sujeitos
Os sujeitos que hoje integram a escola se caracterizam como seres que fazem de tudo um pouco, estão sempre a mil, as coisas são resolvidas rapidamente ou não são. Pode-se dizer que são multitarefa, desde que seja significativo para eles, no entanto se os adultos exigem alguma coisa que, para eles, pareça não ter importância refletirá em problemas de indisciplina, má educação, falta de respeito, desinteresse pelo conteúdo, ou seja, enfrentam dificuldades para estabelecer relações eficazes com o trabalho, a educação e a família.
Partindo da perspectiva de que a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do outro, a escola precisa se organizar para atuar no sentido de envolvê-los com informações próximas ao seu dia a dia, que faça sentido nas suas vidas, ou seja, conteúdos atuais e relevantes, com uma abordagem visual e ativa, pois informações difíceis de ler e antiquadas não prendem a atenção. Os conteúdos precisam ser relevantes, sim, mas que também seja visualmente atraentes e que demandem sua participação, por meio do diálogo constante para que possam exercer seu papel de jovem atuante, com qualificação, com voz e vez na escola e na sociedade em que está inserido.
CURRÍCULOS
Quando pensamos em Currículo, devemos considerar que os elementos que o fundamentam são conhecimentos essenciais, ainda é necessário levar em conta a diversidade dos alunos do Ensino Médio. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio propõem: o conhecimento escolar como produto histórico-cultural, porque estes ocorrem em momentos nos quais os homens interagem entre si. Os conteúdos escolares são selecionados e organizados para serem ensinados e aprendidos, tornando-se elementos essenciais para o desenvolvimento cognitivo do estudante. Neste sentido, evidencia-se a necessidade de formar cidadãos críticos capazes de ler e compreender a realidade social de forma crítica e coerente. Por isso, parte do princípio em que a pesquisa é o meio pedagógico capaz de levar o estudante em direção a uma atitude de curiosidade e de crítica, por meio do qual é instigado a buscar respostas, construídas a partir do diálogo entre os campos da ciência e tecnologia/contexto histórico cultural em que se situam os alunos do Ensino Médio.
Já as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a Rede Estadual de Ensino do Paraná propõem as dimensões: Trabalho – como ação humana que transforma a realidade, Ciência - conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da história, na busca da compreensão e transformação da natureza e da sociedade, Tecnologia - relação entre trabalho e ciências e a Cultura – relacionada a ética adotada diante das questões políticas, sociais, culturais e econômicas e aos valores estéticos que orientam as normas de conduta.
Em nossa compreensão, estes elementos citados tanto DCE – Paraná quanto DCNEM – Brasil são fundamentais, o currículo não é o problema. O que deve ser discutido é como a escola e seus profissionais se organizam a partir do que o estado estabelece, e o maior entrave da escola é a seriação, a divisão em gavetas. Acredita-se que se rompermos com isso, conseguiremos avançar no quesito ensino e aprendizagem.
AVALIAÇÕES EXTERNAS
Acredita-se na premissa de que o aluno deve obter na escola um desenvolvimento cognitivo que lhe proporcione a necessária autonomia para inserção na vida social em patamares elevados. Como base nos resultados das avaliações em larga escala, busca-se na análise desses dados, fundamentada nos princípios da avaliação como ato amoroso de mediação entre ensino e aprendizagem defendida por Luckesi, leva a concluir que, apesar da identificação de alguns elementos na ação pedagógica dos professores que representavam acolhimento, integração e inclusão, a significação de avaliação como momento pontual, classificatório e seletivo ainda é bastante evidente. Dessa forma, acredita-se que o caminho para uma real mudança nas concepções e, consequentemente, na ação pedagógica dos docentes está numa formação, tanto inicial quanto continuada, coerente com essa proposta pedagógica.
