"Murais com histórias": a busca incansável das avós argentinas pelos netos sequestrados durante ditadura

A ditadura argentina, que durou de 1976 a 1983, sob o comando do general Videla, deixou um rastro de morte, destruição e esquecimento. Foram 30 mil assassinados – 10 mil desaparecidos – entre civis, idosos e crianças. Cerca de 500 bebês foram sequestrados pelo Estado e adotados por famílias colaboracionistas, dos quais 95 já foram recuperados pelo trabalho militante de duas associações: as Mães da Praça de Maio e as Avós da Praça de Maio.

Numa busca incansável, até hoje, as mães e avós de desaparecidos políticos continuam buscando por filhos e netos, identidade e memória. Com a ajuda de artistas, as “abuelas” começaram a colorir as paredes do país com mensagens para seus netos desconhecidos, tentanto se valer do papel educativo dos muros da cidade instigando as pessoas a refletirem sobre seu passado. Chamado de “Murais com histórias”, o projeto já chegou a Buenos Aires, Lanús e Mendoza.

Pintar murais é uma técnica artística bastante antiga. Durante a revolução mexicana, que se opunha a ditadura de Porfírio Diaz no começo do século 20, Diego Rivera, companheiro de Frida Kahlo, junto a outros artistas da época, resolveram retomar a tradição milenar do país de pintar os muros. Convecidos de que o melhor lugar para sua arte seria nas ruas, nas vilas e cidades do país, começaram a desenhar imensos painéis, com motivos de luta popular e resistência, reforçando o caráter público de suas obras.

Nada mais próprio para a finalidade das avós argentinas que seguem sua incansável busca por identidade...