Colégio Estadual Antonio José Reis – Toledo - Paraná - Reflexão e Ação - Caderno IV - Etapa II

A pedagogia como forma de humanização e sua relação com a formação humana integral dos estudantes

                 Libâneo traz para discussão uma pedagogia voltada para a humanização, porém, mostra que a sociedade humana, na sua complexidade, está inserida num contexto onde temos um mundo homogêneo e heterogêneo ao mesmo tempo, ou seja, na dinâmica da globalização e do individualismo, constroem-se uma diversidade de culturas, de relações sociais e de sujeitos.
                 Diante de tais mudanças, faz-se necessário que os professores busquem uma metodologia de trabalho nas escolas que acompanhe essa dinâmica, ou seja, precisam optar por ações pedagógicas que objetivem e promovam o desenvolvimento e a construção da aprendizagem dos sujeitos que fazem parte dessa realidade sociocultural que se estabeleceu.  Pois, entender a ação pedagógica, enquanto forma de humanização dos sujeitos, exige responsabilidade social e ética, no sentido de planejar o que fazer, como fazer e por que fazer. Nesse sentido, entendemos que a formação integral do sujeito, portanto, é tarefa da pedagogia e condição de humanização, promovendo a autonomia da consciência humana, pautada no desenvolvimento da capacidade de problematizar situações, buscar informações em diversas fontes, comparar e construir um novo saber, compreendendo a realidade.
                    No entanto, numa sociedade em que a comunicação se constrói pautada na linguagem tecnológica, os componentes curriculares devem ser articulados numa perspectiva de desenvolvimento do ensino focado na formação do saber teórico-científico e na diversidade cultural. Para tanto, deve ser incorporando no processo de construção do saber, permeando os conteúdos, temas como: linguagem, diversidade cultural, relações de poder, valorização da experiência, integridade humana. Investindo, assim, numa formação integral, ou seja, ter uma visão global das situações, dominando saberes básicos da ciência, da cultura, de técnicas e tecnologias exigidas pelos novos processos sociais e intelectuais, necessários na formação de um sujeito crítico, consciente, político e responsável.
             A partir das novas teorias pedagógicas podemos estar repensando a função principal da escola que é  da formação integral dos indivíduos, inclusive na tecnologia, porém, diferenciando-se de outros setores educativos como as mídias, a família, as igrejas e outras instituições assistenciais ou culturais, privilegiando os conhecimentos básicos, que o capacitam a buscar e construir seu próprio conhecimento, Portanto, a escola deve proporcionar aos seus estudantes condições necessárias para que possam, a partir de suas próprias experiências, organizar, estruturar, pensar e repensar os saberes, vindos  do seu contexto cultural.  Aqui o importante é fazer uso das mais variadas abordagens pedagógicas oferecendo aos educandos possibilidades diversas de leitura de mundo.
            Ainda, observando a lógica das tecnologias, evidenciam-se, também, mudanças na comunicação e na circulação das informações, reconfigurando os modos de agir e pensar. Diante disso, o conceito de aprendizagem precisa ser revisto, ou seja, entender a possibilidade de construção do saber para além da escola.  Por isso, na ação pedagógica vista a partir da metáfora da árvore as raízes, que a prendem no chão lhe dando sustentabilidade, representam o embasamento teórico (base, ou, marco teórico); o tronco corresponde à metodologia utilizada na abordagem, portanto, a importância do método, visto que, na árvore, é o tronco que liga a raiz às folhas que, nessa metáfora, representam a técnica, a prática, ou seja, a ação pedagógica e o resultado final. As práticas pedagógicas empregadas em sala de aula provocam e encorajam os estudantes a buscarem informações diversas no sentido de compreenderem e interpretarem os conteúdos que lhes são apresentados, influenciando positivamente na formação integral dos mesmos.
           Por isso, fazem-se necessários grandes investimentos, tanto particular quanto do poder público, na capacitação continuada dos professores que precisam atualizar seus conhecimentos constantemente, visando aprimorar sua prática pedagógica. Entendemos que é função do professor, enquanto formador de sujeitos, buscar constantemente seu aperfeiçoamento profissional, acompanhando a dinâmica da sociedade em que está inserido. Sociedade essa que exige capacidade de inovar, tomada de atitude, identificar situações problemas, soluções, pesquisar, promover um diálogo entre a teoria e a prática.   Diante disso, há uma necessidade imediata de que o professor domine conhecimentos amplos referentes à pedagogia e a aprendizagem, sendo, portanto, agente responsável no seu processo de formação continuada e qualificação profissional.

