CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DA DITADURA CIVIL-MILITAR COM OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO 3º ANO.

   Para debater sobre os conceitos da ditadura temos que ir além do livro didático, conhecer alguns argumentos e teorias onde as diversas ideias sobre o tema são abordadas.
   Para Marcos Francisco Napolitano de Eugenio que é historiador e professor em seu artigo “O golpe de 1964 e o regime militar brasileiro. Apontamentos para uma revisão historiográfica”  faz uma análise sobre os vários sentidos do conceito da ditadura civil militar, bem como aponta muitos estudos que estão postos sobre o tema. Alerta ainda que a literatura acadêmica sobre o assunto tem a contribuição da sociologia e da ciência política, portanto é necessário que se faça uma construção historiográfica com novas perspectivas com explicações que reestruturem os fatores políticos classistas, redesenhando a crise política que se instaurou antes e a partir de 1964.
A primeira perspectiva enseja a renovação da perspectiva contraditória da ação política marcada
pelo conflito que pode ou não se institucionalizar, que pode ou não ser absorvido pelo sistema,
sem que isto seja explicado pela impostura ou “erro” dos atores. A segunda questão enseja uma
historicização da memória, paralela à autocrítica historiográfica que faça perceber o quanto de
memória habita na história (e na historiograia). ( NAPOLITANO p.213)
     Portanto para Napolitano é pertinente a participação de grupos da sociedade civil que aliados aos militares defendiam seus interesses econômicos garantindo os privilégios que tinham e não pretendiam perde-los para um possível comunismo.
      O jornalista Daniel Aarão Reis faz uma análise do conceito de ditadura civil militar no Brasil porque entende que houve a participação dos dois setores da sociedade brasileira, seja os civis e os militares, cada qual com objetivos e “medos” distintos, mas que juntos forjaram meios  que proporcionaram a ditadura entrar em vigor no Brasil a partir de 1964. Segundo Aarão não se pode descartar essas participações, o que se deve fazer é uma releitura historiográfica acerca de assuntos e situações que foram descritas ao longo da história brasileira, como pontos de embates da esquerda e direita.
     Em sua entrevista Daniel Aarão deixa evidenciado seu pensamento no que concerne a participação civil na ditadura, quando fala das pessoas que saíram às ruas para pedir mudanças imediatas, dando respaldo social para o militarismo. Ainda reflete que embora as pessoas não estivessem dando “vivas” a ditadura, participavam das festas oferecidas por ela, exemplo disso foi a comemoração dos 150 anos da Independência, bem como a vitoria na copa de 1970. Afirma em seu vídeo quem nem toda a sociedade resistiu a ditadura, portanto é visível a urgência em rever a expressão ditadura militar, para uma ditadura civil-militar, pois muitos desses políticos civis que apoiaram o regime assumiram o poder no Brasil. Os protestos forem freados pela polícia porque quando os manifestantes foram presos e toda a máquina da repressão passou a agir muitos correram e não retornaram à luta. 
    Por Valdiva Tavares.