Realidade da Educação do Campo - C.E.C.Benjamim Antonio Motter

“A educação interfere no tempo e melhorando-se a qualidade do fator humano modifica-se por completo o quadro do país, abrem-se possibilidades de desenvolvimento muito maiores. Não há país que tenha conseguindo se desenvolver sem investir consideravelmente na formação de gente. Este é o mais importante investimento a
fazer, para que haja, não só crescimento, mas autêntico desenvolvimento.”
Celso Furtado

Na citação acima faz-se uma reflexão acerca da dimensão pedagógica a que nossos educandos ficam expostos:
Hoje, os professores saem dos bancos escolares, dos cursos de licenciatura, sem ter estabelecido qualquer discussão sobre o modo de vida camponês, pressupondo que o modo de vida urbano prevalece em todas as relações sociais e econômicas brasileiras.
Uma afirmação um tanto polêmica, mas real. Qual a concepção que prevalece? Será que é esta? Com certeza não. E nós educadores e sujeitos campesinos precisamos enfrentar e combater a discriminação que ainda é gritante.... somos sabedores de quanta resistência enfrentamos... ainda temos como suporte o livro didático urbano, escolhido pela escola maior do município, não chegam ao nosso colégio por ser do campo, terem poucos alunos, numa concepção de quantidade e não de qualidade. É um dos aspectos pontuais para o reconhecimento das especificidades da educação do campo.
Uma breve reflexão e constatação sobre a realidade da educação do campo.
Concepção de mundo: O homem do campo não é atrasado e submisso; antes, possui um jeito de ser peculiar; pode desenvolver suas atividades pelo controle do relógio mecânico ou do relógio “observado” no movimento da Terra, manifesto no posicionamento do Sol. Ele pode estar organizado em movimentos sociais, em associações ou atuar de forma isolada, mas o seu vínculo com a terra é fecundo. Concepção de escola: Os povos do campo querem que a escola seja o local que possibilite a ampliação dos conhecimentos; O desafio é lançado ao professor, a quem compete definir os conhecimentos locais e aqueles historicamente acumulados que devem ser trabalhados nos diferentes momentos pedagógicos.
Concepção de conteúdos e metodologias de ensino: conteúdos escolares são selecionados a partir do significado que têm para determinada comunidade escolar. Tal seleção requer procedimentos de investigação por parte do professor, de forma que possa determinar quais conteúdos contribuem nos diversos momentos pedagógicos para a ampliação dos conhecimentos dos educandos.
Ainda enfrentamos sérios problemas relacionados a uma visão distorcida da educação do campo, muitas vezes nos deixando com sensação de descaso e de impotência pelo imperialismo do capitalismo que nos corrompe e nos engessa frente as flexibilizações necessárias para a nossa gente.
Não é apenas uma constatação,   é  também um desabafo.
Cleniane, 24 de outubro de 2014.