CADERNO TEMÁTICO 3

ATIVIDADE CADERNO 3 DO SISMÉDIO
COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR FRANCISCO ZARDO

Equipe: ROGÉRIO LARINI; TATIANE GOMES FERLA; SORAIA FUCKS; EVERSON ADELMO PASQUALI; JOSIANE GOMES SOARES; MARCIA REGINA LUCAS DE LIMA BLAN; PATRICIA PAULIN; ADRIANA BUSATO; ROSALIA MARGARIDA PALKOWSKI; MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA; IVANI KUNTYJ RAWLYK; ANA GRACE COSTA; CAMILA BORN; DILENE MARIA BROCHIER STIVAL.

O currículo é um campo premiado de ideologia, cultura e relações de poder. Por ideologia segundo Moreira e Silva (1997, p.23) pode-se afirmar que esta “é a veiculação de idéias que transmitem uma visão do mundo social vinculada aos interesses dos grupos situados em uma posição de vantagem na organização social”, ou seja, é um dos modos pelo qual a linguagem produz o mundo social e por isso o aspecto ideológico deve ser considerado nas discussões sobre currículo.
O currículo constitui o elemento central do projeto pedagógico, ele viabiliza o processo de ensino aprendizagem.
Desde o aparecimento do termo currículo na linguagem pedagogia brasileira, existe nele latente a possibilidade de construção do conhecimento, apesar das diferentes concepções e interpretações que ele assumiu quanto ao seu emprego. Desde um conjunto de disciplinas que compõem um curso passando por um conjunto de atividades que a escola planeja para o aluno, até um processo social responsável pela produção de conhecimento entre o sujeito individual e o sujeito coletivo, para citar os conceitos que mais marcaram a sua história, em todos eles sempre esteve contida a possibilidade de se construir o conhecimento.
Nos últimos anos, há uma tendência que já o considera como um processo de produção e/ou construção do conhecimento, a partir das experiências de vida dos professores e alunos, situados num contexto sócio-histórico mais amplo e que busca apoio teórico na psicologia, na Sociologia, na Filosofia e demais ciências sociais.
Propomos que tomemos essa tendência como ponto de partida, explicitando-o um pouco mais: o currículo é uma construção social do conhecimento, que pressupõe a organização e sistematização dos meios para que esta construção se efetive, a transmissão, assimilação e produção de conhecimento são processos que, articulados, compõem um método científico de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, um currículo que inclui:
- as relações entre os agentes sociais que dele participam (alunos, professores, equipe pedagógica) num espaço e num tempo determinado;
- a definição de um suporte teórico que o sustente.
     Tendo como partida a sua prática pedagógica, que relações existem entre o que você ensina e o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura?

Perguntamos a alguns professores que nos deram os seguintes relatos:
PROF. JOSÉ MELQUÍADES URSI – Sociologia -19 anos de profissão.
     “ Como ciência relativamente recente, os conteúdos da sociedade requerem reflexões ousadas além dos parâmetros concedidos pelos principais sociólogos , sobretudo como iniciadores da Sociologia.
     Refiro-me à capacidade de refletir , de contestar sob o impulso do juízo crítico criterioso . Sendo assim o mundo do trabalho não pode ser tomado por referências profissionais alheias ao contexto existencial. O trabalho não é a vida, mas apenas parte dela a ser revisitado com traços da racionalidade e da intuição medrada no subconsciente.
     Por outro lado, a Sociologia não deve sucumbir às programações da ciência muitas vezes utilizada como recurso dos dotes financeiros para massificar comportamento à margem da subjetividade integrada ao contexto social.
     Por fim , a tecnologia da cultura , se permite acesso rápido e abrangente à informação e a contexto espaciais e temporais , antes muito distantes , também massifica no sentido de  impressionar , até por meio de recursos ajustados à técnica de seduzir , hipnotizar mas sem noção. “
PROF. ÍTALO PETRONZELLI – História – 25 anos de profissão
     “ Primeiramente , o conhecimento histórico , está associado ao mundo do trabalho , uma vez que a história está moldada no modo de produção( escravista , feudal ,assalariado ).Mas nas aulas , busco relacionar os fatos históricos , como modo de produção atual .Os conflitos tem ligação com o sistema produtivo.
     A ciência é o foco fundamental em História, as grandes descobertas históricas estão associadas `a tecnologia , exemplo a Arqueologia Moderna.
