'A escola poderia ensinar a arte de viver'

De Porvir

O filósofo Roman Krznaric atrai públicos numerosos para suas palestras sobre amor, trabalho e vida. Mas, apesar da popularidade, ele dispensa formalidades. Senta-se no sofá do lobby de um elegante hotel na avenida Paulista, oferece um café e começa a falar com as pessoas que ele acabara de conhecer como se fossem velhos amigos. Fala sobre seus dias no Brasil, amigos em comum e já envereda para um de seus temas preferidos: o fato de os sistemas educacionais dos quais fez parte, como aluno ou como professor, não o terem preparado para a vida. “Vamos para a escola ou universidade e não aprendemos sobre as coisas que mais nos preocupam na vida, como a forma de construir relacionamentos, de lidar com problemas familiares ou de escolher a carreira”, diz o australiano que passou parte da vida em Hong Kong e atualmente está radicado em Londres.

É principalmente na capital inglesa que Krznaric tem posto em prática a resposta que ele e um grupo de outras pessoas deram para esse descompasso entre vida e escola. Ele começou na cozinha de casa, convidando amigos, depois amigos de amigos, depois amigos de amigos de amigos, para conversar sobre o amor. Daí, claro, a cozinha ficou pequena e os encontros passaram a ocorrer em locais públicos. Era o início da The School of Life, ou Escola da Vida, instituição que dá aulas, oficinas e cria materiais sobre temas relacionados a trabalho, amor, família, política e diversão e que agora chega ao Brasil para trazer para cá oportunidades de discutir os dilemas do cotidiano.

 

Confira um trecho da entrevista com o filósofo e acesse a matéria na íntegra através  do site: http://porvir.org/porpensar/a-escola-poderia-ensinar-arte-de-viver/20130926

Como começou sua inquietação com os modelos tradicionais de ensino?

Quando eu olho para a minha própria educação – graduação, pós, doutorado – eu a considero um fracasso porque eu não aprendi nela habilidades para a vida. Nós vamos para a escola e não aprendemos sobre as coisas que mais nos preocupam na vida, como a forma de construir relacionamentos, de lidar com problemas familiares ou de escolher a carreira, como pensar sobre a criatividade e seu potencial. Nada disso se aprende nos nossos sistemas de educação. Sempre achei que tinha alguma coisa faltando na minha própria educação.

Na minha jornada pessoal, eu era um acadêmico tradicional, ensinava sociologia na universidade. Mas a burocracia estava me deixando louco. Eu achava que só poderíamos mudar a sociedade por meio de partidos políticos. Mas então eu comecei a entender que a forma de transformar a sociedade era mudando a maneira como as pessoas se relacionam. Na forma como eu e você aprendemos uns com os outros, como nos colocamos no lugar do outro, como agimos com empatia, como você se compreende enquanto pessoa.

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