Perfil dos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Costa e Silva - Itaipulândia
PERFIL DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO ESTADUAL COSTA E SILVA DE ITAIPULÂNDIA
Este trabalho é parte dos resultados de uma atividade vivenciada pelos participantes do curso FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO – PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO, ETAPA I Caderno II: O Jovem como Sujeito do Ensino Médio.
As ações aconteceram de forma interdisciplinar e participativa, envolvendo todos os alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Costa e Silva no Município de Itaipulândia, Núcleo de Foz do Iguaçu – Paraná.
A princípio foram estabelecidos os primeiros contatos com os professores para a apresentação da proposta. Após autorização, os estudantes foram convidados a participar da pesquisa e receberam explicações acerca dos objetivos e procedimentos da coleta dos dados, garantindo-se o anonimato e o sigilo das informações.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, contemplando um conjunto de perguntas objetivas, aplicado individualmente. Dos 246 estudantes que responderam ao questionário, 99 cursam o 1º ano, 85 cursam o 2º ano e 62, o 3º ano. Destes, 125 do sexo feminino e 121 masculino.
Dentre os participantes, 140 do período matutino e 106 do período noturno. A pesquisa foi realizada no período de 04 a 08 de agosto de 2014. Todos os alunos mostraram-se receptivos e demonstram interesse, em especial pela oportunidade de se expressarem e serem ouvidos.
Os dados e informações obtidas foram organizados em gráficos para a descrição e interpretação dos resultados: dos 246 estudantes, cento e doze (112) estudantes já reprovaram pelo menos uma vez, fato este responsável pelo atraso demonstrado para concluir o Ensino Médio, ou seja, muitos estão fora da faixa etária para o ano em curso (no primeiro ano, temos 16 alunos com 14 anos, 44 com 15 anos, 13 com 16 anos, 13 com 17 anos, 08 com 18 anos, 02 com 19 anos e 03 com 21 anos. No segundo ano, temos 13 alunos com 16 anos, 33 com 17 anos, 09 com 18 anos, 6 com 19 anos e 01 com 20 anos e um que não respondeu a questão. No terceiro ano, temos 11 com 15 anos, 36 com 16 anos, 20 com 17 anos, 11 com 18 anos, 04 com 19 anos e 02 com 20 anos). Segundo os alunos, os principais fatores responsáveis por este atraso decorrem da condição econômica: da necessidade em abandonar a escola para trabalhar, a ausência de estímulo familiar ou falta de motivação pessoal.
Acerca do núcleo familiar, 10 dos participantes declararam que moram com cônjuge, 08 moram com parentes e os demais, 228 moram com os pais. Dentre esses estudantes, 150 já ingressaram no mercado de trabalho em diversas situações, com registro em carteira, trabalho informal, autônomo e outros.
Para verificar o envolvimento deles com a tecnologia, o questionário buscou identificar quantos estudantes tinham computador em casa: somente 21 declararam não possuir computador em casa e 02 não responderam a essa questão. Quanto ao acesso a internet, somente 10 dos entrevistados não têm acesso a internet em casa, mas disseram acessá-la em lan house ou pelo celular.
Outra questão importante para se discutir é a motivação destes alunos em relação às disciplinas nas quais declararam ter mais dificuldades. Os resultados demonstraram que a maior dificuldade está nas disciplinas que envolvem cálculos matemáticos: 99 sentem mais dificuldade em matemática, 138 em química, 77 em física, 77 em biologia, já na área de humanas, 58 alunos declararam ter mais dificuldade em língua portuguesa, 57 em história, 29 em espanhol, 19 em geografia, 09 em filosofia, 12 em sociologia, 04 em educação física, e 02 em artes. Nesta questão, vários estudantes assinalaram mais de uma disciplina.
Outro aspecto analisado foi a respeito da renda familiar: 18 alunos disseram possuir renda até um salário mínimo, 73 entre um e dois salários mínimos, 85 entre dois a quatro salários mínimos, 34 entre quatro a seis salários mínimos, 29 entre seis a oito salários mínimos e 06 mais que oito salários mínimos, um aluno não respondeu a esta questão.
Quanto à organização do estudo em casa, 21 estudantes disseram que não estudam em casa, mais da metade dos estudantes declararam estudar somente uma hora semanalmente e os demais, 77 estudantes dedicam de uma até quatro horas por semana para estudar em casa.
Pode-se também observar, através dos resultados do questionário, que os estudantes demonstram uma carência muito grande de motivação para os estudos, pois a maior parte do tempo livre é dedicada ao acesso à internet, assistir TV, ouvir música e outras atividades como festas e baladas. Percebe-se então um total descaso com a educação, já que poucos dedicam parte do tempo livre para leituras, pesquisa ou estudo.
Compreender o jovem na atualidade é uma tarefa complexa. Neste trabalho, direcionamos nosso olhar a partir da família e da escola, como principais instituições responsáveis pela formação da personalidade da juventude. Nessa relação, família e escola, focamos nosso olhar para os processos políticos e pedagógicos que permeiam todo o processo e dos quais dependem a permanência ou não do jovem na escola. Num mundo onde cada vez mais se navega no espaço-tempo das comunicações ultrarrápidas, aflora a necessidade de preparar o jovem para encarar a diversidade como elemento constitutivo da modernidade, sem perder de vista as peculiaridades que configuram nosso interior, múltiplo e único. Porém, a escola com sua falta de estrutura, de diálogo entre quem faz e quem pensa a educação, de comprometimento de muitos setores, está formando estudantes de forma fragmentada, não se forma o ser na totalidade política, social e crítica. Estamos formando cidadãos de direitos e deveres e não sujeitos emancipados com consciência de suas ações, que veja a possibilidade de agir e modificar a sociedade.
Além de ampliar a qualificação das formações de profissionais do Ensino Médio, é preciso melhorar as políticas públicas, garantir qualidade nas séries iniciais e finais do ensino fundamental, melhorar as condições do ambiente estrutural e educacional escolar, o currículo, melhores condições de trabalho e garantir o acesso pleno à escola pública de qualidade, dos turnos noturno e diurno, com a mesma eficiência em ambos. Enfim, tudo depende de vontade política para mudar esta realidade de forma específica na qualidade e na equidade. É preciso um plano de ambição, não planos para “acomodar desejos”. É preciso um compromisso que envolva a todos, apartidário e sem vaidades, com transparência tanto na evolução como nos gastos, isso é fundamental.
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