Carta ao jovem estudante

Olá jovem estudante!*

Você sabia que me preocupo muito com você? Por vezes me vejo pensando sobre a nossa convivência na escola, e aí me pergunto: por que nossa relação em alguns momentos é tão difícil? Estou percebendo cada vez mais a distância entre nós e sinto a necessidade de uma interação maior.
Nem sempre é fácil encontrar um momento para discutir sobre a nossa relação dentro da escola e mesmo fora dela. Mas, acredito que não podemos mais fugir desta conversa ou deixar para depois. Então, por onde começar?
Percebo que conheço você muito menos do que deveria, mas, o pouco que sei será a base desta nossa conversa.
Sei, por exemplo, de sua curiosidade e desejo de saber das coisas. O simples ato de vir à escola me diz isso, mesmo que seu comportamento, às vezes, fale o contrário. Quero entender melhor os seus desejos, seus medos, seus anseios e aquilo que espera da escola e de mim.
Sei que somos fruto de um meio social, cultural e familiar que cada vez mais cedo cobra e dá responsabilidades. Você está em uma idade de transformações na vida, onde é difícil conciliar  diversões,  namoro, festas, com a realidade de que em breve será adulto, e as responsabilidades aumentam nesse período da vida, de mudar, de crescer, quando ainda se é jovem.
O jovem, na escola, na família, na sociedade, é cada vez mais, protagonista e atuante, um comunicador antenado nas mudanças sociais e tecnológicas, que anseia por elas, pois vive em um mundo cada vez mais globalizado. Você é esse jovem, com suas tribos, seus grupos e redes sociais. Traz a característica de possuir uma energia, capaz de fazer grandes mudanças.
Seria possível trazer essa energia da juventude, suas experiências e saberes para juntos transformarmos a vida da escola? Como faria para usar seus esforços para se tornar mais rico culturalmente? Aceita o desafio do diálogo para que a escola seja um ambiente interessante para todos?
Se aceita, vamos fazer da escola um lugar com significado, onde se ampliam os horizontes, na qual professor e aluno se compreendam e trabalhem pelo mesmo ideal: viver e conviver bem em sociedade.

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* Carta produzida coletivamente por professores Projeto de "Formação de professores tutores do ensino médio", em maio de 2012; oficina coordenada pelo Prof. Paulo Carrano (UFF - Portal EMdiálogo). Curso: "Currículo do Ensino Médio e Juventudes". Parceria UNESCO e SEDUC/Ceará

 

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imagem de Joice Silvana Priebe Halberstadt

Acredito que esta é a

Acredito que esta é a preocupação da maioria dos professores.Mas vale a pergunta...Qual é a perspectiva de futuro do nosso jovem?

 

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imagem de Silvia Gabriela Alves de Albuquerque Queluz

Pedagogia da autonimia

A carta é muito bonita, buscando um diálogo pela via da afetividade - como diria Paulo Freire no livro Pedagogia da Autonomia (O livro tem em PDF -http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/pdf_bib.php?COD_ARQUIVO=17338).

Também ressalto a iniciativa pelo reconhecimento do lugar do estudante, já que este está na escola, em um ser curioso e que busca saberes. Também por assumir o lugar do professor que não sabe muito bem quem é este sujeito que ali se econtra.

Por último a tentativa de buscar juntos uma forma de construir uma escola que atenda as expectativas dos estudantes e também do professor, ressaltando uma característica maravilhosa do jovem, a energia!

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imagem de Rita de Cássia Prates Sgulmero

A Carta

Conciliar trabalho e estudos é uma dificuldade e, por isso, o abandono dos estudos para trabalhar é uma prática comum entre os jovens de baixa renda . Assim, essa população vê suas possibilidades de desenvolvimento de carreira limitadas diante de tantas exigências e demandas por qualificação. Rita Prates

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imagem de Sueli Maria de Lourdes Sbalqueiro Ortolan

Gerar frustrações.

A carta está muito bem escrita e realmente corresponde aquilo que queremos saber dos nossos alunos.

Mas , minha grande dúvida é : Que suporte temos para dar respostas ao nosso aluno que porventura empolgue-se com os questionamentos e posteriormente venha nos cobrar  atitudes mais adequadas às necessidades e anseios da "instituição escola" ?

Não podemos deixar de considerar que estas  "preocupações " não são de todos os professores da instituição e que talvez a não resposta imediata aos seus anseios gerem as mesmas frustrações que temos dos políticos no poder. 

Tudo bem! Sei que o professor não pode ter essa visão imediatista! Mas como o aluno receberia  nosso empenho sem resultados aparentes para a sua situação?

 

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