TEXTO DE AVALIAÇÃO SOBRE O PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO EM - IEE Dr. Caetano Munhoz da Rocha - Paranaguá - PR

Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha

Orientadora- Andréia Maria Digiovani Frumento
Professoras Cursistas:

Amanda Gondro Celestino

Carolina Casimira Molina Celestino

Célia Regina Andrioli Silva Barbosa

Claury Patrícia Cabral dos Santos

Eroni de Jesus Ávila Queiroz

Everly Lilian Domingues

Glauce Verônica Cabral dos Santos

Júlio Cezar Amorim de Moura

Jurema Aparecida Matuichuk

Patrícia Renata Lopes

Rosemary Liberatto

Soraya Geremias Ribeiro

TEXTO DE AVALIAÇÃO SOBRE O PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO EM

Nosso grupo é composto por professores do IEE “Dr. Caetano Munhoz da Rocha” de Paranaguá, tivemos durante todo o curso dois grupos formados, já que temos cinco professores que são adventistas, mas para este texto resolvemos unir as impressões dos dois grupos.
A equipe do MEC se mostrou bastante ousada quando definiu que o referido material seria divulgado através de grupos de estudo com os professores da rede estadual de Educação do Paraná, representando um grande avanço na concepção de formação continuada. Como tudo que é novo, a implantação gerou dúvidas nos professores que atuam na rede neste nível de ensino, mas todos os estudos foram acompanhados pela Universidade e foram elaborados e aplicados pelos próprios professores da rede, depois que os orientadores de estudos recebiam capacitação pela UFPR.
O material apresentado foram onze cadernos divididos em duas etapas: a primeira, composta por seis cadernos, trazia a fundamentação teórica para o entendimento da mudança de currículo para este nível de ensino e a segunda, composta por cinco cadernos, dos quais um sobre a Organização do Trabalho Pedagógico e os outros quatro dedicados às áreas do conhecimento.
Consideramos o material excelente, com um embasamento que vem ao encontro do nosso trabalho na rede, já que está pautado no materialismo histórico dialético.
Sabemos que nenhuma atitude e compromisso dessa natureza é neutro ou tampouco ingênuo, isso surge decorrente de inúmeras discussões a respeito das funções do material apresentado, a que ele serve ou devia servir, questionando inclusive o porquê desta mudança na concepção do currículo do Ensino Médio. Como consequências, houve, no Estado do Paraná, uma ampla discussão a respeito destas questões junto dos professores de todas as disciplinas que compõem o Ensino Médio.
As discussões aconteceram, não só durante as capacitações, mas muitas vezes, em nosso ambiente de trabalho, fora dos encontros, já que alguns professores inscreveram-se para participar e outros não.
Cabe ressaltar aqui que compreendemos que este momento não é estático, final e a sua cristalização como uma “verdade” encontrada, somente viria a prejudicar todo esse processo rico que foi iniciado, pois entendemos este movimento como dialético e contínuo.
Uma vez que nos vimos, novamente, participando de mais um processo de construção coletiva em assuntos relativos à educação pública do Estado do Paraná, percebemos no grupo uma inquietação em relação à continuidade de tudo isso. Vem-nos a mente a seguinte pergunta: por que há tanta resistência, com as mudanças que levam o currículo a um trabalho por área?
Nossa inquietação surge porque sabemos que uma vez deflagrado o processo, ele assume contornos de transformações que estão além das condições de previsão dos caminhos que serão percorridos e, como participantes ativos, em diversos outros momentos das nossas vidas profissionais, das definições e problematizações das políticas públicas que seriam implementadas ou que se encontravam em vigor, aprendemos que se não problematizarmos continuamente as ações a serem desenvolvidas, as construções necessárias para as transformações de qualquer prática educativa, este trabalho pode ser estancado. Isso questionamos em função das práticas sociais que encontramos, muitas vezes, dentro de nossas instituições de ensino, práticas que se configuram e caracterizam professores, não raras vezes, passivos frente às determinações ou encaminhamentos dos Núcleos Regionais, que por sua vez, em alguns casos, somente reproduzem o que lhes foi enviado pelos Departamentos da SEED.
O fato do MEC ter ousado nos permite problematizar tal questão, abriu-se uma caminho a ser trilhado, mas como se dará esta caminhada?
Esta avaliação que apresentamos aqui pretende dar continuidade ao acompanhamento de alguns movimentos dos professores do EM na apropriação do que será proposto com relação ao currículo e que outras formas possíveis ele despertará sobre metodologias e mais ainda, ele despertará o interesse do professor em tornar-se agente da sua própria formação neste movimento contínuo do processo de aprendizagem. Permitirá ainda perceber a forma que será entretecida a malha que irá nortear a prática pedagógica nas disciplinas com um currículo organizado por área do conhecimento, que incentiva a interdisciplinaridade e quais são os conteúdos que os professores se apropriarão e caracterizarão efetivamente como importantes, quais as relações de prioridade serão implementadas nas salas de aula.
Para estabelecer este olhar propomos que avaliemos historicamente o desenvolvimento dos currículos no Estado do Paraná, seus conceitos e suas aplicabilidades, aumentando assim as nossas possibilidades de trabalharmos com o currículo por área, com maior conhecimento para questionarmos.
Sabendo de antemão que acompanhar, participar, entretecer esta malha de relações me permitirá possivelmente indicar, ao final, alguns pontos que podem servir de balizadores para a implementação de outras políticas públicas para a educação que seja decorrente de construções coletivas.
Pelo que propomos acima, é possível concluir que consideramos os encontros excelentes, o que nos deu condições de continuarmos acompanhando o processo de discussão que acontecerá no Estado do Paraná em 2016, no interior das instituições de ensino, acerca da apropriação coletiva da proposta de currículo apresentada pelo Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio.
Teremos como possibilidade olhar aspectos que surgirão na interlocução da questão acima explicitada, como: quais serão os movimentos de subjetivação que os professores farão a partir da interlocução a ser feita? Como será a negociação entre os professores de uma mesma instituição sobre a criação de definições norteadoras a respeito da metodologia, ou dos conteúdos necessários para esta ou aquela série? O currículo por área trará melhores possibilidades para o trabalho interdisciplinar?
Para concluir, reiteramos então que entendemos que os estudos e o trabalho estão apenas começando, mas percebemos que o embasamento adquirido durante os encontros nos dão condições de continuarmos colaborando para a melhoria da educação paranaense.

 

 

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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