Sujeitos do Ensino Médio - Tania Marisa Mantovani - Colégio Estadual do Campo Octávio Tozo - Cascavel NRE Cascavel

Realmente hoje parece haver um jogo de culpados no interior da escola, na tentativa de buscar explicar os insucessos e fracassos presentes no ambiente escolar especialmente em relação ao processo de ensino aprendizagem. De um lado temos o professor "reclamando" que os  alunos não estudam, não demonstram interesse pelos conteúdos...Do outro, temos os alunos relatando que as aulas são "chatas", desmotivadas, cansativas, que o professor está ultrapassado...

O que podemos refletir em relação a isso é que professores e alunos parecem estar situados em tempos históricos e espaços sociais diferentes, embora ambos sejam determinados e determinantes da história dos e nos espaços ocupados.

Pelas discussões realizadas no grupo podemos pontuar que nós professores na grande maioria tivemos uma formação inicial em um período histórico não muito distante dos nossos jovens e adolescentes da atualidade. Porém, devido ao grande avanço tecnológico e quebra de paradigmas sociais que vem ocorrendo nos últimos anos, talvez não estejamos conseguindo "acompanhar" estas mudanças às quais nossos jovens estão imersos, pelos preconceitos e visões estigmatizadas e muito fortes em nós onde seguíamos modelos pré-definidos pautados em "certo e errado", pois fomos formados para "obedecer" os pais, manter a ordem social nos ambientes públicos... isso tudo relacionado ã manutenção da ordem social e de um modelo de sociedade desigual, autoritária que deseja manter o status quo.. No entanto, as lutas dos movimentos sociais e as conquistas dos diferentes grupos étnicos, de gênero... que constituem as diversidades assim denominadas hoje, tem quebrado muitos paradigmas e construído uma visão mais dinâmica, democrática de sociedade onde outras vozes, outras expressões, outros modelos tem se destacado ou "aparecido" conquistado espaço, e isto gera uma negação/desobediência aos antigos "modelos" modos de viver, se organizar, se comportar na sociedade. Então o que percebemos é uma dificuldade dos professores em entender e entrar no mundo da juventude de hoje reconhecendo, aceitando e valorizando os diferentes sujeitos e suas identidades que diferem da nossa. O desafio portanto, está em nós professores conhecermos as novas realidades, reconhecer nossos limites e superar preconceitos através de estudos para nos fundamentarmos e mudar nossas práticas pedagógicas, nosso discurso pedagógico, aceitando e reconhecendo as juventudes com seus valores, suas especificidades, suas culturas, vivências e identidades, pois só a partir deste processo poderemos realmente possibilitar a efetivação do antigo jargão tao utilizado na linguagem pedagógica e escolar "formar cidadãos críticos, ativos, conscientes e participativos na sociedade". As estratégias que podemos utilizar para promover o reconhecimento mútuo entre professores e alunos pode-se se começar a partir da mudança no foco/na abordagem dos conteúdos, ouvindo mais os alunos, dando oportunidade e ensinando-os a participarem das discussões e dos processos de tomada de decisões no interior da escola, na sua comunidade. Para isso é preciso criar estratégias e desenvolver metodologias que permitam a participação e valorizem a diversidade dos nossos jovens considerando-os como protagonistas atuais da sociedade, da escola e de todos os espaços, não como "um vir a ser" conforme coloca o texto. Foram sugeridas pelo grupo, produção de textos coletivos nas turmas visando construir  a identidade/ caracterização da turma descrevendo sobre os lugares onde vivem, que atividades realizam, mais gostam...Para além disso temos outro desafio para com a juventude, que é fazer com que compreendam a importância e necessidade de apropriação do conhecimento científico produzido e acumulado historicamente pela humanidade, como instrumento/ferramenta indispensável para que possam ser cidadãos críticos, participativos, conscientes e atuantes, pois o que vemos e vivenciamos hoje é um total desapreço pelas questões escolares, especialmente pelas atividades que exigem estudo, aprofundamento teórico e rigor pedagógico.