado das relações de intimidade e afeto, em que, geralmente, podemos encontrar alguma compreensão e refugio, apesar dos conflitos. É o espaço onde aprendemos a obedecer às regras de convivência, a lidar com a diferença e a diversidade.

3. CAMINHOS A PERCORRER
No decorrer dos anos letivos de uma instituição de ensino, propõe-se uma ação pedagógica visando observações, por parte do corpo docente, os quais com sua sensibilidade podem identificar um grande número de estudantes desmotivados e com baixa autoestima quanto à importância e significação dos seus estudos diante dos seus projetos futuros. Em consonância a esta problemática, pode se iniciar uma estruturação buscando diagnosticar e propor estratégias que venhamincentivar o estudante a valorização dos estudos através de um planejamento coletivo e individualizado de cada componente curricular enfatizando a coesão de um ideal comum, a formação integral do jovem.
O jovem será submetido continuamente a abordagens temáticas nas áreas afins e transversais, sendo que em cada semana um número determinado de disciplinas abordará de forma conceitual e motivacional os conteúdos programáticos.
Em um cronograma pré-estabelecido conforme planejamento semestral/anual, o corpo docente definirá os temas, as estratégias e os conteúdos a serem ministrados em cada série do ensino médio.
A ação pedagógica deverá obedecer a um cronograma semanal por grupo de disciplinas em um semestre aplicado conforme orientação abaixo:
MÊS SEMANA DISCIPLINA TEMA CONTEÚDO ACÕES
1o 1 Conforme horário escolar Família, violência, fome, saúde, bem estar. Conforme os PCN`s e planejamento anual escolar. Diagnóstico
Intelectual e sócio econômico.
(Aplicação de questionáriosde sondagem e relatórios de observação)

4o 1 **Conforme horário escolar (com três ou quatro disciplinas por semana.) A definir coletivamente pelos professores de cada grupo de componentes curriculares da semana. **Conforme os PCN`s e planejamento anual escolar. Uso de TIC`s, dinâmicas, mensagens pictóricas e práticas, trocas de experiências sociais.
 

** Exemplo:
MÊS SEMANA DISCIPLINA TEMA CONTEÚDO ACÕES
1o 1 Conforme horário escolar Família, violência, fome, saúde, bem estar. Conforme os PCN`s e planejamento anual escolar. * Diagnóstico
Intelectual e sócio econômico.
(Aplicação de questionários de sondagem e relatórios de observação)
  
4o 1 Química, Física, Matemática e Biologia Radioatividade e sociedade. * Elementos radioativos (química), Tipos de radiação (Física), notação cientifica aplicada a partícula radioativa (Matemática) e ações da radiação nos seres vivos(biologia) Apresentações de filmes, slides e textos que tragam mensagens motivacionais e abordem o conteúdo.
* Incentivar o aluno a participação oral, escrita e prática.
2 Filosofia, Sociologia, Historia e Geografia Radioativi-dade e sociedade. O papel do individuo na sociedade com as tragédias (sociologia), Pensamentos reflexivos da atividade humana no cuidado com o ambiente (Filosofia), Retratar os fatos históricos desde o conhecimento da existência da radioatividade(história), Aspectos naturais e econômicos que incidem sobre a problemática da radiação
(geografia). Apresentações de filmes, slides e textos que tragam mensagens motivacionais e abordem o conteúdo.
* Incentivar o aluno a participação oral, escrita e prática.
3 Português, Inglês, Espanhol e Artes. Radioativi-dade e sociedade. Metrificação e interpretação do poema Rosa de Hiroxima( Português), Partículas radioativas encontradas em países de línguas estrangeiras e pesquisadores destas origens(Inglês e Espanhol), Representação teatral de acidentes radioativos ocorridos mundialmente, como o do Césio 137 em Goiânia.(Artes). Apresentações de filmes, slides e textos que tragam mensagens motivacionais e abordem o conteúdo.

* Incentivar o aluno a participação oral, escrita e prática.
4 Educação física,      PD`S( I, II e III). Radioativi-dade e sociedade. O efeito da radiação solar na pele através dos raios ultravioletas e suas consequências(Educação Física).
Construção de textos dissertativos acerca da radioatividade(PD`S). Apresentações de filmes, slides e textos que tragam mensagens motivacionais e abordem o conteúdo.
* Incentivar o aluno a participação oral, escrita e prática.

Após, concluídas as etapas descritas no cronograma, os alunos serão submetidos a uma avaliação, onde no mínimo 30% das questões serão formuladas e aplicadas interdisciplinarmente dentro dos temas.
Como complementação no processo avaliativo deverá ser feita uma avaliação de âmbito comportamental, pessoal e social das prerrogativas motivacionais do estudo e dos projetos para o futuro. As análises orientarão a conduta dos profissionais envolvidos para possíveis intervenções e um planejamento coeso com a realidade da instituição.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A transformação passa por mudanças sociais e também educacionais com o repensar na relação professor-aluno-comunidade escolar-gestão escolar.
O aluno protagonista necessita ser notado no ambiente escolar. Ele aprende através do que executa, mas também do que faz por si só. Deve ser visto como multiplicador do conhecimento e, através disso, a escola e a comunidade em conjunto, saem ganhando em vários aspectos.
Para se trabalhar a autoestima do aluno é preciso que haja uma mudança significativa na prática pedagógica dos professores, vislumbrando, primeiramente, o conhecimento do seu publico alvo e o entendimento de que, acima de tudo, a educação não é um caminho de mão dupla somente para o aluno, mas para o próprio professor, que deve ser ensinar e aprender a aprender com o corpo discente de uma escola.
O que se espera do profissional da educaçãoé que seja o grande elo entre a família e escola. Através de sua intermediação nas adversidades que ocorrem no contexto educacional amparando o educando as suas limitações e conflitos internos e externos para sua superação, projetando-o para um futuro com perspectiva.
Dentro do âmbito escolar o acolhimento deve condicioná-lo a um ambiente saudável e propício ao estudo oferecendo a ele oportunidades de reconhecimento e crescimento pessoal, tanto pelo aspecto físico da própria escola quanto pedagógico com projetos e ações pertinentes a necessidade educacional de cada educando.
A educação se constrói com o esforço mútuo e com a sensibilidade às mudanças que a circundam. Participar desse processo é um dever de todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Editora: Paz e Terra ,1987. Rio de Janeiro.
TOMAZI, N. D. Sociologia para o ensino médio. Editora: Saraiva. São Paulo, 2010.
WALLON, H. Uma concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. São Paulo, Ártica, 1986.