CONSIDERAÇÕES FINAIS - COLÉGIO ESTADUAL FRENTINO SACKSER- MARECHAL CÂNDIDO RONDON - pARANÁ

Consideramos que o curso foi muito produtivo, pois possibilitou ao professor, depois da bagagem teórica adquirida na primeira etapa deste, visualizar sua disciplina no currículo proposto, como interdisciplinar. Seguem algumas constatações relevantes deste período de estudo:

O Caderno 1 da etapa 2, nos oportunizou conversar com os estudantes e colegas sobre a gestão democrática do Colégio Estadual Frentino Sackser (Conselho Escolar, Conselho de Classe Participativo, Grêmio Estudantil, APMF, etc.), como lócus do exercício do diálogo enquanto ferramenta de construção da autonomia dos atores da escola e de sua participação nas decisões do coletivo escolar, como do Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar.

Da mesma forma, as questões pedagógicas foram conceituadas pelos educandos como boas, porém a infraestrutura escolar como: banheiros, salas de aula, computadores, TVs, biblioteca são considerados muito precários, dificultando o acesso às tecnologias atuais, bem como desmotivando tanto estudantes quanto professores.

No quesito Conselho Escolar, identificamos alunos que afirmam não conhecer suas ações, já o Grêmio Estudantil é citado como positivo, visto que se sentem representados neste grupo. Porém, sobre o Conselho de Classe, têm uma visão distorcida das ações deste. Acreditam que este serve apenas para aprovação ou reprovação dos alunos. Assim, fica nítido que os educandos não se percebem como sujeitos participantes ativos do Conselho de Classe, o que contribui para que os mesmos não se sintam parte desse processo.

O distanciamento da escola com a comunidade no entorno da escola também é visto como situação problema para o processo e a real função da escola.Através dessa atividade foi possível perceber a necessidade de reorganização do espaço escolar, participação com direito a vez e voz de todos os envolvidos no processo escolar, para que realmente ocorra a democratização escolar.

Quanto aos professores faz-se necessário a valorização dos mesmos, investir em capacitação, remuneração e infraestrutura. Evidencia-se ao longo da História da Educação, a busca por melhorias na qualidade de ensino, através da criação das DCNEM (Diretrizes Curriculares Nacionaisdo Ensino Médio) bem como o ENEM que através das Ciências Humanas amplia o diálogo entre seus componentes através de práticas pedagógicas que contemplam a interdisciplinaridade a integração curricular.

Conhecer as DCNEM é um ponto de partida e necessário para que se possa pôr em prática a formação humana integral, associada a uma concepção pedagógica de ações que busca através da proposta nela inserida valorizar e articular as experiências  vividas, saberes a priori dos estudantes pois estes não são seres isolados e interferem através de sua postura no ambiente em que vivem.

Há, portanto, na atualidade, um contexto desafiador para a criação de práticas curriculares promotoras da interdisciplinaridade nas Ciências Humanas, e dessas, com outras áreas do conhecimento. Um cenário desafiador e, arriscamos, favorável para um passo na direção de aproximar o ensino das Ciências Humanas no Brasil daquilo que pode ser retido como legado com relação às Humanidades: a construção de uma genuína integração entre seus componentes curriculares.

Constata-se dessa forma que há um interesse a nível de Brasil em transformar o Ensino Médio com um currículo interdisciplinar que possibilita ao estudante uma visão do todo e não uma visão fragmentada, disciplinar, que leva o aluno a não ter domínio do conhecimento. Para tanto, a pedagogia dos projetos se coloca como uma opção metodológica, da qual temos ressalvas, considerando que não é só através da mudança do currículo e da metodologia que enfrentaremos os problemas e carências da educação, mas através de uma infra-estrutura adequada e de qualidade, educação integral (o que dificulta ao aluno que necessita trabalhar). O tempo necessário para o diálogo entre professores das disciplinas do projeto. São várias as questões práticas e de estrutura que precisam ser resolvidas antes de mudar o currículo, para que não ocorra o fracasso do que se propõem.

