O Jovem como Sujeito do Ensino Médio - Colégio Estadual Arcângelo Nandi

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Colégio Estadual Arcângelo Nandi

Santa Terezinha de Itaipu

NRE – Foz do Iguaçu

Orientador de Estudo: Anna Beatriz Pontes Silveira

Participantes:

Adelino Zanone

Anna Beatriz Pontes Silveira

Dianne Venson

Juliano de Souza Ferraz

Maria Angélica Morini

Maria Luzia Soares da Silva Buzzanello

Mabelly Venson

Sergio Luiz Albuquerque

Valmiro da Silva

Verônica Aparecida de Oliveira Albuquerque

Síntese do caderno II - O Jovem como Sujeito do Ensino Médio

O jovem da nossa escola está inserido de forma grandiosa neste contexto virtual. Para tantos, é como se fosse assim desde sempre. Talvez não se dê conta que esse advento da comunicação instantânea e de acesso barato e fácil é contemporâneos mesmos.

No debate proposto ao alunos, ficou evidenciado a confiança que os mesmos depositam nas amizades virtuais, nos grupos de relacionamento e nas redes sociais. Em muitos relatos faltou discernimento de separação entre os dois mundos, o virtual e o físico. E talvez ai reside o problema relatado pela maioria.

Outrossim, foi perceptível a valoração igualitária entre o que se conversa na internet e numa roda de amigos, ou talvez em dados momentos, se valoriza bem mais o que está distante.

Após a discussão, foi possível observar também que houve uma preocupação maior com a ideia de privacidade e crime cibernético, levando em conta sobretudo a super exposição comum aos tempos hodiernos.

Protagonismo juvenil e projeto de vida

A  questão da juventude na escola é um desafio pela busca da compreensão a respeito do que significa ser jovem e estudante em nossos dias,  e sobre em quais bases precisamos construir nossos relacionamentos com os jovens estudantes.  

Sem dúvida, as chaves para superar o mal estar  que muitas vezes  paira nas escolas é tecer bons relacionamentos. Em vez da busca por culpados pelo mal estar, é preciso promover a conscientização de que a educação é compromisso de todos, e zelar pelo bem estar no ambiente escolar também. Por exemplo, é importante se perguntar “o que estou fazendo vai contribuir em quê?”

Historicamente, sabe-se que a escola foi criada para atender uma determinada clientela elitizada, e de certa forma, continua no mesmo formato, onde para muitos o professor é o detentor do conhecimento e está aí para classificar, atribuir nota.

No entanto,  faz-se necessário que os jovens sintam-se autônomos intelectualmente, e para isso é imprescindível o trabalho do professor como orientador, pois, hoje mais do que nunca, com o excesso de informações, é preciso não perder de vista o  conhecimento  acumulado pela sociedade ao longo do tempo.

As novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio (Brasil 2012), apontam os jovens estudantes  como sujeitos do processo educativo. Para isso, o Conselho Nacional de Educação (CNE, 2011) explicita a necessidade de uma “reinvenção” da escola, objetivando o aprimoramento do educando na totalidade. Sendo assim,  é necessário a aproximação dos estudantes, compreendê-los e reconhecê-los, visando o  diálogo.

 Construindo uma noção de juventude

São os que vivem a juventude hoje é que sabem e sentem o que é ser jovem. É preciso, portanto, aproximar para compreender o que é viver a juventude na atualidade.  O jovem  necessita ser percebido como sujeito e não como objeto. Precisa ser visto além dos muros da escola.

Tecnologia X sala de aula? Disputa? Conflito?

Na sala de aula é possível conviver harmoniosamente o impresso e o digital, pois um complementa o outro. Na realidade,  é necessário o diálogo, e, alunos e professores precisam  estar cientes de que tudo é uma questão de adequação situacional, ou seja, que tecnologia usar, onde, quando e por quê.

 Também, há muita preocupação e crítica ao “internetês”,  mas como já citado anteriormente, basta os envolvidos no processo  estarem cientes sobre as situações de  comunicação, por exemplo, qual  é o público alvo, qual é o suporte, que tipo de linguagem usar para determinada situação, etc.  Tendo isso internalizado, o “internetês”  não será problema.

