ETAPA II CADERNO IV CEEBJA HELENA KOLODY – FOZ DO IGUAÇU - PARANÁ

ETAPA II CADERNO IV
CEEBJA HELENA KOLODY – FOZ DO IGUAÇU -  PARANÁ
Coordenadora: Luz Marina Pretz
Participantes:
Cleidi Schindler
Eloir  Pichek
Gerson Luis Maciel
Hilda Soares Silva Dacorreio
Maria de Lurdes Matias dos Santos Moreira

          Kaspar Hauser, um personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 1828, com supostamente 15 anos, quase não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano, pois desde a mais tenra idade, foi privado do convívio social. Sua trajetória de vida é o triste resultado de sua carência de cultura e do não desenvolvimento da linguagem. O total isolamento na caverna por tanto tempo, impactou fortemente sua formação como indivíduo.
          Muito tempo após sua reintegração na sociedade, já com a linguagem mais desenvolvida, percebe-se ainda a dificuldade dele em entender às pessoas e suas reações.
Essa obra é repleta de simbolismos. Podemos estudar as experiências vividas por ele de diversas maneiras. Se levarmos em conta a importância do aprendizado da linguagem para o bom relacionamento interpessoal é o fator que mais chama a atenção. Com relação à linguagem – “esta área desempenha um papel importante, na medida em que é constitutiva das relações humanas”. (caderno p10).
          Tanto que podemos observar quando Kaspar Hauser menciona em uma de suas falas:
- “Tenho que aprender a ler e a escrever para depois poder compreender”.
Conhecer o mundo pela linguagem, por signos linguísticos, parece não ser suficiente para ele, pois a única forma lingual que conhece é a palavra “cavalo”. Embora alguns autores insistissem em afirmar que o pensamento e a linguagem se originam independentemente, fundindo-se mais tarde no tipo de linguagem interna que constitui a maior parte do pensamento maduro.
          O personagem não passou por um processo de socialização, onde exercitaria a compreensão através da prática social, não consegue atribuir significado às coisas, mesmo tendo adquirido a linguagem.
           Assim, analisando o caso de Kaspar Hauser, somos levados a pensar que não apenas o sistema perceptual, mas as estruturas mentais e a própria linguagem são resultantes da prática social, ou seja, as práticas culturais "modelam" a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito.
           Portanto a linguagem constitui visão de mundo e valores sobre tudo o que nos cerca, logo, a linguagem foi algo que o personagem do filme não conseguiu fazer uso, pois enquanto privado do convívio social, o silêncio era sua única companhia. “Não somente a ausência de vozes externas, mas o silêncio interno, da mente vazia”. (Marques p 45). Kaspar Hauser não poderia conhecer a si mesmo sem ter alguma relação interpessoal, sem referências. Não havia a linguagem para que ele pudesse definir as coisas que via e experimentava no cativeiro.
           Anteriormente às práticas de interação dos nossos alunos, é fundamental entender o significado do termo interatividade, que compreende a participação ativa do receptor diante de um processo comunicativo. Nesse sentido, entendemos que os nossos sujeitos estudantes do ensino médio se expressam e/ou interagem com e por meio de variadas tecnologias, umas permitindo uma interação mais recíproca, outras nem tanto.
           O telefone, por exemplo, bastante acessível aos nossos jovens, é uma mídia interativa, pois permite o diálogo, a comunicação recíproca entre os falantes.
            Podemos citar também o videogame como meio de influência mútua, à medida que há uma reação do mesmo aos comandos do jogador, o mesmo pode, ainda, gerar uma diversidade de “partidas” e permite ao jogador até mesmo reformular as informações e tomar outros rumos. A interação pode tornar-se mais efetiva quando há dois jogadores que irão traçar objetivos diferentes para superar os desafios.
           A internet se firma como principal meio de interação e expressão dos nossos jovens, à medida que proporciona possibilidades nunca antes imaginadas no contexto da comunicação, permitindo a todos ter acesso a qualquer informação e interagir com qualquer pessoa em tempo real. Contudo, essa ferramenta é mais utilizada pelos jovens como forma de entretenimento do que para os estudos.