No caderno 4, podemos perceber que o sujeito, na sua condição de receptor inserido em um contexto social, desde sua mais tenra idade, é levado a pensar e agir conforme o sistema lhe impõe, fazendo com que este adquira sua gramática internalizada, formando seus princípios e conceitos já moldados por aquilo que é prestigiado pela sociedade em geral, tida como a certa, não permitindo que cada sujeito tenha autonomia e liberdade de formar sua personalidade e seus conceitos próprios, sendo assim, somos aquilo que querem que sejamos       

A linguagem é um meio utilizado pelo ser humano para comunicar ideias ou sentimentos através dos signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc. e é utilizada, na maior parte do tempo para pedir ou transmitir informações e para que esta aconteça deve ser feita entre duas ou mais pessoas. Existem, atualmente, diversas possibilidades de linguagem: musical, teatral, visual, da internet e a língua estrangeira. Estas linguagens podem ser mobilizadas como atividades de ensino e aprendizagem representando quais conhecimentos na área de linguagem estão presentes no desenvolvimento humano.

Percebemos que ao trabalhar as referidas linguagens estamos proporcionando  aos alunos a possibilidade de efetivos direitos de aprendizagem. É o momento em que se promove a verdadeira interação e socialização das inúmeras linguagens e estas fazendo parte do universo do estudante, tornam-se objeto concreto de estudo, construindo os diversos tipos de saberes.

Para que estes saberes sejam bem aproveitados torna-se necessário um trabalho interdisciplinar, com o tema capaz de “fazer a cabeça” de jovens e adolescentes, em que linguagens e as diferentes dimensões do currículo como o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia apareçam entrelaçados com o interesse destes.

As práticas pedagógicas e também as políticas educacionais atualmente devem incorporar o uso da tecnologia, pois ela faz parte do social e do cultural do nosso educando, é uma nova maneira de se chegar à produção do conhecimento. Lembrando que quando a tecnologia ajuda a despertar o interesse pela aprendizagem, ela deve ser utilizada como prática pedagógica em sala de aula. Conforme explica Libâneo:

“Relativização do conhecimento sistematizado, especialmente do poder da ciência, destacando o caráter instável de todo conhecimento, acentuando-se, por outro lado, a ideia dos sujeitos como produtores de conhecimento dentro de sua cultura, capazes de desejo e imaginação, de assumir seu papel de protagonistas na construção da sociedade e do conhecimento”. (Libâneo 2010) 

Concluímos então, que a parte pedagógica  está diretamente ligada  à aquisição do conhecimento, com influência das tecnologias. Por isso, os educadores devem  saber classificar estas ferramentas para o benefício de seus alunos, lavando sempre em conta a formação humana integral. Isso traz uma reflexão  do conjunto da metáfora da árvore e o fazer pedagógico,  através múltiplas metodologias educacionais os educandos  sentir-se-ão motivados para uma filosofia educacional mais atraente e o ensino aprendizagem acontecerá de uma maneira mais significativa.

Quanto ao conteúdo matemático, sabe-se ser este um saber essencial em nossas vidas, uma vez que está presente em todos os momentos e contribui para que a pessoa consiga ler, interpretar dados, calcular, mediar situações nos quais são utilizados valores numéricos de diversas formas.

O estudo da matemática contribui para a formação plena do educando como um ser crítico, auxiliando-o na resolução de problemas desde os mais simples do cotidiano até as mais complexas situações.

Não podemos esquecer também que o desenvolvimento do raciocínio matemático auxilia no bom desempenho do aluno em outros componentes curriculares, como é o caso dos pensamentos dedutivo, não-determinístico, lógico-dedutivo e geométrico-espacial.

A matemática está inserida na vida de todos. Portanto, é importante que o aluno realize atividades que o façam raciocinar e perceber a importância dos cálculos. Esse aprendizado contribui para o desenvolvimento cultural, intelectual, crítico, criativo e capacidade de argumentação do aluno, auxiliando-o no processo de emancipação enquanto sujeito capaz de produzir história.