 Projetos de vida, escola e trabalho

É  importante que os professores  oportunizem meios  para que os estudantes falem de si e de  seus  projetos futuros.  Dentre as atividades realizadas com adolescentes e jovens, visando aproximação, sentimento de pertença ao grupo, bem como fortalecimento de vínculos,  destaco a produção de autoacróstico, em que cada um foi orientado a escrever seu nome na vertical, e na horizontal, adjetivos (positivos) para si mesmo. Depois  houve motivação para ilustrar os textos  com elementos pertinentes ao projeto de vida, ou seja, a profissão almejada.  Foi um momento ímpar de encontro consigo mesmo,  onde muitos , pela primeira vez voltaram o olhar para si mesmos, se autoperceberam e quem ainda não havia pensado mais a sério sobre seus projetos de vida, começaram a despertar nesse sentido.  Alguns que não sabiam por onde começar, viram os  esboços dos colegas  que contemplavam áreas  diversas: designers, arquitetura, medicina, música, esportes, costura, etc, e sentiram-se também capazes e o resultado  superou a expectativa.

Como o Ensino Médio é a etapa final da escolarização básica, a escola precisa  refletir sobre seu papel diante do jovem e do mundo do trabalho,  proporcionando uma formação geral para a vida, articulando ciência, trabalho e cultura.

Formação das juventudes, participação e escola

A escola procura pôr em prática  a participação cidadã, através de projetos como Mostra cultural, científica, jogos, etc, e também através dos conteúdos programáticos.  Uma vez que o professor planeja determinados  conteúdos , ele visa a formação para a vida e os aborda conforme a intenção e a situação.

A experiência participativa é educativa e formativa, e  propicia a vivência de valores de forma abrangente.  A participação, portanto,  é uma experiência  decisiva,  ao passo que o individualismo enfraquece.  Nesse sentido, a tarefa da escola é construir um vínculo entre a identidade juvenil e a experiência de ser  do aluno.  

Sugestão de atividade em grupos: Pesquisar nas páginas 56 e 57 deste caderno e em outros suportes a definição de violência, indisciplina e incivilidade .  Conceito e exemplos, depois, cada grupo  apresenta, em forma de seminário, e a partir daí, construir regras, se for necessário. Um dos objetivos  nesta atividade é que os envolvidos no processo percebam que algo que parecia inofensivo, pode ser um ato de violência, por exemplo. E a partir desta iniciativa, cada um pode se sentir co-participante  na construção das regras de boa convivência no ambiente escolar. 

1 –A relação professor aluno tem sido uma das principais preocupações no contexto escolar. A anos, estudos sobre esse tema vem tomando espaço, tendo como principais pesquisadores Luckesi, Libâneo e Paulo Freire. Tal relacionamento pode tomar diversas direções, podendo ser uma interação produtiva, de crescimento mútuo ou, ao contrário, pode tornar-se algo desgastante caso haja empatia por uma das partes. Muitos professores não são conscientes da importância de seu papel e de sua presença na vida do aluno, por outro lado, muitos dos estudantes não reconhecem a preocupação que seus professores tem com seu desenvolvimento intelectual, causando assim, o chamado “jogo dos culpados” como cita o texto do Caderno II dessa temática. Professores culpam alunos por não se esforçarem o suficiente enquanto alunos culpam professores por cobrarem rendimento além do possível.

Percebe-se assim, que é hora de acontecer, dentro de cada escola, estudos e reflexões entre alunos e professores sobre o papel da escola, e seus papéis dentro da escola. Torna-se necessário que professores compreendam as expectativas dos alunos, que por sua vez, precisam conhecer as de seus professores.

Através de uma pesquisa com alunos do 6° Ano e do 1° ano pude concluir que as ideias sobre o papel da escola, papel do aluno, papel do professor muda muito entre uma série e outra.

Para os alunos do 6° ano, a escola é algo muito importante, um local onde eles vão para aprender ler, escrever, fazer contas, e é através dela que vão “se tornar alguém na vida”. Seus professores, em maioria, são legais, ensinam bem e se preocupam com o que estão aprendendo. Para essa faixa etária de alunos (11 anos em média) o aluno deve ser obediente, realizar as tarefas de casa e estudar para as avaliações.

Já no 1° ano do Ensino Médio, os alunos que tem idade média de 15 anos, a pesquisa demonstra que os alunos estão insatisfeitos com os métodos de ensino. Esses reconhecem a importância da instituição educacional, porém, não acreditam que os métodos utilizados vão ajudá-los na conquista daquele objetivo traçado no 6° ano: ser alguém na vida. Um aluno cita que “faltam engrenagens para a máquina da escola funcionar devidamente”, explicando assim a falta de motivação dos alunos e de autoridade do professor.

