E se a árvore for morta, valeu a intenção da semente

No momento em que a morte, apesar da regularidade com que diariamente acontece em nosso país, deixa toda uma população consternada, talvez pela forma chocante como ocorreu (entre as sete pessoas do avião, à noite, uma delas, cheia de vida, visitava milhões de lares por meio do jornal nacional, e na manhã do dia seguinte é anunciada a sua morte).

Este momento, este fato também serviu para nos relembrar a capacidade que a morte tem de igualar todas as coisas a cinzas, de uma hora para outra. Ela despe todos os homens da sua vaidade, do seu status, da sua coloração partidária, ideológica, religiosa, e o reduz apenas a um ser humano. Quer seja rico ou pobre, anônimo ou famoso, ela o reduz a condição inexorável de mortal, o que faz com todos nós seremos humanos, nos sintamos muito iguais, e talvez também por isso, ao menos nesse momento, mais sensíveis uns aos outros.

Uma coisa é certa, a morte nos deixa perplexos, e nos torna mais reflexivos sobre a vida e sobre o ato de viver.

Como uma pequena e singela homenagem, sobretudo aos familiares das vítimas, e nessa linha de buscarmos entender um pouco mais o sentido da vida, ou da morte, trouxemos essa poesia de Henfil para compartilhar entre nós.

Se não houver frutos,
valeu a beleza das flores;
Se não houver flores,
valeu a sombra das folhas;
Se não houver folhas,
valeu a intenção da semente.

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