           É inegável o potencial do uso dos conteúdos multimídias no ensino, mas estamos diante de um conflito de gerações; uma de professores acostumados com DVD, videocassete, etc e outra de jovens acostumados com celular e internet banda larga. Assim, nós professores devemos nos atualizar e conhecer a fundo esses novos recursos. Feito isso, acredito que o primeiro passo seria aperfeiçoar as pesquisas na internet com orientações como: encontrar um site conhecido e confiável, comparar as informações do mesmo com outros dados de outras fontes seguras; aprender técnicas de pesquisa que vão direto ao ponto; utilizar portais que permitam a interação como os blogs, fóruns, etc.
           O uso de imagens, animações, vídeos são recursos que, comprovadamente, fazem com que os alunos aprendam melhor um conteúdo, bem diferente de quando somente ouvem falar sobre o mesmo, além de despertar a curiosidade dos estudantes que passam a procurar na rede mais informações por conta própria.
          Portanto, o papel do professor é conhecer bem esta ferramenta para poder monitorar e orientar o uso saudável da rede e, consequentemente, se chegar a tão sonhada educação crítica.
          O processo pedagógico viabilizando a aprendizagem como um todo buscou dividir as áreas do conhecimento por disciplinas, digo como se fossem gavetas, ( agora vamos “estudar português, e abre-se a gaveta do português”) como se o conhecimento não se inter relaciona uns com os outros, numa interdisciplinaridade constante.  Assim o conhecimento.  É além das áreas das disciplinas.
          Ao preparar uma aula sobre a transgenia, visando a formação humana - proposta das DCNEM-, encontramos na   Biologia – mutação genética , um dos eixos mais importante a ser trabalhado interdisciplinar com outros temas transversais, como  o Meio Ambiente, e buscando na História e na Geografia, auxilio para a explicação do como chegamos ao transgênico. Trabalhando de maneira integrada, como por exemplo, a Matemática, podemos discutir os gráficos da evolução transgênicas, bem como na Química  a sua composição. Na língua Portuguesa, podemos discutir os teóricos relacionados ao tema , levantamentos de dados e/ou produção de textos.
        A linguagem é um fenômeno social que acompanha a humanidade desde as épocas mais remotas. A sua origem ainda é um enigma para os estudiosos, nas mais diversas áreas. Contudo, sabe-se da importância desse fenômeno para o salto qualitativo da evolução do homem. A partir da linguagem, complexificou-se as relações sociais.
          Sabemos também que a linguagem faz parte das práticas e das interações sociais e das representações de mundo a qual a está, nos do suporte para a compreensão e tomadas de decisões.
           A linguagem desde a sua origem se manifesta no sentido de evolução, porém é perceptível que na era digital o fator comunicação e linguagem avance como nunca antes imaginado na história da humanidade.
           Nesse sentido, percebemos que no nosso componente curricular a linguagem, - sobretudo da internet - , vem ganhando cada vez mais significado na nossa relação com o ensino- aprendizagem.
          A metáfora da árvore nos remete aos nossos conhecimentos pedagógicos. Imaginar as partes daquela árvore nos remete ao nosso trabalho pedagógico em que teremos/temos uma base- abordagem filosófica a nos ancorar.  É desta que sairá o que queremos explorar; ela nos sustenta, assim como as raízes de uma árvore a embasar o ensino-aprendizagem. Por outro lado o tronco da árvore assemelha-se ao método, pois é ele que liga a raiz ao objetivo final que é a experiência pedagógica, é o que liga o invisível (raiz-abordagem) ao visível (folhas-prática). Por fim, as folhas são o nosso resultado final, é a nossa técnica, a nossa prática cotidiana e que mostra de forma explícita o fazer pedagógico. No caso da linguagem, se coloca como algo que se percebe como essa interação, reflexão, ação com o mundo e seus significados.
Portanto, a compreensão e apropriação da linguagem, dos seus ‘significados e seus significantes’ são o objetivo final de uma educação libertadora, emancipadora e crítica dos nossos educandos.