Quanto a questão do Homem Vitruviano  entendemos que “...a mesma forma que o corpo humano oferece um círculo que o rodeia, também podemos encontrar um quadrado onde esteja encerrado o nosso corpo.” (Leonardo da Vinci)

O Homem Vitruviano descreve uma figura masculina desnuda separadamente e simultaneamente em duas posições sobrepostas com os braços inscritos num círculo e num quadrado. Ele é usado como referência estética de simetria e proporção no mundo todo. Mas não pode ser qualquer homem, ele deverá ter proporções bem específicas. O homem bem representado, de acordo com o desenho, deve estar de pé, com as pernas e braços abertos, posicionados com precisão nas figuras geométricas mais perfeitas, o círculo, tendo como centro o umbigo, e o quadrado, tendo como centro as genitais. A figura humana perfeita deve ter a medida de oito cabeças.

As articulações desta obra esta de acordo com as dimensões do trabalho, cultura, ciên­cia, e tecnologia, compatíveis com a época em que ela foi produzida pelo artista, visto que, o Renascimento foi um período de renovação cultural com grande produção artística e científica, que ocorreu na sociedade europeia, nos séculos XV e XVI, em decorrência do desenvolvimento do capitalismo. Iniciou na Itália e espalhou-se por outras partes da Europa. Durante esse período, a cultura greco-romana passou a ser cultivada, o que para os artistas renascentistas, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ou seja, humanista – valores da Antiguidade, que exaltavam o homem como ser dotado de liberdade, de vontade e de capacidade individual. Porém, o individualismo marcou mais que o Humanismo da Antiguidade.

O individualismo renascentista trouxe a ideia do gênio e o ideal passou a ser um homem que se ocupa de todos os aspectos da vida, da arte e da ciência. Leonardo Da Vinci foi um desses gênios.

Sobre a exposição idealizada concluímos que idealizar algo é criar um modelo que não é real. É seguir os padrões de uma época conforme as regras impostas pela sociedade vigente. Estes padrões vão mudando de acordo com a época.

No Renascimento o ideal de beleza era inspirado no cânone clássico (modelo) greco-romano, idealizando a figura humana perfeita com a medida pelo tamanho da cabeça, ou seja, oito cabeças.

Os conhecimentos que consideramos mobilizados em cada área de conhecimento e as articulações identificadas com as dimensões do trabalho, cultura, ciência e tecnologia são:

Trabalho-  O homem como o responsável pelo conceito de trabalho. A partir da valorização do ser humano como o responsável pela modificação da natureza, o homem desenvolve o trabalho não como algo do seu cotidiano, mas este conceito vai se transformando no qual ele passa a ser sinônimo de obrigação, principalmente com o capitalismo.

Cultura- As manifestações culturais passam a ter uma visão completa da integração do homem com a natureza. A  nudez é vista como algo natural.

Ciência- Passam a valorizar a razão e a experiência. Os dons mais valorizados do ser humano são a inteligência e seu conhecimento através de métodos científicos.

Tecnologia-

. No setor agrícola, por exemplo, foi essencial a redescoberta de ferramentas como a charrua, o peitoral, o uso de ferraduras, e a utilização de moinhos d'água.

. Na arquitetura, houve os diversos avanços nas técnicas aplicadas à construção das catedrais., incorporação das cúpulas.

. Descobertas como as dos óculos; . prensa móvel ; . pólvora  . relógios mecânicos . bússola; . astrolábio; . Confecção de mapas;

. Invenção das caravelas;

Os critérios para a modificação de determinadas rotinas no traba­lho semanal que permitissem novos planejamentos mais integrados aconteceram a partir do renascimento quando houve a valorização do ser humano, da sua inteligência e das experiências, tivemos grandes avanços nas áreas da ciência e da tecnologia.

No atual contexto escolar, temos o desafio de trabalharmos com alunos inseridos em múltiplas culturas, cuja tecnologia está acessível praticamente a todos, porém, não podemos cair na máxima que o acesso é sinônimo de conhecimento. O que percebemos hoje, é que nossos jovens não saem da sua zona de conforto, pois há um imediatismo de que eles querem as coisas prontas e acabadas. É a famosa geração do descartável.

E é justamente essa visão que precisa ser mudada. Ë preciso instigar, motivar nossos educandos para que estes consigam sentir o gosto pelo aprendizado. Fazer ele perceber que a vida escolar é o meio necessário para o desenvolvimento social, cultural, científico e tecnológico e que através desta ele conseguirá garantir seu futuro, tornar-se um sujeito crítico, emancipado e produtor de sua própria história.