Referências:
CHARLOT, Bernard. Globalização e educação. Texto de Conferência no Fórum Mundial de Educação, 2000.
Formação de professores do ensino médio, Etapa II - Caderno IV: Linguagens / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [autores: Adair Bonini... et al.]. – Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2014.
LIBÂNEO, José Carlos. Reflexidade e formação de professores: outra oscilação do pensamento pedagógico brasileiro? In: PIMENTA, Selma Garrido; GHEDIN, Evandro (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

Fizemos também um relato de uma experiência de proposta interdisciplinar que já acontece em nossa unidade de ensino.

PROJETO PEDAGÓGICO INTERDISCIPLINAR DE PRÁTICA DE LEITURA NA ESCOLA

Resumo: Relata a experiência de uma proposta pedagógica construída coletivamente pela comunidade escolar do Colégio Estadual Antonio José Reis, de Toledo, Paraná, desenvolvendo a prática da leitura entre os alunos do Ensino Fundamental, fase II, e do Ensino Médio, público alvo dessa unidade de ensino. Buscando o despertar para a leitura, o frequentar a biblioteca, socialização das leituras, contação de histórias, desenvolvimento da oralidade e da produção escrita.

1  -   INTRODUÇÃO
         O propósito deste relato é relatar e compartilhar experiências relevantes, vivenciadas no ambiente escolar do Colégio Antonio José Reis com a implementação do projeto pedagógico interdisciplinar da prática de leitura. Entendemos que a atividade de leitura deve ser uma prática constante a fim de se formar leitores competentes, seja no ambiente escolar ou fora dele. Estimular a leitura passa também pela ação de despertar o gosto por ela e a consciência de que a mesma proporciona acesso ao conhecimento a que se pretende construir. Nesse contexto, sendo a escola o lugar apropriado para a aquisição e a construção de conhecimentos, o presente projeto tem a pretensão de despertar no aluno o gosto pela leitura, convencido das vantagens do domínio dessa na busca do saber. Compreendendo que a aquisição do conhecimento sem o domínio da leitura é uma tarefa praticamente impossível, tendo em vista que, por meio dessa atividade é que se tem acesso a todas as áreas do conhecimento, interagindo com variadas fontes de informações.
              Visamos construir uma representação positiva dessa prática e dos poderes que ela confere ao sujeito, no sentido de ampliar sua visão de mundo, possibilitando uma melhor compreensão da realidade que o cerca, estaremos indo ao encontro das Propostas Políticas Pedagógicas dessa instituição de ensino, contribuindo para o desenvolvimento pleno do indivíduo.

Entende-se por leitor alguém que saiba selecionar, dentre o texto de circulação social, aquilo que atenda às suas necessidades: que consiga ler não aquilo que está explicitamente escrito, mas também aquilo que está implícito. Além disso, o leitor deve conseguir estabelecer relações entre o texto que lê e os outros textos lidos.
(PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997,p.54).

               É papel fundamental dos responsáveis pela educação despertar interesses, orientar e apontar horizontes, construindo cidadãos esclarecidos e críticos em relação à sociedade em que estão inseridos. Como diz Paulo Freire: “Homens e mulheres são éticos, capazes de intervir no mundo, de comparar, de ajuizar, de decidir, de romper, de escolher, capaz de grandes ações...” (p.15,1996). Nesse sentido, a direção, professores e equipe pedagógica, tem a consciência do dever de nossa instituição de ensino, propiciar aos nossos alunos momentos que possam despertar neles o gosto pela leitura, da importância de se adquirir o hábito de ler, percebendo que a leitura é o instrumento chave para alcançar as competências necessárias a uma vida de qualidade, produtiva e com realização, tendo em vista sua autonomia e envolvimento social.

