CADERNO IV - Linguagens – Colégio Lysímaco Ferreira da Costa

Reflexão e Ação 1

Este estudo busca subsídios para pensar as linguagens propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Língua portuguesa, Língua Materna (população indígena) Língua Estrangeira, Arte (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) e Educação Física.

Entendemos que esta área ganha um núcleo definidor à medida que todos os seus componentes se voltam para os conhecimentos e saberes relativos às interações e às expressões do sujeito em práticas socioculturais.Ou seja, como área, todos os componentes curriculares arrolados acima, de algum modo enfocam as representações do mundo, as formas de ação e as manifestações de linguagens, entendendo-as como constitutivas das práticas sociais e de formação do indivíduo. A interação destas linguagens com o sujeito amplia seu conhecimento intelectual e social a partir de que o sujeito experiência várias situações, urbanas, rurais, universais, construindo referências de respeito mútuo.

As linguagens registram a história do mundo e seus conflitos, porque alguém pintou, esculpiu, escreveu, desenhou, dançou, interpretou, sem as linguagens não teríamos identidade, e isto é a primeira coisa que é tirada e destruída de um país caso ele seja invadido – a sua cultura, para que o indivíduo perca sua identidade, o seu referencial.
As linguagens fazem com que o estudante desenvolva autonomia para sua atuação no mundo fora da escola. Hoje os docentes de linguagens são ricos em conhecimento específico e abrangentes em suas linguagens universalmente. Ex: Um docente de Arte não é mais formado em Educação artística, ele é formado em Música, Dança, Teatro e Artes Visuais) isto significa que o estudante do ensino médio pode estar tendo aula com um Diretor de teatro que escreve e cria obras de arte que vai a público, ou talvez eles tenham aula com uma profissional de Dança que começou a sua carreira aos quatro anos, dançou em Corpo de Baile mais famoso do pais e levou para o mundo sua arte e cultura através da expressão corporal, está é a diversidade das linguagens.

O docente de Língua Portuguesa, possui livros editados, o docente de Educação Física trabalha com a área médica e bem-estar ou ele é um atleta competidor, o docente de língua Estrangeira sabe que hoje em qualquer emprego é exigência para contratação saber falar uma língua estrangeira. A Cultura Materna é um exemplo que deve ser seguido por todas as Escolas públicas para ampliar nossa cultura de preservação do nosso planeta.

O conhecimento sobre a diversidade se legitima pela vivência de diferença que estes profissionais docentes tiveram de experiência e trazem para a sala de aula, não cabendo aí a imposição de algumas codificações culturais como melhores que outras.  Quando os estudantes embarcam neste conhecimento mágico para se tornarem criadores e desenvolverem suas aptidões em uma dimensão crítica sobre a linguagem em seu tempo que, desnaturalizada, favorece a participação e a mudança social. As linguagens são agentes de transformação que prepara para a cidadania do educando, seu aprimoramento como pessoa humanitária, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

Os alunos do 3º ano do Ensino Médio situado no Nível 5, são mais consolidadas as habilidades de leitura, no entanto não se apresentam como leitores críticos porque não tem a experiência prática ou visualizam a leitura através do Teatro, da Música, da Dança, do oral, escrita, imagem, imagem em movimento, infográficos, para delas tirar sentido.

O mundo globalizado, transcultural, digital, contemporâneo, características desse início de século põe em cena as mestiçagens linguísticas, culturais, étnicas, sociais etc. O acesso a esta nova realidade é fundamental para o desenvolvimento do estudante do Ensino Médio.

As escolas devem se fortalecer e adquirir recursos para respaldarem estes docentes em suas disciplinas, assim como se conscientizarem que estão recebendo uma nova categoria de profissionais que possuem diversos níveis de letramento.

Reflexão e Ação 2

O homem é o resultado das ações sociais em que está envolvido, ele se coloca em relação aos seus questionamentos e que nele se originam. Torna-se mais sujeito quanto maior seja seu senso de coletividade. Tem a possibilidade de conviver com outros pontos de vista, outras realidades, outra cultura, além daquela que o cerca, de se analisar a partir do olhar do outro.

Sendo assim, segundo Ingo Voese (1940-2007) uma das metas fundamentais da escola, é possibilitar, aos estudantes, uma reflexão sobre a mediação discursiva, de modo que eles possam tanto ampliar seu mundo para além da esfera imediata, quanto atuar pelo social, em meio ao conflito e à gestão solidária de vozes. Sendo assim, para que uma atividade educativa faça sentido aos envolvidos, eles precisam ser contemplados em uma interação autêntica, onde haja espaço para opiniões, debates e decisões.

Visando produzir um conhecimento crítico e refletivo sobre a linguagem, serão abordadas as práticas educativas mais comuns no cotidiano de nossos alunos, entre muitas se destacam: conversas, comentários em redes sociais, trabalhos acadêmicos, midiáticos, literários, movimentos artísticos, manifestações da cultura corporal, entre outros. Nossos estudantes necessitam desenvolver sofisticados saberes relacionados à leitura e a produção textual em línguas maternas e estrangeiras contemplando várias esferas sociais e discursos.

