Reflexão e Ação - Caderno III - Colégio Estadual Arcângelo Nandi

COLÉGIO ESTADUAL ARCÂNGELO NANDI

PARTICIPANTES:

ADELINO ZANONE
ANNA BEATRIZ PONTES SILVEIRA
DIANNE VENSON
JULIANO FERRAZ
MABELLY VENSON
MARIA ANGÉLICA MORINI
MARIA LUZIA SOARES DA SILVA BUZANELLO
SERGIO LUIZ ALBUQUERQUE
VALMIRO DA SILVA
VERÕNICA APARECIDA DE OLIVEIRA ALBUQUERQUE

COORDENADOR DE ESTUDOS: ANNA BEATRIZ PONTES SILVEIRA

MUNICÍPIO: SANTA TEREZINHA DE ITAIPU

NRE: FOZ DO IGUAÇU

SÍNTESE CADERNO 03

Não é fácil para nenhum professor colocar em prática tantas mudanças acerca do currículo escolar. Neste prisma, torna-se imperativo ao professor adotar uma decisão. Ser apolítico ou dual nestas circunstâncias implica em pactuar com a injustiça e a desigualdade em sala de aula e muitos abraçam uma postura reacionária, ou seja, se opõem, a quaisquer inovações no campo das atividades humanas.
Devemos nos fazer certas questões, frente a inovações curriculares: Qual a intenção política que o currículo traduz? Qual a tensão constante entre seu caráter prescritivo e a prática docente?
Ao discutirmos currículo, a função social da educação e da escola, estamos entendendo a educação no seu sentido amplo, ou seja, enquanto prática social que se dá nas relações sociais que os homens estabelecem entre si, nas diversas instituições e movimentos sociais, sendo, portanto, constituinte e constitutiva dessas relações. O homem, no processo de transformação da natureza, instaura leis que regem a sua convivência com os demais grupos, cria estruturas sociais básicas que se estabelecem e se solidificam à medida que se vai constituindo em locus de formação humana.
Nesse sentido, a escola, enquanto criação do homem, só se justifica e se legitima diante da sociedade, ao cumprir a finalidade para a qual foi criada. Assim, a escola, no desempenho de sua função social de formadora de sujeitos históricos, precisa ser, um espaço de sociabilidade que possibilite a construção e a socialização do conhecimento produzido, tendo em vista que esse conhecimento não é dado a priori. Trata-se de conhecimento vivo e que se caracteriza como processo em construção.
A educação, como prática social que se desenvolve nas relações estabelecidas entre os grupos, seja na escola ou em outras esferas da vida social, se caracteriza como campo social de disputa hegemônica, disputa essa que se dá "na perspectiva de articular as concepções, a organização dos processos e dos conteúdos educativos na escola e, Políticas e Gestão na Educação mais amplamente, nas diferentes esferas da vida social, aos interesses de classes" (FRIGOTTO, 1999, p. 25).
Portanto, pensar a função social da escola implica repensar o seu próprio papel, sua organização, seu currículo e os atores que a compõem. Para Petitat (1994), a escola contribui para a reprodução da ordem social. No entanto, ela também participa de sua transformação, às vezes intencionalmente. Outras vezes, as mudanças se dão, apesar da escola.