     Na verdade, a história é o estudo do mundo e suas transformações ao longo dos tempos, portanto, a questão cultural é fundamental para compreendermos o modo de vida , trabalho , religião ,etc.”
PROF. ÍRIS – Filosofia – 7 anos
“A disciplina que leciono trata, de um modo geral, dos fundamentos da vida humana e social, bem como da História do Pensamento ou das Ideias. Sendo assim, trata-se de um conteúdo diversificado e abrangente que na maior parte das vezes faz referência ao mundo do trabalho, da ciência, da cultura e em menor grau, da tecnologia. E, portanto, geralmente é muito fácil fazer conexões com a atualidade destes campos, tanto como a analise de fatos contemporâneos desta ordem (trabalho, ciência e cultura).
Porem, de minha, parte sinto as dificuldades com a linguagem, isto é, em traduzir a diversidade e abrangência da filosofia aos alunos, em linguagem acessível e o mais sintética possível, sem é claro, “baratear” muito ou de modo distorcido. Já quanto aos alunos, percebo que eles já tem, na maior parte, dificuldades específicas naquelas disciplinas que contemplam de modo mais direto à ciência, a cultura e o mundo do trabalho, o que se agrava mais ainda quando em filosofia tem que refletir à cerca destes campos, bem como uma dificuldade com a leitura e ao interpretação, e, por fim, o mais difícil, o desinteresse em tentar compreender e pensar estas diferentes linguagens (culturais, científicas e técnicas).
Em vista de tudo insto, então, as relações e conexões que proponho e que às vezes são inerentes ao conteúdo geralmente são pouco compreendidos, muitas vezes até há compreensão de um fato, de um caso ou obra específica, mas poucas vezes estas são compreendidas enquanto exemplos ou ilustrações de um conceito geral.”
PROF. ANTONIO CARLOS – Física – 25 anos    
“A Física é uma ciência que tem várias aplicações no cotidiano, na tecnologia atual, dando base para compreender tudo que nos limita neste mundo atual.
Hoje podemos observar aplicações também praticadas nos esportes e seus avanços.
O estudo dos movimentos básicos e a temperatura e calor com eletricidade são fundamentais para qualquer pessoa que quiser ter uma leitura de mundo mais dinâmica e não esquecendo as relações do meio ambiente, os prejuízos causados no nosso mundo vem de uma falsa moral de compromisso das pessoas com elas mesma e o meio em que vivem, o estudo das ciências pode melhorar essa relação.”
PROF. ALINE – Química – 8 anos
“Química em si, está presente em todos os lugares, em tudo é isto que tentamos fazer com que os alunos percebam.
Utilizando exemplos do dia a dia, demonstrando como algo acontece , mas sempre relacionando ao conteúdo.”
PROF. MARIA APARECIDA – Língua Portuguesa – 25 anos
“Há relação para o trabalho na questão da linguagem adequada a cada situação. Trabalho a oralidade e escrita (norma padrão) para que possam conseguir comunicar-se com as diferentes situações.
Já em relação a tecnologia e cultura poucas situações de leituras que consigo relacionar aos conteúdos que ensino.
Ou seja, não consigo na medida adequada relacionar o que eu estou ensaiando com o trabalho, ciência e tecnologia.”
PROF. PATRÍCIA – Inglês – 16 anos
“Leciono uma língua que teoricamente deveria conectar o aluno ao mundo. Se for seguir o que pede as diretrizes, muitas vezes não se consegue fazer a conexão de conteúdo à realidade do aluno, desta forma, procuro trazer ações práticas, com situações reais, através de materiais (textos/filmes) que permitem ao aluno entender como e quando o mesmo será utilizado. Atualmente, na era da informática dominar uma língua estrangeira é quase tão importante quanto ter um curso superior, mas por mais que o aluno domine a tecnologia, ele não está consciente desta necessidade. Portanto trazendo materiais em que ele se veja, e se sinta parte do ensino-aprendizagem acredito que esta consciência seja alcançada.”
PROF. ROSÁLIA – Português – 26 anos
“Para a comunicação, seja ela, no trabalho, na ciência, na tecnologia, se faz necessário o uso de muitos dos conteúdos trabalhados em sala de aula: leitura e escrita, como algo principal.
Através de leituras interpretativas, produções textuais, com diferentes formas de apresentações dos temas envolvidos.”