2- RELATANDO AS EXPERIÊNCIAS

               Para se por em prática essa proposta pedagógica se fez necessário o trabalho coletivo no sentido de planejar, organizar, divulgar e fazer os ajustes necessários de acordo com a realidade de cada ano letivo. Em sala de aula, os docentes de todas as disciplinas aplicam a proposta (orientações, reflexões, encaminhamentos), simultaneamente a biblioteca também é preparada para esse fim (confecção das carteirinhas, obras literárias, organização funcional). Estipula-se um momento diário, específico para a prática da leitura em sala de aula, correspondendo a 15 minutos, em horários alternados e pré determinados, onde professores e alunos farão sua leitura, tendo em mãos textos, obras literárias, revistas, jornais, dentre outros, previamente escolhidos, segundo os interesses de cada um. Essa ação pedagógica faz parte das atividades cotidianas da escola durante todo o ano letivo.

  3-  RESULTADOS

                Avaliando o desenvolvimento da proposta percebemos que conseguimos despertar em muitos alunos o interesse em relação aos mais diferentes tipos de leitura, conduzindo-os  ao desejo de ler por iniciativa própria.
                  Oferecemos obras e textos variados ao aluno para fazer uma leitura proveitosa e prazerosa, extraindo deles conteúdos para análise e reflexão, melhorando seus conhecimentos em todas as áreas do conhecimento.
                  Percebemos o despertar de leitores críticos e reflexivos para a escola e para a vida.

  4 -  CONSIDERAÇÕES FINAIS
                 Diante do exposto, destacamos a contribuição e comprometimento de todos nesse processo que representa uma proposta pedagógica construída e vivenciada de maneira coletiva. Esse projeto encontra-se devidamente registrado e incorporado ao Projeto Político da escola desde o ano letivo de 2013 e vem contribuindo significativamente para a vida sociocultural de nossos alunos e professores que, por meio da leitura, estão construindo e aprimorando saberes. A interdisciplinaridade está presente em todos os momentos dessa atividade, portanto, podemos apontar alguns procedimentos adotados na sua dinâmica e que são constantemente revistos e discutidos no grupo: seleção de títulos e indicações de leitura para as séries e níveis de leitura em que se encontra cada leitor; seleção de clássicos de literatura brasileira( crônicas, contos, romances, etc.) para discussão, produção e reescritas de textos referentes ao gênero lido; leitura com temas e fundamentos da cultura afro-brasileira para discussão, produção e exposição do material na Semana da Consciência Negra; leitura para organização de seminários no Ensino Médio referente as Escola Literárias, seus autores e obras, bem como de temas polêmicos que embasarão as discussões e as produções argumentativas; leitura e pesquisa de biografias e obras de poetas brasileiros (com alunos do ens. Fundamental) , para produção de textos poéticos e exposição de poesias ( varal de poesias, mural, declamações, dentre outros); leitura, pesquisa e adaptação de textos para teatro, contação de histórias e exposição de obras de autores com “temas” específicos.

4- AVALIAÇÃO
                  O referido projeto de Leitura é avaliado constantemente a fim de estar sempre sendo aperfeiçoando, através de aplicação de novas metodologias, incentivos à leitura, ampliando o número de biografias e obras  da literatura brasileira, atendendo a sugestões de professores  de todas as áreas do conhecimento. Destacando aqui as indicações dos docentes da área de Linguagem, principalmente no Ensino Médio, que os conduzem às literaturas cobradas nas avaliações externas e no ingresso em curso superior.

5- REFERÊNCIAS :
AGUIAR, V.; BORDINI, M. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
ASMANN, Juracy. MÜGGE, Ernani. (Orgs.) Literatura na escola: propostas para o ensino fundamental. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BRASIL, Ministério da Educação e Cultura–Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, 1997. Disponível em<http://www.portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=2i=255>. Acesso em 22 de março de 2013.
BRASIL. Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais. Brasilia, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
PARANÁ. Colégio Antonio José Reis. Projeto Político Pedagógico. SEED. Toledo, 2015.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação do Ensino Básico do Estado do Paraná. C