PROFESSOR PEDRO ALVES / CASCAVEL/PR - ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL

Cascavel, 22 de julho de 2014. ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL. Diário da Temática 1. Reflexão e Ação. Questão 1. p. 26. Com base na reconstrução histórica até aqui apresentada, penso que o principal desafio para o Ensino Médio na realidade brasileira é a integração entre educação e trabalho para os estudantes. Entendo que são muitos os desafios para o aluno trabalhador, bem como para o aluno estudante, mas o fato é que a grande maioria dos alunos do Ensino Médio é composta por estudantes trabalhadores. O quê vem antes, o estudo ou o trabalho? Estudar para só depois decidir o campo profissional? Ou deixar os estudos por conta das necessidades impostas pelo mundo do trabalho para suprir as necessidades do cotidiano? É fato que na perspectiva posta pelo modo de produção capitalista, o trabalho apresenta-se como a alternativa inevitável para a classe trabalhadora, por isso, para a grande massa que vive do trabalho, o estudo nem mesmo entra na lista de prioridades pessoais e/ou familiares. Os chavões nos dão duplo sentido, um real e outro ideológico. O trabalho como princípio educativo dá a real conotação de que escola e trabalho são indissociáveis, apesar de ideológico, onde trabalho, ciência e cultura formam a base unitária. Porquanto, fica nas entrelinhas do discurso o indicativo de que ‘educamos para o trabalho’, pois a sociedade é capitalista. Um exemplo disso é quando o vestibular vem atender (historicamente) o curso superior seleto e o ensino médio/profissional vem atender as demandas do mercado de trabalho. Diário da Temática 1. Reflexão e Ação. Questão 2. p. 31. Os alunos de nossa escola pertencem à classe trabalhadora. São sujeitos pertencentes a um perfil social carente, de poucas posses e de profunda subordinação às linhas de crédito do sistema financeiro atual. Dependem do salário que recebem de seus empregadores e dos financiamentos obtidos junto a órgãos financeiros locais. A comunidade escolar compõe-se de um padrão cultural não merecedor de elogios, até pelas condições postas pelo sistema, e economicamente uma parte desta população paga aluguel e o restante está, mesmo de posse de algum bem, subjugado aos ditames da sociedade que vive do trabalho, precária. Em outro aspecto, fundamentalmente, é bom salientar, que do ponto de vista econômico/político, quanto maiores forem os índices de alunos freqüentando a escola, melhor, isso por que ‘é preciso instrumentalizar a mão-de-obra para atender as demandas do mundo do trabalho! É evidente, é preciso preparar esta mão-de-obra, uma vez que o trabalho vem antes dos estudos por uma questão de sobrevivência. Diário da Temática 1. Reflexão e Ação. Questão 3. p. 40. O desenvolvimento curricular prevê a formação integral do estudante, para isso coloca o trabalho como princípio educativo. Outras dimensões da vida social estão colocadas como fundamento: saúde, economia e trabalho, cultura, ciência, tecnologia e meio ambiente. A formação humana integral depende da inter-relação sob os princípios supra-citados. Por isso, a edificação de uma sociedade igualitária depende da integralização de uma formação que não direcione, nem tão somente para o Ensino Superior, nem tão somente para o mercado de trabalho, mas integralize as duas esferas, onde o trabalho esteja – na ordem do dia – como princípio educativo, daí a formação humana integral. Como visto, é inevitável pensar o trabalho em qualquer relação, pela centralidade que o mesmo ocupa. A formação humana integral tende a ser a partir de agora, uma discussão permanente entre nós docentes da escola, até mesmo pelos desafios postos pelos novos documentos, ora em estudo. Como desenvolver estudos que fundamentem práticas pedagógicas para contribuir para a materialização da proposta na escola passa a ser nosso grande e árduo desafio, no entanto, o próprio estudo dos materiais propostos tendem a nos impulsionar para a construção de um novo Ensino Médio, almejado por todos. Diário da Temática 1. Reflexão e Ação. Questão 4. p. 45. Como chegar à universalização do Ensino Médio? Da forma como as coisas vem sendo colocadas, não há como se convencer da universalização. Até parece que o governo, juntamente com o capital, iriam tirar do emprego, trabalhadores para inserí-los na escola... não é este o foco do capital! Universalização implica equiparação e igualdade. O problema é que a sociedade é desigual e o acesso é diferente entre a classe trabalhadora e os estudantes que conseguem atingir cursos superiores de elite. A universalização depende sobretudo de mudanças de ordem política, pois as principais mudanças sociais – para sua efetivação – dependem de transformações políticas e econômicas que estão na estrutura do capital e não no intelecto de professores, pedagogos e diretores. Porquanto, almejamos que a referida universalização ocorra na prática, diminuindo o percentual assustador de alunos que se evadem da escola, aumentando o nível de conhecimento técnico e científico da classe trabalhadora. Evidentemente que o governo federal deve ter razões de sobra para criar programas de sustentação e manutenção da juventude brasileira nos bancos escolares. Aliás, essa prerrogativa potencializa o movimento cada vez mais definitivo de afirmação do modo capitalista de produção. Lógico que isto não está escrito. Está apenas nas entrelinhas do discurso.