PROF. JOSIANE SOARES – Informática – 10 anos
“Dentro da minha disciplina existe uma relação direta com os itens citados, pois ao trabalhar com curso técnico o principal objetivo é o mercado de trabalho, estar preparando o aluno para atuar de forma efetiva e consciente.
A tecnologia vem como aliada à educação e esta cada vez mais presente em sala, portanto irreversível enquanto ferramenta de auxílio aos professores.”
PROF.EVERSON ADELMO PASQUALI – Meio Ambiente – 19 anos de profissão
     “No caso da educação profissional , tudo tem que estar relacionado e principalmente atualizado , pois sempre nos referimos às evoluções tecnológicas e novidades que estão no mercado referentes aos conteúdos das distintas disciplinas desta área.
     Sempre buscamos identificar o técnico em Meio Ambiente com sua atuação profissional futura e o seu papel para com a sociedade.
     Uma das propostas usadas é uma mudança nos moldes culturais atuais , visando a evolução.
     Trabalhamos a questão do trabalho, porém sempre estimulamos a que nossos estudantes avancem em  formações para além do técnico , tornando-se profissionais qualificados à níveis superiores e com melhores opções de retorno financeiro e de sobrevivência. ”
  
Agora vamos refletir sobre suas práticas, sobre as relações dessas práticas com o campo teórico do currículo e indagar, ainda, que implicações essas reflexões podem ter ao considerarmos as necessidades e o direito à educação que possuem os alunos jovens (e adultos) do ensino médio brasileiro.
Qual o sentido do conhecimento e como podemos pensar a relação entre conhecimento escolar e os sujeitos, alunos jovens (e adultos) do ensino médio na atualidade? Como esse conhecimento se articula às dimensões da formação humana a ciência, a cultura, o trabalho e a tecnologia presentes nas proposições das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio?
Convidamos, assim, à leitura, à reflexão e ao diálogo, orientados por um eixo comum: os sujeitos do ensino médio e os desafios diante da perspectiva da formação humana integral.
É preciso assegurar que um conjunto de conhecimentos e saberes científicos, éticos e estéticos seja garantido no ensino médio a partir da diversidade dos seus sujeitos. De que forma você professor(a) planeja suas aulas diante desta diversidade?
Como podemos pensar nas proposições curriculares para o ensino médio tendo como referencial permanente os jovens  que frequentam nossa escola?
O Parecer CNE/CEB 05/2011 que estabelece as DCNEM nos coloca diante da necessidade de buscar outras formas de organização do currículo, tendo em vista a ressignificação dos saberes e práticas escolares. Como você professor(a) reconhece esses sujeitos do ensino médio?  * Segue link para análise dos documentos.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, é possível traçar um novo caminho para esta etapa da educação básica, um caminho a formação integral?
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrize... contendo os pareceres, também poderão ser encontradas as diretrizes na íntegra:
Parecer CNE/CEB nº 1/1997, aprovado em 26 de fevereiro de 1997
Orientações Preliminares da Câmara de Educação Básica sobre Lei n° 9.394/96.
Parecer CNE/CEB nº 5/1997, aprovado em 7 de maio de 1997
  Proposta de regulamentação da Lei nº 9.394/96.
Parecer CNE/CEB nº 12/1997, aprovado em 8 de outubro de 1997
   Esclarece dúvidas sobre a Lei nº 9.394/96 (Complementa o Parecer CNE/CEB nº 5/97).Parecer CNE/CEB nº 8/2012, aprovado em 8 de março de 2012 - Análise do Projeto da Lei nº         3.153/2012, de emenda à Lei 9.394/96 (LDB), de autoria da Deputada Andreia Zito.

A educação básica tem como finalidade a formação humana integral.   Discutir-se-á  aqui dois aspectos dessa finalidade,  que não são disciplinares ,  mas emergem da contribuição de  cada disciplina, da experiência de vida dentro e fora da escola,  como parte  integrante  no processo formativo   da autonomia intelectual e moral dos alunos.  Importante salientar que somente a educação moral ou intelectual individualmente é suficiente,  mas ambos são essenciais para a formação e manifestação completa do homem no mundo.  Aristóteles no século 4 antes de cristo falava que é natureza humana é dupla intelectual e moral.  Pestalozzi educador do século 18 demonstrava preocupação com a educação plena ,  defendia  que o intelecto deveria vir acompanhado com educação humana para dar ao aluno suporte e estrutura para enfrentar os desafios sociais do mundo. 
