LINGUAGENS – caderno 04 – etapa II

Colégio Estadual do Campo São Roque – Ensino Fundamental e Médio
Orientadora
: Nadir Teresinha Gatelli
Cursistas:
Eliane Terezinha Bedin
Elton José Schaefer
Loreni Foletto Toigo
Maria Janete Bottega Corbari
Marines Maria Penso
Marinice Bencke Sotoriva
Natiele Sehn
Rosangela Aparecida Borovicz de Oliveira
Silvana dos Santos Franzen
Sonia Regina Radaelli

ANALISE DO FILME “O ENIGMA DE KASPAR HAUSER”

O filme “O Enigma de Kaspar Hauser”,  narra a história real de Kaspar Hauser, uma criança abandonada encontrada na Alemanha do século XIX, que foi criada no isolamento e privado de educação e dos filtros e estereótipos culturais que condicionam a percepção e o conhecimento humano.
O filme trata a questão do desenvolvimento humano e é possível perceber através do mesmo que o ser humano é em parte produto do meio em que vive.
Kaspar Hauser era um menino que foi criado sem nenhum contato humano, possuía as características naturais humanas, mas estava completamente desvinculado das características culturais. Era humano, possuía características físicas, mas não sofria estímulo social.
Ao chegar a Nuremberg, a sociedade o vê com estranheza. Ele próprio se vê, de repente, num mundo estranho. O filme mostra Kaspar Hauser na praça de Nuremberg com um olhar assustado. Na verdade tudo lhe é estranho: as dimensões, os movimentos, a perspectiva, o pensamento, a fala.
Quando apareceu em Nuremberg, o garoto não entendia nada do que lhe diziam; sabia falar apenas uma frase: "quero ser cavaleiro" e não sabia andar direito. Seu comportamento estranho para os padrões sócio-culturais estabelecidos causava um misto de espanto e interesse.
Com o passar do tempo aprende a realizar algumas atividades e a falar, no entanto não estabelecia relações entre o simbólico e o concreto. Tendo vivido no isolamento, K. Hauser não aprendeu nem internalizou este sistema simbólico que, para ele, não fazia sentido.
Somente depois de muito tempo convivendo com a comunidade de Nuremberg é que Kaspar Hauser começa a entender a relação simbólica e a relação de representatividade entre os signos e as coisas concretas.
Podemos concluir que, como Kaspar Hauser não passou por um processo de socialização, onde exercitaria a compreensão através da prática social, não conseguiu atribuir significado às coisas, mesmo tendo adquirido a linguagem. Assim, analisando o caso de Kaspar Hauser, somos levados a pensar que não apenas o sistema perceptual, mas as estruturas mentais e a própria linguagem são resultantes da prática social, ou seja, as práticas culturais "modelam" a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito.
O filme nos mostra-nos que a "humanização" do homem, entendida como socialização, não é uma decorrência biológica da espécie, mas consequência de um longo processo de aprendizado com o grupo social. Através desse processo, o indivíduo se integra no grupo em que nasceu assimilando o conjunto de hábitos e costumes característicos desse grupo. Participando da vida em sociedade, aprendendo suas normas, valores e costumes, o indivíduo está se socializando, reprimindo suas características instintivas e animais e desenvolvendo as sociais e culturais, Enfim, a essência humana está diretamente vinculada ao ser social.
Isso nos faz refletir sobre o quanto a linguagem e a cultura que representa as diferentes formas de expressão, torna-se importante para o desenvolvimento psicológico do indivíduo, e quanto a privação acarretou consequências danosas, pois a linguagem nos oferece uma gama de possibilidades e mudanças para reescrevermos a nossa própria história de vida e de ações sociais.
            Contudo, as problemáticas surgem, como as linguagens e seus códigos são pertinentes ao desenvolvimento social? Há uma linguagem, ou há linguagens? Como nos apropriamos das linguagens ao longo da vida? A escola fala a mesma língua que o educando? Assim, o longa nos aponta para uma reflexão da própria realidade escolar, nos aponta para o paradigma de uma educação plural e integral do indivíduo, ou seja, a linguagem é fundamental para o desenvolvimento  cognitivo, psicológico e social dos sujeitos inseridos e emancipados em uma sociedade.