Como estudam os jovens nos países vizinhos?

Há pouco mais de três anos, mais de um milhão de estudantes secundaristas chilenos protestaram por melhores condições de estudo. Você sabia?

 

 

 

O filme A Revolta dos Pinguins (La Rebelion Pinquina), de Carlos Pronzato, mostra jovens estudantes chilenos mobilizados em diversas escolas, no ano de 2006. Mais de um milhão de estudantes mantiveram quase 90% das escolas chilenas ocupadas. Eles protestavam contra a Lei Orgânica Constitucional de Educação, uma lei da época da ditadura e que privatizava a educação pública.

No filme, os entrevistados explicam que os protestos começaram pelo cumprimento do passe livre e em seguida os estudantes passaram a questionar todo o sistema de educação. Os jovens começaram a fazer protestos nas ruas e foram duramente reprimidos pela polícia. E então, decidiram que a melhor maneira de seguirem mobilizados e não sofrerem tanto a repressão era ocupar os colégios.

Diante da mobilização dos estudantes, a presidente do país, Michele Bachelet, teve que trocar o Ministro da Educação. A revolta durou cerca de um mês e ficou conhecida como Revolta dos Pinguins porque o uniforme dos estudantes secundaristas chilenos lembra a aparência de um pinguim.

Para o pesquisador Oscar Davila de Leon, do Centro de Estudios Sociales (CIDPA) de Viña del Mar, no Chile, a mobilização dos estudantes partiu da educação para reclamar direitos sociais, cuja perda ameaçava não apenas a trajetória escolar, mas também a vida futura dos jovens. "O impacto da Revolta dos Pingüins foi enorme, não apenas entre os estudantes e o setor da educação, mas no conjunto da sociedade chilena", recorda.

"A educação é um pilar fundamental e reproduz a estrutura de classe da sociedade chilena e é isso que queríamos atacar", explica uma das estudantes entrevistadas no filme.

O pesquisador Oscar Davila ressalta que as demandas dos estudantes mobilizados na Revolta dos Pingüins seguem sem ser plenamente atendidas. Ele explica que a Lei Orgânica Constitucional de Educação, da época da ditadura militar, foi trocada pela Lei de Educação Geral (LEG), por pressão dos estudantes, mas que na prática não há grandes mudanças.

"De qualquer maneira, com essas medidas ainda se está longe de satisfazer as demandas que orientaram as mobilizações estudantis secundaristas do ano de 2006, e ninguém pode garantir que o setor estudantil não volte a reivindicar suas demandas originais que não foram assumidas pela institucionalidade", avalia.

Em A Revolta dos Pinguins, os estudantes explicam que o movimento conquistou o passe livre, o não pagamento da inscrição para o exame de ingresso na universidade, mas as questões de fundo, relativas à estrutura da educação chilena não foram modificadas.

Ensino Médio na América Latina

Oscar Davila acredita que a escola é a instituição que "pode gerar trajetórias juvenis mais exitosas", mas para isso é preciso investir na qualidade da educação, já que esse investimento está pendente na América Latina. Ele avalia que alguns países fizeram movimentos para garantir a quantidade de escolas, mas ainda não a qualidade.

Oscar lista países como Argentina, Chile e Uruguai, que tem escolas suficientes para atender toda a demanda de Ensino Médio. Já Brasil, Bolívia e Paraguai, o pesquisador os situa entre aqueles que mais aumentaram a cobertura educativa secundária nos últimos anos.

"É imprescindível um reforço da educação pública de qualidade, com um chamado ao estado e aos atores sociais e educativos para alimentar essa defesa. Nesse sentido, os professores têm um papel importantíssimo", salienta Oscar Dávila.

Há vários vídeos e documentários sobre a Revolta dos Pinguins no Chile. Veja alguns dos que encontramos no youtube:

La Revolución de Los Pinguinos

Revolución Pinguina 

Revolución Pinguina

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