A Marcha das Vadias: o corpo da mulher e a cidade

Fonte: Diana Helene – Crocomila ( http://feminismurbana.wordpress.com/ )

"eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente com a roupa que escolhi
e poder me assegurar, que de burca ou de shortinho
todos vão me respeitar!” ¹

As Slut Walks começaram no ano de 2011 em Toronto, Canadá, e se espalharam rapidamente. Em função da internet a notícia da realização da primeira marcha correu o mundo, fazendo mais de 200 cidades a reproduzirem poucas semanas depois². No Brasil, ganharam o nome de “Marcha das Vadias³” e aconteceram em cerca de 30 cidades diferentes4. Segundo Jessica Valenti os protestos se espalharam de forma viral e tornaram-se, em poucos meses, “the most successful feminist action of the past 20 years”5.

Uma das características mais interessante das Slut Walks é que tanto sua organização, quanto sua reprodução acontece de forma descentralizada, com a internet como meio de propagação, organização e repercussão. Muitos protestos contemporâneos têm base na popularização das recentes tecnologias de informação e comunicação: a internet aliada a aparelhos celulares multi-funções, máquinas fotográficas e filmadoras, tem construído uma gama de conteúdos digitais que estão em constante troca, contraposição e retroalimentação em redes sociais, blogs, etc. Por essa razão, esse artigo se utiliza dos discursos construídos pelos participantes e ativistas das marchas por meio da internet, bem como sua reverberação neste meio, na reivindicação de uma nova relação entre o corpo da mulher e a cidade.

As lutas de libertação das mulheres tem historicamente o caráter da escala do corpo: do controle de fertilidade às políticas de aborto, punições às violências sexuais e outras invasões ao corpo da mulher sem consentimento, maneiras de se vestir, mutilação/alterações corporais marcadas pelo gênero, chegando aos lugares que o corpo da mulher pode acessar na escala urbana, saindo do âmbito “doméstico”, para as ruas.

Para continuar a leitura: você pode ler online no site do “coletivo de vadias de Campinas”: https://marchavadiascampinas.milharal.org/o-que/a-marcha-das-vadias-o-co... ou baixar em PDF: http://www.redobra.ufba.br/wp-content/uploads/2013/06/redobra11_08.pdf

NOTAS:

1 Canto entoado pelas mulheres na “Marcha das Vadias” de 2011 no Rio de Janeiro – Brasil. In: HELENE, Diana. “Se cuida seu machista, a América latina vai ser toda feminista”. Disponível em: http://mstrio.casadomato.org/se-cuida-seu-machista-a-america-latina-vai-ser-toda-feminista/(último acesso 27/06/2012).

2 Países que já realizaram Slut Walks:Estados Unidos, Inglaterra, África do Sul, Alemanha, França, Holanda, Suécia, Escócia, Portugal, Israel, Dinamarca, Espanha, Índia, Singapura, Nova Zelândia, Honduras, Austrália, Coreia do Sul, Nepal, Romênia, Argentina, México, Nicarágua, Equador, Colômbia e o Brasil (mapeamento na internet – 2012).

3 A tradução do termo original Slut Walk se manifestou de diferentes formas, devido as diferentes palavras usadas para designar uma slut. No estado do Ceará, por exemplo, foi utilizado o nome “Marcha das vagabundas”. Em Portugal “Marcha das Ordinárias” e “Marcha das Galdérias”. Na maioria dos países de língua espanhola o nome escolhido foi “Marcha de las Putas” (mapeamento na internet – 2012).

4 Cidades brasileiras (por estado) – Paraíba: João Pessoa; Ceará: Fortaleza, Barbalha; Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Esteio, Pelotas, Santa Maria; Mato Grosso: Cuiabá; Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Dourados; São Paulo: Araraquara, Campinas, São Paulo, São Carlos, São José dos Campos; Paraná: Curitiba, Criciúma, Londrina; Pernambuco: Recife; Maceió: Alagoas; Amapá: Macapá; Pará: Belém; Distrito Federal: Brasília; Minas Gerais: Belo Horizonte, Juiz de Fora; Bahia: Salvador, Itabuna Espirito Santo: Vitória; Rio Grande do Norte: Natal; Santa Catarina: Florianópolis; Rio de Janeiro: Rio de Janeiro; Sergipe: Aracaju; e Goiânia: Goiás (mapeamento na internet – 2012).

5 A mais bem sucedida ação feminista nos últimos 20 anos (tradução livre). In: VALENTI, Jessica. “SlutWalks and the future of feminism”. The Cap Times. Junho de 2011. Disponível em: http://host.madison.com/news/opinion/article_bcd1828b-7c59-5115-bee4-a7f... (último acesso 26/06/2012)

HELENE, Diana. A Marcha das Vadias: o corpo da mulher e a cidade. In: REDOBRA 11 [ano 4, número 1], CORPOCIDADE 3, 2013, PP. 68 -79 (acesse online: http://www.redobra.ufba.br/)

Se você é mulher, já sofreu algo parecido com o que está na imagem? Se é homem, já presenciou? Você já conhecia a "Marcha das vadias"? Dialogue com a gente! Queremos saber o que você tem a dizer!