Noturno do Clelia Nanci perdeu metade dos alunos em 2009

A diretora adjunta da noite, Maria de Fátima do Amaral, passa por um aluno e pergunta: “Já tomou seu remédio hoje?” O garoto, explica ela, precisa tomar um medicamento na hora certa por causa de um problema de saúde e ela costuma ficar vigilante para que ele não se esqueça. Ele responde que sim.

Fátima reclama que os alunos não querem muito estudar, “querem apenas ter um canudo na mão”. Mas reconhece que a escola também não deve ser muito atraente, porque se fosse eles gostariam mais de estar ali. “Mas para a escola se renovar é preciso ter um incentivo. O Estado não investe no ser humano, nós estamos há mais de 10 anos sem aumento”, argumenta.

Ela conta que em 2008 havia oito turmas no período da noite. Segundo Fátima, o colégio ofereceu 500 vagas para o turno, mas só 30 novos alunos procuraram o Clélia Nanci. Ela tem uma explicação para a pouca procura e pela redução do número de turmas pela metade: “todo mundo fugiu para o EJA”.

Próximas ao Clélia Nanci há outras escolas que oferecem o ensino noturno na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para ela, os alunos preferem fazer o Ensino Médio em menos tempo, por isso optam por essa modalidade de ensino.

Outro motivo apresentado por ela, e também por alunos e professores para a pouca procura pelo noturno é a violência que ronda o colégio. A região fica bastante deserta à noite e como o ponto de ônibus não é próximo da escola, os alunos tem que andar a pé um bom pedaço antes de chegarem a uma via mais movimentada. Eles relatam ocorrência de assaltos na região.

A equipe do EMDiálogo estava no colégio quando os professores da tarde comentaram, num Conselho de Classe, o roubo do carro de uma professora, em frente ao colégio, no mesmo dia pela manhã.

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