Reflexões caderno 1 Manoel Tomé

Por Manoel Tomé da Silva Neto.

Analisando o contesto histórico apresentado no caderno 1 nota-se uma nítida separação entre uma escola para as elites e uma outra para a formação da mão de obra para o trabalho, perpetuando uma classe dominante e outra dominada sem lhes dar perspectiva de crescimento efetivo na sua grande maioria.
O grande desafio do ensino médio é exatamente mudar esse paradigma levando o educando à possibilidade de participar do crescimento da sociedade não apenas na força do seu trabalho mas também com ideias, levando esse país a um patamar mais elevado na criação de alternativas tecnológicas para a humanidade.
No entanto uma grande dificuldade é manter esse aluno frequentando às aulas e aproveitando as aulas. Como fazer? Temos que tentar mudar, levar a eles algo mais proveitoso relacionar conteúdo com a ação diária,
Diante de tal realidade, ao menos para mim, nós os interessados em discutir e auxiliar para a composição de uma nova diretriz curricular, devemos aprofundar as discussões e sinalizar novos caminhos, não sem a importante participação dos próprios alunos que são o centro do processo de ensino.

Nossos estudantes vivem na periferia e têm baixa renda, precisam trabalhar para ajudar no orçamento família. Mesmo assim, a grande maioria possui acesso aos aparelhos tecnológicos atuais. Muitos vivem em situações de risco, são usuários de drogas. Poucos são interessados ou possuem o hábito de participar em eventos culturais como: cinema, teatro, museus, eventos literários entre outros. A grande maioria não apresenta perspectivas para o futuro, não almejam ou se veem capazes de ingressar em cursos superiores, mudando sua condição de vida.

O desenvolvimento curricular prevê a formação integral do estudante, para isso coloca o trabalho como princípio educativo. Outras dimensões da vida social estão colocadas como fundamento: saúde, economia e trabalho, cultura, ciência, tecnologia e meio ambiente. A formação humana integral depende da inter-relação sob os princípios supracitados. Por isso, a edificação de uma sociedade igualitária depende da integralização de uma formação que não direcione, nem tão somente para o Ensino Superior, nem tão somente para o mercado de trabalho, mas integralize as duas esferas, onde o trabalho esteja; na ordem do dia; como princípio educativo, daí a formação humana integral. Como visto, é inevitável pensar o trabalho em qualquer relação, pela centralidade que o mesmo ocupa. Como desenvolver estudos que fundamente práticas pedagógicas que possam contribuir para a materialização dessa proposta? Buscando a formação humana integral dos estudantes, elaborando estratégias para o desenvolvimento de uma  aula interessante, onde o aluno possa sentir-se bem no ambiente escolar, bem como proporcionar diversas aprendizagens, onde o conteúdo trabalhado seja interdisciplinar.

Universalizar o ensino médio, isto é, assegurar que toda a população de 15 a 17 anos frequente as séries adequadas a cada idade, vai exigir, em primeiro lugar, que os alunos com 15 anos ou mais que estão no ensino fundamental cheguem e sejam incorporados ao ensino médio. Além disso, são necessários levantamentos confiáveis sobre os jovens que estão fora da escola, seja por cursarem a Educação de Jovens e Adultos, por terem abandonado a escola ou por não terem acesso ao ensino médio em seus municípios, e colocar em prática estratégias para que concluam sua escolaridade. Não basta aos jovens frequentar a escola, mas especialmente construir aprendizagens relevantes e significativas ao longo de sua escolaridade. E isso se faz numa escola genuinamente para jovens, resolvendo de vez a crise de identidade do ensino médio. Educar para a vida, não para “passar no vestibular”. E educar para a vida é ensinar o que faz sentido, não apenas o que é pragmático. Para grande parcela dos jovens, a escola tem sido um espaço de desalento e desesperança. Mudar, nesse contexto, significa abandonar alguns paradigmas sobre o que é ensinar e aprender, voltar os olhos para a educação básica e a formação de professores, rever e revitalizar os compromissos com a escola e o aluno. E isso precisa ser feito: com recursos financeiros para o ensino médio, que sempre viveu com as sobras do ensino fundamental; com políticas focadas na educação básica; e com professores bem formados e melhor remunerados. Mais que com palavras, menos ainda as demagógicas, mas com o compromisso de construir coletivamente a escola que faça diferença na vida dos jovens e na vida do país: o novo ensino médio. Em uma escola que seja capaz de propiciar a aprendizagem de conteúdos historicamente acumulados pela humanidade, em seus diversos campos, especialmente nas artes, nas ciências, nas línguas, na história, na tecnologia, na cultura e, assim, no trabalho como princípio educativo formativa sob a concepção de escola unitária.