A Diversidade e a Pluralidade no Ambiente Escolar

Grupo de Professores Participantes – Pacto Pelo Fortalecimento do Ensino Médio
CEEP. DR BRASILIO MACHADO
Coordenadora: Cibelle Anne Santos Silva.
Participantes: Edilaine do Pilar Basco; Edilane Utrabo;  John kennedy de Abreu; José Gustavo Pontes;  Lélia Valéria Dantas da Fonseca; Luíza Belém de Souza; Marcos Antonio de Oliveira do Nascimento; Nelci Terezinha Martins; Sabrina Giovanelli Carvalho

 

A Diversidade e a Pluralidade no Ambiente Escolar

A diversidade é uma questão que precisa incomodar a escola? A diferença precisa ser considerada na escola?  A escola não é uma instituição que tem sua prática fora da realidade da vida das pessoas. Nas palavras de Casassus (2002, pg. 29). “(...) a educação não é algo que acontece num  vazio social abstrato. Pelo contrário sua existência dá-se num contexto sociocultural concreto, o que é de suma importância”
A escola, cumprindo sua responsabilidade de formar  cidadãos, deve oferecer mecanismos que levem ao conhecimento e respeito das culturas, das leis e normas. Deve investir na comunicação dessas  normas  a todos os envolvidos com a educação. Deve, como  “aposta pedagógica” , ter um plano de ação para formar  os cidadãos para  favorecer o encontro, o contato e a valorização da diversidade. Essa “aposta pedagógica” se faz de forma desafiadora e com rigor, de modo que seus participantes sejam capaz de:
a) aprender a escutar;
b) aprender a formular argumentos;
c) aprender a avaliar argumentos e situações;
d) aprender a trabalhar em equipe.
É no ambiente escolar que os estudantes podem construir suas identidades individuais e de grupo, podem exercitar o direito e o respeito à diferença. A comunidade escolar precisa refletir no sentido de desvelar o currículo oculto que, ao excluir as diversidades de gênero étnico-racial e de orientação sexual, entre outras, legitima as desigualdades e as violências decorrentes delas.
É necessário contextualizar o currículo, cultivar uma cultura  de abertura ao novo, para ser capaz de absorver e reconhecer a importância da afirmação da identidade, levando em conta os valores culturais dos estudantes e seus familiares, favorecendo que estudantes e educadores respeitem os valores positivos que emergem do confronto dessas diferenças, possibilitando, ainda, desativar essa carga negativa de preconceitos que marca a visão discriminatória de grupos sociais, com base em sua origem étnico-racial, suas crenças religiosas, suas práticas culturais, seu modo de viver a sexualidade. Questões de gênero, religião, raça/etnia ou orientação sexual e sua combinação direcionam práticas preconceituosas e discriminatórias da sociedade contemporânea. Se o estereótipo e o preconceito estão no campo das ideias, a discriminação está no campo da ação, ou seja, é uma atitude. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar acesso, de negar humanidade. Nessa perspectiva, a omissão e a invisibilidade também são consideradas atitudes, também se constituem em discriminação.
Segundo ( Trindade, 2000, p. 9) “ A gente olha mas não vê, a gente vê mas não percebe, a gente percebe, mas não sente, a gente sente, mas não ama e, se a gente não ama a criança, a vida que ela representa, as infinitas possibilidades de manifestação dessa vida que ela traz, a gente não investe nessa vida, e se a gente não investe nessa vida, a gente não educa no espaço/tempo de educar, a gente mata, ou melhor, a gente não educa para a vida; a gente educa para a morte das infinitas possibilidades. A gente educa ( se é que se pode dizer assim) para uma morte em vida: a invisibilidade “.

Daquilo que vimos refletindo até aqui, fica evidente que a escola é uma instituição – parte da sociedade e por isso não poderia se isentar dos benefícios ou das mazelas produzidas por essa mesma sociedade. A escola é, portanto, influenciada pelos modos de pensar e de se relacionar da/na sociedade, ao mesmo tempo em que os influencia, contribuindo para suas transformações. Ao identificarmos o cenário de discriminações e preconceitos, vemos no espaço da escola as possibilidades de particular contribuição para alteração desse processo. A escola, por seus propósitos, pela obrigatoriedade legal e por abrigar distintas diversidades ( de origem, de gênero, sexual, étnico-racial, cultural etc), tornasse responsável juntamente com estudantes, familiares, comunidade, organizações governamentais e não governamentais- por construir caminhos para a eliminação de preconceitos e de práticas discriminatórias. Educar para a valorização da diversidade não é, portanto, tarefa apenas daqueles que fazem parte do cotidiano da escola; é responsabilidade de toda a sociedade e do Estado.
A diversidade no espaço escolar não pode ficar restrita às datas comemorativas, ou pior, invisibilizada. A comunidade escolar precisa avançar na reflexão de que a diversidade não se trata de “ mais um assunto” jogado nas costas dos educadores; não se trata de mais um assunto para roubar tempo e espaço para trabalhar os “conteúdos”. O currículo não é neutro. A diversidade está presente em cada imagem, em cada dado, nas diferentes áreas do conhecimento, valorizando-a ou negando-a.
É no ambiente escolar que as diversidades podem ser respeitadas ou negadas. É da relação entre educadores, entre estes e os educandos e entre os educandos que nascerá a aprendizagem da convivência e do respeito à diversidade. Pois, a diversidade, devidamente reconhecida, é um recurso social dotado de alta potencialidade pedagógica e libertadora.
“ Há que se estimular os professores para estarem abertos, para o exercício de uma educação por cidadanias e diversidade em cada contato, na sala de aula ou fora dela, em uma brigada vigilante antirracista, antissexismo, anti-homofóbica e de respeito aos direitos das crianças e jovens, tanto em ser, como em vir a ser, não permitindo a reprodução de piadas que estigmatizam tratamento pejorativo (…) o racismo, o sexismo, a homofobia, o adultismo que temos em nós se manifesta de forma sutil; não é necessariamente intencional e percebido, mas dói, é sofrido por quem os recebe, então são violências. E marca de forma indelével as vítimas que de alguma forma somos todos nós, mas sempre alguns mais que os outros, mulheres, os negros, os mais jovens e os mais pobres  ( Castro, 2005).”

Na escola convivem alunos de diferentes grupos sociais, ela a escola, deverá tratar todos com igualdade. Essa diversidade presente na escola acaba gerando sérios problemas de relação social, tais como preconceito e discriminação. Na sociedade brasileira as questões de discriminação e preconceitos ocorrem diariamente por causa da cor das pessoas, da etnia e classe social. Na escola observamos várias formas de desqualificação pais como: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto sugerindo incapacidade, ridicularizando alunos por serem negros ou, homossexuais ou ainda, por serem pobres. A origem desses preconceitos e discriminação está na falta de ações educativas de combate ao racismo e a discriminação. Daí a importância de se discutir essa temática com a comunidade escolar incluindo-a na organização do trabalho pedagógico. Pois, a partir do momento que a escola incluir a pluralidade e a diversidade como mola propulsora na sua organização do trabalho pedagógico, que tem como questão central os direitos humanos. Esse aprendizado em relação a esta sociedade plural contribuirá para a formação de cidadãos mais conscientes na convivência diária com grupos diferenciados, garantindo uma formação integral e a consolidação de sua cidadania.

CASASSUS, Juan. A escola e a desigualdade. Brasília: Plano Editorial, 2002.
CASTRO, M. G. Gênero e Raça: desafios à escola – IN: SANTANA, M. D. (org) Lei 10.639/03 – educação das relações étnicos-raciais. Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador, 2005.