2 – Ao questionar alunos do Ensino Médio sobre o tema “Redes Sociais Aproximam ou Afastam as Pessoas?” percebe-se que esses acreditam que nas redes sociais têm maior liberdade de expressão pois ninguém está olhando para eles enquanto publicam o que estão pensando, que podem encontrar amigos que não veem a tempo, ou fazer amizades com pessoas até então desconhecidas, que não irão julgá-los como as pessoas próximas fazem.

3 – Certamente, o professor é um espelho para o aluno que vê nele um exemplo tanto profissional quanto pessoal. Dessa forma, esse reconhecimento deve ser algo positivo.

Muitos de nossos alunos, quando questionados sobre futuro, o veem como algo que vai demorar a chegar. Muitos não têm metas, objetivos a alcançar. Outros, já o tem traçado.

Foi perceptível a diferença entre as opiniões dos alunos do matutino e noturno. Estudantes do período da manhã, em sua maioria, não trabalham (apenas alguns que trabalham como cuidadores de crianças ou no comércio), moram com os pais, porém poucos ajudam nas atividades domésticas. Esses fazem planos a longo prazo: objetivam concluir o Ensino Superior e ter uma profissão estável. Querem constituir família, ter uma casa espaçosa e um carro de luxo. Entre os alunos do noturno, maior parte já trabalha (comércio ou construção civil) e tem sua própria renda, seus objetivos são a curto prazo e mais modestos que os alunos do matutino. Alguns pretendem cursar uma faculdade em uma área compatível ao que trabalham hoje, porém, não é objetivo da maioria, que pretende trabalhar em uma empresa estabilizada no mercado ou fazer concurso público a nível médio. 

Da mesma forma, e pensando no presente de muitos jovens trabalhadores, tente também saber quantos estudantes trabalham em suas turmas; que trabalho realizam; quais trabalhos já fizeram; sob quais condições; se foram feitos com segurança e proteção ou em condições de exploração e desproteção. Seus estudantes têm consciência de seus direitos de trabalhadores e trabalhadoras? Não trabalham, mas pensam em trabalhar ainda durante o tempo de escola?

Que tal abrir um diálogo com eles sobre essas e outras questões.

 Esta proposta foi discutida com os alunos do terceiro ano do ensino médio do período noturno, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi de Santa Terezinha de Itaipu. Finda a discussão, solicitei que os mesmos escrevessem em poucas linhas, sua visão sobre o trabalho, sua necessidade e sua relação com a escola. Foram produzidos nove textos. Em síntese, todos os alunos mencionaram que o trabalho é necessário por que é através dele que conseguem “grana” para executar seus planos de consumo, seja a aquisição de bens como telefones, roupas ou veículos, seja a condição de frequentarem bares, baladas e afins. Poucos alunos mencionaram a necessidade do trabalho para comprarem casas ou terem uma vida sossegada, ou ainda darem melhores condições para seus pais. Dos nove que produziram texto, cinco trabalham. Seus trabalhos atuais envolvem vendas, mecânica, serviços de office-boy e babá. Apesar de todos informarem que trabalham de maneira informal, contam com condições de segurança e ambientes adequados à execução.  Os que não estão trabalhando no momento, informaram estarem buscando emprego. Todos, durante a discussão, informaram que precisam garantir seus direitos, como carteira assinada, férias, décimo terceiro salário e outros, porém, que no momento e na idade em que se encontram, precisam se dispor a trabalharem sem essas garantias iniciais. Sob o aspecto da relação entre o trabalho e a escola, os comentários foram muito interessantes, pois todos mencionaram que um trabalho melhor está vinculado com um bom estudo. Apesar disso, alguns comentaram que a escola está para eles por obrigação dos pais e que não consideram a possibilidade de entrarem no ensino superior para conseguirem empregos bons ou uma carreira bem sucedida. Informaram que estudar e trabalhar ao mesmo tempo é cansativo, mas faz com que não fiquem tanto tempo dependendo dos pais e consigam de alguma forma, certa independência financeira.

A conversa foi muito produtiva e permitiu uma aproximação muito bacana entre os alunos e os professores envolvidos, pois trocamos experiências de vida que sempre fazem o sujeito valer mais do que as coisas ou do que os títulos. Comentamos sobre nossas primeiras experiências de trabalho, como isso afetou nossa escolha profissional e quais nossas expectativas para o futuro.