Outro fator preponderante na escola são as avaliações externas (SAEP, SAEB, ENEM), estas são utilizadas em sentido de averiguação de aprendizagem, porém, nem sempre a forma em que elas são aplicadas, conseguem afirmar se os alunos estão aprendendo ou não, haja visto que a maioria das avaliações se constituem de questões objetiva e desse modo infelizmente muito dos nossos alunos nem se dão ao trabalho de ler as questões, e quando realizam a leitura por vezes não conseguem interpretar as questões e acabam assinalando qualquer alternativa.
Internamente as avaliações podem ser trabalhadas enquanto questões abertas, ou seja, encontrar formas ou meios de resolução para as atividades, contribuindo para a construção do conceito que está sendo cobrado no exercício. Este processo precisa ser contínuo e não abandonar as atividades avaliativas internas e previstas nos planos de ensino, para que assim ao se deparar com questões objetivas os alunos saibam como ler e interpretar. Cabe aqui um trabalho dos professores mais voltado à utilização da metodologia da resposta ao item, ou seja, mediando o aluno a estabelecer estratégias de resolução das questões, onde ele conheça o conceito e assim saiba a resposta.
Pensando em avaliação, LUCKESI (2005), assevera que "O ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)", é um estado psicológico oposto ao estado de exclusão. Já, Hoffmann (1993) afirma que, "a avaliação é uma reflexão permanente sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento".
O processo avaliativo não deve estar centrado no entendimento imediato pelo aluno das noções em estudo, ou no entendimento de todos em tempos equivalentes. Essencialmente, por que não há paradas ou retrocessos nos caminhos da aprendizagem. Todos os aprendizes estão sempre evoluindo, mas em diferentes ritmos e por caminhos singulares e únicos. O olhar do professor precisará abranger a diversidade de traçados, provocando-os a progredir sempre (HOFFMANN, 2003, p. 47).
A GESTÃO DEMOCRÁTICA
A Escola não é algo que se constitui de forma isolada, esta é um conjunto de ações e integrantes, ou seja, espaço no qual alunos, pais, professores, equipe pedagógica e direção se configuram enquanto uma instituição de ensino, cuja principal finalidade é de oferecer subsídios para que os alunos, permeados pelo conhecimento, sejam autônomos .
Segundo Vitor Paro (2002, p. 141):
(…) é importante não reduzir o aluno a uma mera condição de consumidor ou ainda de alguém que assiste como mero espectador, pois, em um processo educativo autêntico, ele não é apenas objeto, mas sujeito, razão de ser do processo educativo, logo não apenas está presente, mas também participa das atividades que aí se desenvolvem.
Para isso, os professores e a equipe pedagógica precisam perceber os estudantes como seres autônomos na construção do conhecimento e criativos quanto a resolução das atividades escolares bem como do dia a dia onde estão inseridos, pois, estes virão a manter a sociedade como sujeitos que atuam na transformação da realidade social.
Para isso estabelece-se um processo pedagógico que leve em consideração o fato de que uma aprendizagem efetiva se constrói diariamente a partir da leitura do mundo de forma dialógica, transformadora, contextualizada e problematizadora, estes são apoios eficientes às atividades educacionais, possibilitando uma leitura critica em todas as áreas de conhecimento.
Existe uma preocupação muito grande em se concretizar uma Gestão democrática. Acreditamos estar num processo de democratização, processo percebível nas ações efetuadas: conselhos de classes (pré-conselhos, conselho e devolutivas) reuniões, formação continuada, planejamento coletivo focado no diagnóstico da turma, acompanhamento da frequência e encaminhamento da ficha do fica, assessoramento e intervenção nas dificuldades dos alunos, assistência aos docentes na organização do trabalho pedagógico e aquisição de materiais de apoio para aulas mais dinâmicas. Contudo, ainda precisamos avançar no envolvimento mais efetivo da APMF, Conselho Escolar e do Grêmio Estudantil, pois apesar destes estarem legalmente constituídos, sua participação fica restrita a parte burocrática, o que precisamos envolvê-los também no processo pedagógico.
