A Mulher de Rua

Olá, Pessoal

Reproduzo aqui uma matéria que está na pauta da semana em outras redes sociais. Em Bruxelas, Bélgica, uma jovem estudante de cinema decidiu produzir um documentário sobre o que ouvia dos homens ao passar pelas ruas.

Aqui na comunidade já rolaram vários posts questionando o comportamento masculino diante da mulher. E aqui voltamos a discutir esse assunto importante.

Esse documentário traz à tona uma atitude por vezes considerada comum: as cantadas na rua. É ofensivo e cruel que o simples fato de você ser mulher já permita que qualquer um te aborde na rua. Um olhar, gesto, palavra, aproximação.

Que sociedade estamos construíndo? Não estou atribuindo essa situação somente aos homens, como se eles fossem bichos incontroláveis: somos todos, homens e mulheres, responsáveis por atitudes gerais. Às vezes, alguns discursos e ações de todos nós deixam transparecer o machismo ao qual fomos expostos.

É triste, por exemplo, que aqui no Rio de Janeiro exista no sistema ferroviário vagões femininos nos trens. Será que segregar é a solução?

Bom, segue aqui a matéria da BBC e o trailer do filme. Vamos seguir no diálogo!

 

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Documentário abre debate sobre assédio sexual nas ruas europeias

Mário Camera
De Paris para a BBC Brasil

Com uma câmera escondida, Sofie Peeters registrou o assédio sexual e os insultos que sofria enquanto caminhava pela capital belga.

Inicialmente pensado como trabalho de conclusão de seu curso de cinema, o documentário acabou suscitando um debate sobre a violência sofrida por milhares de mulheres todos os dias e ultrapassou as fronteiras da Bélgica.

A maioria das imagens do assédio sofrido por Sofie foi gravada em Anneessens, um bairro pobre de Bruxelas, onde a jovem mora há dois anos. O bairro tem uma grande população do norte da África, de países árabes e muçulmanos – e a maior parte dos homens gravados realmente era de origem norte-africana. Por isso, Peeters foi acusada de racismo por alguns críticos.

As cenas mostram uma sucessão de homens abordando a jovem à medida que ela avança em seu caminho pelas calçadas e parques da capital belga. Um deles chega pelas suas costas, dizendo que ela é “linda”. Outro, simplesmente a cruza na calçada, vira o rosto em sua direção e a chama de "vadia

Em outra sequência, Sofie passa em frente a um bar, com mesas na calçada. Um homem diz que "se ninguém fizer um elogio, ela vai se sentir mal". Em outra cena, um rapaz a convida para beber algo em seu apartamento. Diante da recusa, ele insiste e diz que Sofie o deixa "com vontade", o que faz com que seja "normal" abordá-la daquela maneira.

"Acho que a primeira coisa que uma mulher se pergunta é: 'Sou eu? Foi algo que fiz? São as minhas roupas?'", contou a jovem, em uma entrevista à emissora de TV belga RTBF que já foi vista por mais de um milhão de pessoas no YouTube. O filme mostra, ainda, testemunhos de outras vítimas de assédio nas ruas da cidade.


Testemunho das francesas


As frases recheadas de vulgaridades e a violência com a qual alguns homens abordam a jovem no documentário, feito em plena capital da União Europeia, causaram indignação no resto do continente.

O assunto, que é raramente tratado pela imprensa, ganhou espaço em jornais, revistas e emissoras de TV na França, um dos berços do movimento feminista. O assédio sexual de rua, travestido de simples "cantada", também gerou debate nas redes sociais francesas.

Depois que um jornalista escreveu em seu Twitter que ainda não tinha visto "nenhuma menina reclamar de ter recebido o mesmo tratamento" na França, centenas de mulheres postaram na rede social alguns exemplos de comentários agressivos, repletos de conotações sexuais, que são obrigadas a escutar diariamente nas principais cidades do país.

Por coincidência, o Parlamento francês aprovou na última semana uma lei mais dura contra o assédio sexual, após um vazio jurídico ter sido criado pela anulação de uma lei anterior, considerada ambígua pelos magistrados.

A Bélgica também adotará medidas para diminuir a violência verbal sofrida pelas mulheres. Uma lei que deverá entrar em vigor em setembro prevê multas por assédio sexual na rua.

Sofie Peeters decidiu deixar Bruxelas e voltar a viver em uma cidade menor, no interior do país.

 

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Abs!