Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio

Organizar é planejar. Planejar como se estruturará a vida escolar dos nossos alunos pertencentes ao ensino médio em termos educacional, social e político configurando a escola enquanto espaço aberto aos debates democráticos. Assim, fica assegurada a comunidade escolar o direto a voz e voto no que diz respeito às mudanças que estão ocorrendo na sociedade e suas respectivas influencias. A estratégia utilizada para estes debates é a reflexão.

Atualmente, estamos redemocratizando a sociedade, ampliando conceitos de pluralidade e diversidade. De acordo com a nossa Constituição Federal no artigo 3º, inciso IV, “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer formas de discriminação” é o objetivo da República. É uma tendência a busca por esta garantia de “justiça”. Na escola, nos deparamos com a busca pela garantia ao acesso à educação e ao direito a aprendizagem para todos.

Quando o assunto é “para todos”, existem sempre alternâncias. Estabelecer elementos comuns e singularidades não é uma tarefa fácil. A principio, é preciso reconhecer estas “diferenças” e admitir que o respeito a elas não é algo natural, mas sim, uma atitude que precisa ser interiorizada a partir do conhecimento e da reflexão. Este é o desafio no qual a escola se depara dia após dia. Organizar o seu trabalho pedagógico privilegiando ações que possibilitem este conhecimento e reflexão com ênfase na participação de todos.

A escola é composta por um público extremamente distinto entre si. De um lado temos uma juventude com múltiplas dimensões e, do outro, docentes com trajetórias e experiência bem diferentes. Essa situação requer políticas que articulem a concepção de uma juventude diversificada, a formação inicial e continuada dos professores e a gestão democrática da escola.

A classe dos professores, também, é constituída na pluralidade e diversidade. Daí a importância da formação continuada integrada ao cotidiano da escola considerando a experiência pedagógica e os diferentes saberes trazidos pelos professores. Nestes momentos, é necessário, fazer uma larga reflexão sobre a nossa trajetória de formação na busca pela identificação dos problemas da escola. A formação continuada de qualidade é um direito do profissional no decorrer de toda sua carreira. Um direito que precisa ser estendido a todos, professores, coordenadores e gestores articulando-os num mesmo objetivo, tornar a escola um local em que se ensina como exercer a cidadania em prol da construção de uma sociedade livre de preconceitos e atitudes discriminatórias.

Neste contexto, o aluno precisa fazer “exercícios” que promovam discussão e reflexão sobre a importância da sua participação na organização da vida em sociedade. Estes exercícios podem se dar através da integração nos Grêmios Estudantis e nos Conselhos de Classe Participativos. O primeiro tem sua estruturação bem definida na maioria das escolas. O que falta ainda é a sua participação consciente e responsável, efetivamente, no cotidiano escolar. Já no que se refere aos Conselhos de Classe Participativos, percebesse, ainda, um cenário muito primário e deficiente, mais visto como um campo de batalha do que uma boa chance de ter um momento de discussão e reflexão com a participação, mesmo que representativa, de todos.

Outro aspecto importante a ser observado é a construção dos Currículos para o Ensino Médio. Este deve ser resultado de debates coletivos considerando as demandas atuais. Nenhuma disciplina deve ser excluída, mas sim reconfigurada estabelecendo relações com as demais. Visto que estas relações configuram nossa realidade. Desta forma, planejar é construir essa realidade, transformar o que já possuímos buscando uma possível “unidade” dentro de um contexto bastante plural e diversificado.

Para Veiga, “Ensinar é um ato intencional” (2006, p 21), já a organização do trabalho pedagógico vai além da intenção, ele requer participação, planejamento e respeito às opiniões. Professor, aluno e gestor têm seu papel nesta organização para que ela, realmente, se configure nos ambientes escolares. Neste sentido, há documentos através dos quais é possível visualizar ou não a participação coletiva. São eles, o Projeto Político-Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular, Plano de Trabalho Docente, Regimento Escolar e os Estatutos (APMF, Conselho Escolar e Grêmio Estudantil).

Todos esses documentos são de natureza intencional e que visão a organização do trabalho pedagógico dentro das escolas. Existe a necessidade de periodicamente sujeitá-los a reescrita como uma ação coletiva visando adequá-lo ao contexto educacional atual e conseqüentes demandas sociais, assim como suas influencias diretas e/ou indiretas nos processos educacionais. Todos são contratos sociais a serem respeitados, para tanto devem resultar da participação de todos. Esta participação exige tempo, trabalho e disposição para que aconteça. Tempo para refletir, trabalho no reconhecimento dos dilemas educacionais e busca de “soluções” e disposição para realização desta tarefa.

Organizar o trabalho pedagógico é necessário e, indiscutivelmente, importante. Porém, não podemos esquecer que se trata de um processo e, como tal, permeado de etapas a serem cumpridas.

 

Professores do PACTO/2015

Colégio Estadual Sertãozinho - EFM

Matinhos - PR