Reflexão e Ação
Para o bom êxito no Ensino Médio de qualidade, faz-se necessário superar o caráter enciclopédico versus pragmático do currículo, oportunizando a contextualização e a ressignificação do conhecimento escolar.
Para isso é necessário um trabalho em equipe, pois educação de qualidade é compromisso de todos os envolvidos no processo, inclusive dos pais, sem hierarquização ou isolamento entre as disciplinas e os profissionais da educação.
Conforme as DCNEM, as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura são a base da proposta  e do desenvolvimento curricular e se constituem como um eixo. Para tanto, faz-se necessário o diálogo permanente com os sujeitos, uma vez que estas dimensões dependem da sociedade e dos indivíduos.
Por exemplo, qual a relação entre ler um livro de literatura, Menino de engenho, de José Lins do Rego, e posteriormente fazer um trabalho de análise literária, dentro das Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)? Cabe ao professor ficar atento aos objetivos traçados, levando em consideração: Quando? Quem? O quê? Por quê? Para quê?             
Nesta perspectiva, devido a amplitude de possibilidades, é preciso delimitar, por exemplo, abordar alguns aspectos: o regionalismo, o Nordeste no romance de 30; histórico-geográfico: a seca; estético, a linguagem;sociologicamente, analisar os problemas que envolvem o homem; psicologicamente,  a análise interior.
Diante disso, além de ser oportunizado para que o aluno leia e reflita, a ciência entra como parte do conhecimento sistematizado, a estética de apresentação e organização de um trabalho científico, dentre outras possibilidades.
As proposições que mais geraram debate foi  a questão de muito conteúdo para pouco tempo, havendo, portanto, a necessidade de reorganização tanto no que se refere aos conteúdos, quanto  aos temas em estudo.
Esta pode ter sido a questão mais polêmica devido ao fato de muitos professores privilegiarem o currículo, desconsiderando a prática no dia a dia, ou seja, os conteúdos devem ser selecionados e aplicados, levando em consideração a formação humana integral e de qualidade.
É preciso que a educação auxilie na leitura da realidade, propiciando além do acesso ao conhecimento, o domínio dos métodos de produção  do mesmo.
Um dos pontos relevantes apontado é  integrar um núcleo de conhecimento do currículo obrigatório com atividades e opções do próprio estudante, a fim de dar novos sentidos  às atividades escolares.
A pesquisa como princípio pedagógico é também  uma possibilidade  na formação  voltada para a reflexão e para a crítica, levando em consideração a capacidade de o indivíduo  tornar-se autônomo intelectual e moralmente.
Quanto à formalização - a relação entre linguagem oral e escrita; entre formalização do pensamento e capacidade de comunicação - os  debates e seminários privilegiam a oralidade, já as produções escritas dos diversos gêneros textuais existentes  privilegiam a organização do pensamento.
Outras reflexões
Na física aplicada ao ensino médio podemos destacar a importância do uso das tecnologias.Como o próprio nome diz física “estudo dos fenômenos naturais” . Na ciência e biologia estudasse fenômenos relacionados a luz e a matéria, enquanto a física estuda esses fenômenos sua importância e aplicação. O dia a dia a física procura explicar o frio e o calor, o som e a luz, o movimento e o repouso e etc.
Dentro das tecnologias a física vem auxiliando nos estudos de novas aplicações, tais como o uso dos feixes de luz para o desenvolvimento na medicina. Portanto, tudo ao nosso redor esta relacionado a física ate mesmo os fatos de violência e revolta da população explicado pela 3ª leis de Newton  ”Ação e Reação”.
Um dos grandes problemas enfrentados pelos professores de Física é a rejeição apresentada pelos estudantes que ingressam nos níveis de ensino que contemplam esta disciplina, como o Ensino Médio. Já faz parte do senso comum atribuir este fato à forma como esta disciplina vem sendo tradicionalmente abordada. Tal visão distorcida é uma das conseqüências da abordagem tradicional, em que se segue uma seqüência de conteúdos ditados por livros didáticos que são, em geral, elaborados considerando uma perspectiva em que se segue a lógica interna da Física como campo do conhecimento, ou seja, a Ciência do ponto de vista do cientista.
Na verdade repensar o ensino de física e essencial para ampliar as oportunidades de acesso ao conhecimento, de participação social mais ampla do cidadão. A cidadania é um fator bastante destacado por enfatizar que o nível de ensino em questão "deve propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas”.