Considerando esses dois aspectos educacionais, duas instituições possuem papel fundamental para a disseminação  desses princípios,  a escola e a família.  A  família possui e tem a função preponderante na educação das crianças desde o seu primeiro período de vida é ali onde deve ser apresentado os primeiros passos morais visando o fortalecimento de valores e virtudes.  É o lugar onde deve ser adquiridos atos de conduta para orientação na vida,  é o berço educacional e primário da base para qualquer pessoa se desenvolver e progredir como ser humano.  Contudo na realidade social econômica e cultural em que se vive, onde muitas famílias não existem mais como núcleo educacional não é difícil verificar se o deslocamento desse centro educativo para outros lugares como a escola. Por isso a escola a outra instituição não menos importante com uma grande responsabilidade,  pois não só influencia  a vida dos alunos como também traduz os  primeiros ensaios de orientação intelectual de aptidões e capacidades,  mas também de formação como um todo da pessoa. É nesse aspecto que muitas vezes verifica- se que as instituições,  na sua maioria,  ainda estão muito ligadas simplesmente   ao repassar conteúdos,  não permitindo a educação do ser de forma integral, deixando  em segundo plano muitos valores importantes.  De nada adianta criar pessoas aptas intelectualmente sem uma base sólida de bons costumes e proceder.  Mesmo não tendo compromisso de substituir e assumir a responsabilidade da família o núcleo escolar tem a necessidade de auxiliar na formação plena, de auxiliar no desenvolvimento da criança como cidadã. 
Educação é exercida com palavras e principalmente com gestos e atitudes. Paulo  Freire  falou sobre a “corporificação da palavra pelo exemplo”,  que nada mais é do que ensinar através do próprio comportamento,  fazendo com que as palavras proferidas ganhem  vida  e corpo nas ações do educador.  A  exemplificação é a melhor maneira de ensinar pois aquilo que é dito e  tem o respaldo da ação,  tem uma enorme peso sobre a  confiabilidade e convicção do que se quer ensinar e,  consequentemente,  daquilo que se está aprendendo. 
Acredita-se que a busca pelo conhecimento através do aprimoramento constante da inteligência a exemplo das grandes personalidades da humanidade é fundamental para o crescimento é o progresso humano.  Porém,  jamais deve- se esquecer de  certo valores fundamentais à vida.  Na sociedade em que se está inserida a violência, corrupção, aliciamento, a mentira, o  desregramento,  o desrespeito aos semelhantes,  são alguns dos vícios que imperam  desenfreadamente.  Esses não são valores positivos, pois degradam os homens.
Portanto através da ação de ensinar nós professores contribuindo com o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral dos alunos quando permitimos que eles expressem  seus  sentimentos,  contextualizamos  o  saber  escolar com   a  vida, motivamos para  a  aprendizagem ,  incentivamos  à pesquisa e propiciamos  situações  de aprendizagem com  uso de  diferentes  linguagens.
Conversamos com alunos do 3º ano do Ensino Médio sobre o currículo vivido por eles nestes três anos de ensino e também quanto a sua aplicabilidade no  cotidiano de cada um.
Alguns alunos relataram que o conhecimento científico contextualizado torna as aulas mais significativas, fáceis de entender e assimilar, despertando maior interesse e atenção na disciplina, e desta forma, levando-os a compreender como aplicar estes conhecimentos na sociedade: trabalho, família, relacionamentos interpessoais.
Também colocaram a necessidade do uso das tecnologias para a ampliação do conhecimento (laboratório) e aulas dinâmicas que envolvam a participação dos alunos, tais como: roda de conversa, debates, aulas de campo entre outros encaminhamentos para o desenvolvimento do currículo.
Desta forma, julgamos importante que sejam revistas a questão das metodologias, estratégias de ensino, formas de avaliação, enfim o planejamento do professor deve ser criativo e flexível, de inclusão e integração, adequado para tornar sua prática estimulante e atrativa, para que os alunos respondam positivamente. Podendo assim o aprendizado ser significativo para suas vidas em todas as áreas. Afinal a Escola tem o papel determinante na vida de uma pessoa, bem como o professor é visto segundo Rosenthal e Jacobson (in Gomes, 1994) como produtor e responsável pelo fracasso escolar do aluno, pois ele pode incentivar ou desestimular dependendo da forma como ele trabalha os conteúdos e redimensiona suas práticas de maneira a possibilitar o interesse dos alunos pelos estudos, evitando assim a desistência mesmo frequentando ou o abandono total.