Para efetivar a gestão democrática, há a participação na tomada de decisões: Os problemas, quando surgem, são levados às discussões nos grupos, com abertura por parte da direção, equipe pedagógica, pais e alunos quando necessário, na busca da melhor solução possível.É dada abertura para que todos possam opinar sobre situações que assim o exijam e, quando ocorrem impasses, a direção dá os encaminhamentos que viabilizem a melhor solução.
Há várias discussões sobre conselho de classe democrático, porém, o conselho de classe não é democrático, pois de acordo com a deliberação 16/99, do Conselho Estadual de Educação (PARANÁ), assim prescreve: “Art. 4º - A comunidade escolar é o conjunto constituído pelo corpo docente e discente, pais de alunos, funcionários e especialistas, todos protagonistas da ação educativa em cada estabelecimento de ensino”. Para Dalbem (1995) o Conselho de Classe é essencial, pois [...] “guarda em si a possibilidade de articular os diversos segmentos da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino que é o eixo central em torno do qual desenvolve-se o processo de trabalho escolar” (p. 16).
Propomos estudos sobre o tema conselho de classe na formação dos professores, buscar novas experiências, estabelecer auto-avaliação - professor e aluno, com enfoque no processo de ensino e aprendizagem, os pais fazer a auto avaliação – e quais contribuições podem fazer para ajudar o filho nas atividades escolares e a escola na melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem.
É de suma importância que o Conselho Escolar exerça constantemente a tarefa de avaliar a escola como um todo e faça da auto avaliação um dos momentos mais importantes em sua atuação, que deve ser transparente e mais próxima da comunidade. Deve haver o aprofundamento das questões aqui levantadas, bem como a mobilização da comunidade como um todo no tocante ao processo de envolvimento diário com o cotidiano da escola. Dessa forma, a democracia é fortalecida. Os membros do conselho escolar são na maioria das vezes nomeados e não eleitos pela comunidade escolar, pois poucas pessoas querem esse compromisso além dos seus já existentes.
As decisões tomadas por esse conselho precisam ser mais divulgadas. Além das atas estarem a disposição de todos que quiserem consultá-las, pode-se publicar em sites, blog, envio por correspondência.
Ao que concerne à participação às decisões relacionadas à indisciplina e problemas específicos com alunos, são evidenciadas em extrema necessidade. No que tange as decisões pedagógicas, podemos destacar os projetos, que são alicerçados pela equipe pedagógica e passa pelo Conselho escolar, afim de que possa ser deliberado.
Cabe ressaltar, que seria significativo se os membros do conselho escolar se reunissem algumas vezes durante o ano, mensalmente ou bimestralmente, para discutir, ler o regimento e debater assuntos relevantes, a fim de conhecer a conjuntura escolar.
Acredita-se que assim, o Conselho Escolar teria mais respaldo e iria acrescentar positivamente no processo pedagógico e que deveria haver uma conscientização política da comunidade sobre a importância da participação deles para a ascensão escolar, despertando a vontade de participar e se envolver no contexto educacional.
O Grêmio é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação, tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade.
O Grêmio é também um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos, a participação tem sido política e educativa no entorno de promoção de eventos, tais como festivais, soletrando, provas de tabuada, homenagem aos docentes entre outras.
Como primeira instância, possibilitar a inclusão dos alunos e depois dos pais como membros participantes do Conselho de Classe fazendo com que se torne realidade um direito que é deles, na tentativa de que sintam-se membros efetivos do colegiado e com isso passem a se interessar mais pelas atividades da escola e participar ativamente.
Em aula prevalece o diálogo. Os alunos têm a possibilidade de aprender e se desenvolver como cidadãos através de estratégias de ensino, que favoreçam o desenvolvimento de seres reflexivos, seguindo o princípio filosófico da escola que é formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção transformadora na sociedade.
A função da escola é possibilitar que, através do conhecimento, os educandos possam ter compreensão da sua condição como sujeito histórico. Portanto a formação é comprometida com o bem comum, na perspectiva de atender igualmente aos sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural e as possíveis necessidades especiais para aprendizagem. Busca-se promover a aprendizagem dos conhecimentos que cabe à escola ensinar, para todos.
