Percepção das/os professores/as quanto aos desafios e possibilidades para o fortalecimento do Ensino Médio

Autores: Profª. Ana Clara Bruschi Profº. Carlos Alberto dos Santos Profª. Kátia Regina Dalri Abdala Profª. Luciana M. Bellanda Mello Profª. Margareth Aparecida Leite Profº. Nelson da Silva Aguiar Profº. Robinson de Souza Rodrigues (orientador do grupo) Profª. Sirley Matias Machado Profª. Tania A Lopes

Após reflexões e debates acerca do texto Um balanço histórico institucional, identificamos que existem diferentes compreensões sobre a realidade, os desafios e as possibilidades para e do ensino médio. O que talvez, não pudesse ser diferente, já que o nosso grupo é composto por sujeitos com diferentes experiências, seja de formação acadêmica ou de diferentes concepções de vida e que tais experiências podem interferir ou não, em nossas práticas pedagógicas, bem como, na forma como entendemos as necessidades das/os nossas/os alunas/os. Assim, mesmo que possam ser entendidos como contraditórios, procuramos elencar alguns aspectos entendidos como possíveis desafios a serem enfrentados diante da realidade atual do ensino médio. Tais desafios foram apontados a partir das nossas reflexões e percepções, coletivas ou individuais, sobre as interações em sala de aula, com as/os nossas/os alunos/as, que também pertencem a diferentes realidades: i) a permanência dos/as alunas/os na escola é “complicada”, por exemplo, como fazer para que as/os alunas/os permaneçam em sala de aula numa sexta-feira a noite? ii) talvez a evasão, se dá diante da possível ausência de objetividade, por parte das/os alunas/os, quanto ao por que da conclusão do Ensino Médio; iii) entendemos que existe a falta de uma política pública educacional direcionada ao ensino médio, que possa orientar efetivamente professoras/es e alunas/os quanto aos objetivos do Ensino Médio: a profissionalização e/ou preparação para o ingresso ao ensino superior, ou talvez a escola deve garantir a aprendizagem visando atender as necessidades do mercado de trabalho e/ou demarcar a linha daqueles/as que serão oprimidos/as diante da desigual distribuição de renda e oportunidades brasileira; iv) nossos/as alunos/as muitas vezes vêm para a escola por outros motivos, não para adquirir conhecimentos sistematizados, talvez venham para a escola para o convívio social com amigos/as, num espaço que tem lanche (merenda) e não por valorizarem a escola como um espaço de ensino e aprendizagem das diferentes áreas de conhecimentos; v) existe um vácuo entre os entendimentos das/os professores/as e alunas/os quanto aos objetivos da escola, pois durante a nossa formação acadêmica tivemos pouca ou nenhuma discussão acerca dos desafios contemporâneos, que possam orientar as nossas abordagens de forma a compreender e respeitar as diversidades presentes nos espaços escolares (pertencimentos de gênero, de raça/etnia, de identidade de gênero, orientação sexual, contato com as tecnologias). Neste sentido, na tentativa de conhecermos melhor as/os nossas/os alunas/os, elaboramos um questionário, para a construção inicial, de um banco de dados com o perfil social, cultural e econômico dessas/es, matriculados/as no Ensino Médio do CE Polivalente de Curitiba – EF e EM. RESULTADO DO

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO (gráfico em anexo)

Como chegar à universalização do ensino médio? Diante da questão reflexiva entendemos que iniciou o processo de universalização quando o ensino médio passou a integrar a educação básica e as Diretrizes Curriculares de Ensino Médio começaram a ser discutidas, viabilizou-se a expressão “novo ensino médio”, que na nossa compreensão representa um reconhecimento da necessidade de romper com a condição de “ensino de minorias sobreviventes”, onde a maioria das/os jovens em idade escolar adequada estavam fora desta realidade, por repetência ou pela evasão escolar, para à universalização e à construção de uma nova escola, capaz de preparar os jovens para um destino incerto, marcado por mudanças cada vez mais rápidas. Assim, universalizar o ensino médio é assegurar que toda a população de 15 a 17 anos frequente as séries adequadas a cada idade, exigindo primeiramente que as/os alunas/os com 15 anos ou mais que estão no ensino fundamental cheguem e sejam incorporadas/os, permaneçam e concluam o ensino médio. Além disso, são necessários levantamentos e diálogos com e entre as/os educadoras/es, gestoras/es dos diferentes ciclos da educação básica, na busca de soluções dos desafios ainda presentes, quanto às/aos de jovens que estão ainda fora da escola. Buscar desta forma, colocar em prática estratégias para que concluam sua escolaridade. Mas não basta as/os jovens freqüentar a escola, mas construir aprendizagens relevantes e significativas ao longo de sua escolaridade. E isso se faz numa escola genuinamente para jovens, resolvendo de vez a crise de identidade do ensino médio. Educar para a vida, não para “passar no vestibular”. E educar para a vida é ensinar o que faz sentido. Concluímos que isso precisa ser feito: com recursos financeiros para o ensino médio, que sempre viveu com as sobras do ensino fundamental; com políticas focadas na educação básica; e com professores bem formados e melhor remunerados. Com o compromisso de construir coletivamente a escola que faça diferença na vida dos jovens e na vida do País.

Referências:

Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno I : ensino médio e formação humana integral / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [autores : Carmen Sylvia Vidigal Moraes... et al.]. – Curitiba : UFPR/Setor de Educação, 2013.