[...] acreditando na importância da ciência e da tecnologia para fins sustentáveis, responsáveis e globais, e na necessidade de estabelecer conexões entre a ciência, a tecnologia e o público, expressam a preocupação com a falta de reconhecimento da educação científica como um veículo para o encontro entre os objetivos educacionais nacionais e as necessidades sociais e econômicas; observam a falta de interesse generalizada dos estudantes na educação científica e tecnológica atual, não sendo capazes de reconhecer sua relevância; notam a escassez de professores especialistas em ciência e tecnologia em muitos países; e consideram que as rápidas mudanças que ocorrem no âmbito da ciência e tecnologia precisam estar refletidas no planejamento, ensino e aprendizagem de ciência e tecnologia. (ICASE, 2007, grifo do original, tradução nossa)
O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias e o papel do professor, frente às novas tecnologias, será diferente. Com as novas tecnologias pode-se desenvolver um conjunto de atividades com interesse didático-pedagógico, como: intercâmbios de dados científicos e culturais de diversa natureza, não basta que os alunos simplesmente se lembrem das informações: eles precisam ter a habilidade e o desejo de utilizá-las, precisam saber relacioná-las, sintetizá-las, analisá-las e avaliá-las. Juntos, estes elementos constituem o pensamento crítico aparecendo em aula quando os alunos se esforçam para ir além de respostas simples, quando desafiam ideias e conclusões e procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento coerente do mundo. Mas sua aplicação mais importante está fora da sala de aula. A habilidade de pensar criticamente apresenta pouco valor se não for exercitada no dia-a-dia das situações da vida real.

Essas finalidades, se assim entendemos, devem estar na base das proposições curriculares, isto é, da definição das áreas e disciplinas, dos conhecimentos, do tratamento metodológico, a eles conferidos, dos processos avaliativos, enfim, do conjunto de práticas que dão materialidade a determinado projeto educativo (SILVA, 2012).

Contudo devemos lembrar que o sujeito em questão, neste caso o aluno, deve estar disposto a desenvolver tais situações, as ações devem ser desenvolvidas por ele, não basta estar no currículo, ser enfatizada pelos professores, pois o intercambio com a sociedade sempre e feita pelo sujeito que é responsável pelas ações que o mesmo desenvolve no dia a dia.
Muitas vezes se faz uma educação totalmente pragmática e baseada em princípios retrógrados, que em nada contribui para o enlevo intelectual e laboral do educando. É preciso repensar cada ato e questionar o papel do educador, nessa sociedade hodierna e tão desafiadora. Levando em conta as necessidades do aluno, a cultura em sua volta e o acesso a todos os aparatos tecnológicos presentes. A sociedade transformou, as tecnologias mudaram de maneira assustadora, o mercado de trabalho muda os estudantes mudam. As escolas não podem continuar a sem investimentos e comprometimentos de todos os envolvidos, buscando encurtar a distância entre o que se prega e o que se faz na prática.
De acordo com as DCNEM "O projeto político-pedagógico da escola apresenta a proposta educativa construída pela comunidade escolar no exercício de sua autonomia, com base no diagnóstico dos estudantes e nos recursos humanos e materiais disponíveis, sem perder de vista as orientações curriculares nacionais e as orientações dos respectivos sistemas de ensino. É muito importante que haja uma ampla participação dos profissionais da escola, da família, dos estudantes e da comunidade local na definição das orientações imprimidas nos processos educativos. Este projeto deve ser apoiado por um processo contínuo de avaliação que permita corrigir os rumos e incentivar as boas práticas." Deste modo, urge a necessidade de se colocar sempre o estudante no centro do planejamento curricular. É preciso considerá-lo um sujeito com todas as suas necessidades e potencialidades, que tem uma vivência cultural e é capaz de construir a sua identidade pessoal e social. Como objeto e sujeito, os educandos, precisam ser parte ativa nas discussões para a definição das regras da escola, sendo estimulados à auto-organização e devem ter acesso a mecanismos que permitam se manifestar sobre o que gostam e o que não gostam na escola e a respeito da escola a que aspiram.
A integração curricular a partir das esferas laboral, cientifica, tecnológico e cultural praticado na escola, requer um trabalho que dialogue entre as várias áreas, a fim que se possa sair do mundo das ideias e alcançar a transformação do cotidiano escolar. Buscando na condição de docente, fazer o papel de mediadores do conhecimento, relacionando os conceitos específicos de cada componente curricular como contexto de produção original deste conhecimento. Em outras palavras a teoria aliada à prática.