ÁREAS
No Estado do Paraná, possuir uma organização disciplinar do currículo, é possível projetar um processo de ensino e aprendizagem organizado em áreas do conhecimento, pois aprender de forma contextualizada é o que permite ao aluno relacionar aspectos presentes da vida pessoal, social e cultural, ao mesmo tempo em que mobiliza suas competências cognitivas e emocionais já adquiridas, para as novas possibilidades de reconstrução do conhecimento (PCN - Ensino Médio, 1999). O trabalho por projetos/planos é uma forma usada para potencializar a articulação entre os saberes das diversas áreas de conhecimento, das relações com o cotidiano e do uso de diferentes meios e recursos de ensino.
Diante da compreensão de que a educação escolar é em si, a totalidade do contexto no qual ela está inserida, a prática pedagógica deve estabelecer relações interdisciplinares visando a superação da compartimentalização, mas com a clareza de que a compreensão da totalidade é que produz a dimensão do trabalho das partes. Isso faz com que o ensino do conteúdo a ser trabalhado expresse a forma pela qual se estruturou historicamente este ou aquele conceito, além da compreensão objetivada do seu dinamismo, para não se transformar em a-histórico, ou seja, desvinculado de todo o processo de produção universal. Assim, as áreas do conhecimento preveem um ensino integrador entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura e, trabalhar os conteúdos de forma sistematizada e contextualizada, requer uma mudança na postura político-pedagógica e no assumir, com real competência, o espaço da sala de aula.
Neste sentido, a interdisciplinaridade relacionada ao conceito de contextualização sócio histórica como princípio integrador do currículo, está envolvida quando os sujeitos que conhecem, ensinam e aprendem, sentem necessidade de procedimentos que, numa única visão disciplinar, podem parecer heterodoxos. A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção, ou seja, é uma necessidade sentida, afim de que professores e alunos possam explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de vários olhares. Explicação, compreensão, intervenção são processos que requerem um conhecimento que vai além da descrição da realidade e mobiliza competências cognitivas para deduzir, fazer inferências ou previsões a partir do fato observado. O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Sendo assim, as propostas curriculares devem estar organizados a partir do processo de luta política em que os sujeitos definem os seus conceitos, saberes sociais, valores e convicções advindas das classes sociais e das estruturas politico-culturais em confronto. A partir desse processo, ao serem fundamentadas por conceitos dialógicos nas diversas disciplinas, juntamente com os saberes sociais da comunidade historicamente constituída, atendendo igualmente os sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico-cultural e necessidades especiais para aprendizagem, desenvolvendo dessa forma a autonomia intelectual dos alunos visando ter uma sociedade com consciência histórica.
A proposta interdisciplinar como princípio pedagógico, tem sido pronunciada como aquela capaz de realizar uma nova forma de educar, a de educar para a dúvida. Entretanto, sua concretização é marcada por muitas contradições, limites, dificuldades e desafios, pois educar interdisciplinarmente requer mudanças de posturas diante de novas possibilidades, requer superar visões fragmentadas do conhecimento muito mais radicais do que a das fronteiras entre disciplinas, requer disposição de, além de ensinar, aprender também a produzir conhecimento.
Então, a interdisciplinaridade é uma necessidade, mas precisamos ter consciência de que exige tempo, uma outra forma de organizar o processo pedagógico, conforme sugere Frigotto (2009), em entrevista dada sobre o uso do materialismo histórico dialético.
REFERÊNCIAS
DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. Trabalho escolar e conselho de classe. 3ª ed. Campinas-SP, Papirus, 1995.
DELIBERAÇÕES DO CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ: - DEL - 027/72; 020/91 e 016/1999.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Juventude e escolarização: os sentidos do ensino médio. Publicado em 24/11/2009 Disponível em http://salto.acerp.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=66. Acessado no dia 13/12/2014.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1993.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e criando a prática. 2 ed. Salvador: Malabares Comunicações e eventos, 2005.
PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: Introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2002.
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