Tais atividades poderiam ser mobilizadas como atividades de ensino e aprendizagem. Produção de peças teatrais que envolvam conversas e comentários em redes sociais, participação efetiva em blogs educativos com produções textuais, compartilhamento de textos produzidos, formação de rodas de leitura, a produção de mídias que viabilizem conhecimento sobre a sociedade, conhecimento técnicos, participação em movimentos sociais internacionais de hip-hop, de questões da juventude, de produção audiovisual.

Desenvolvimento de projetos culturais e esportivos, a participação em movimentos já instaurados (como, os saraus, as exposições) visita a teatro, museus, cinemas, feiras, entre outros. Preservação, conhecimento da cultura regional e o folclore.

Os conhecimentos da área de linguagem que estão presentes nas diversas linguagens que transitam pelo contexto juvenil são os relacionados às práticas socioculturais de diferentes grupos sociais. Valorizam-se assim, as maneiras do jovem estar e se apresentar ao mundo, de vivenciar criticamente as práticas sociais e a mediação discursiva que nelas incidem. As formas de interagir, de se divertir, de vestir e relacionar, de ser e de se expressar são oportunidades valiosas para a atividade educativa, elevar a autoestima, estimulando os jovens a lutarem por uma realidade melhor, junta às políticas públicas voltadas para a juventude.

Nesse contexto, serão contemplados os seguintes direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento humano:

1. A pluralidade de práticas e valores socioculturais;
2. A consideração de seus saberes na relação com a experiência escolar;
3. A compreensão, apropriação e uso de várias formas de linguagem;
4. Ao pensamento emancipador;
5. Ao desenvolvimento de práticas refletidas e orientadas ao cuidado de si;
6. A organização e ao uso crítico das diferentes linguagens, entre outros.

Dessa maneira, todas as disciplinas possibilitarão reflexão e ação a que os jovens podem e devem chegar com a finalidade de assegurar.

Reflexão e Ação 3

Algumas abordagens podem explicar a apropriação e/ou aprofundamentos de diferentes práticas culturais; os conhecimentos necessários para melhor compreender as tendências culturais contemporâneas que se manifestam nas diferentes formas de linguagens; e as possibilidades oferecidas pelo universo das diferentes práticas culturais como campo do trabalho, através da inclusão das práticas corporais, as manifestações artísticas, os gêneros literários, as diversas línguas são materializações de sistemas culturais, e como tal expressam diferentes possibilidades de perceber e exprimir a realidade, quando os estudantes têm a possibilidade de conhecer e se apropriar das mesmas, alarga suas perspectivas de mundo e suas possibilidades de refletir sobre si próprio e de intervir no contexto social.

Outro fator importante é destacar entre muitas possibilidades, é oportunizar aos alunos situações de ter contato com múltiplas referências culturais permitidas pelas tecnologias de comunicação e informação, aproveitar os mecanismos utilizados pela publicidade não apenas para destacar as características de um produto à venda, mas também para associar o mesmo a ideais socialmente valorizados, como sucesso, conquista, juventude, simpatia, sensualidade, beleza, a qual é muito significativa para a maioria dos estudantes. Trata-se de oferecer condições ao estudante de avaliar e criticar a publicidade de alguns produtos que oferecem e não cair na tentação do consumismo.

O trabalho em Linguagens, especialmente em Língua Portuguesa numa perspectiva interdisciplinar, apresenta uma formação ampla pautada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, o Ensino Médio e possibilita o acesso a conhecimentos científicos e tecnológicos, também tem o compromisso de promover a reflexão crítica sobre os padrões culturais que constituem normas de conduta dos grupos social.

Tais atividades podem ser realizadas dentro da realidade de cada turma, uma forma prática é a produção de uma página coletiva na internet, a criação de um blog de beleza, saúde, tecnologia, cultura, boa forma e outros, com a participação integral dos alunos nas publicações e acompanhamento.
Com essa atividade, a área das Linguagens pode, desse modo, contribuir para que os jovens reconheçam o papel das ciências na produção de novos conhecimentos, imprimindo assim um significado ao rigor científico necessário para tal fim. Por outro lado, a área também pode contribuir para que os jovens despertem para a pesquisa na área que mais lhe interessa, daí percebe-se as transformações e verificam como as novas tecnologias de comunicação e informação facilita o modo como as pessoas se relacionam, constroem a sociedade e realidade.

A proposta interdisciplinar abordada nesta unidade de estudo, apresenta conteúdos curriculares e conhecimentos valiosíssimos na disciplina de Língua Portuguesa, apresenta uma dimensão de trabalho integrada ao processo educativo, podendo ser compreendido como mecanismos de construção de conhecimentos, diz respeito aos diversos componentes curriculares da área de Linguagens, esse trabalho envolve desde as práticas pedagógicas até resultados alcançados ou seja, a dimensão do trabalho abarcaria tanto os processos de ensino e aprendizagem, quanto o uso crítica das diversas expressões de linguagem na sala de aula e em outros contextos fora da escola.

Reflexão e Ação 4

De acordo com o caderno IV, partindo do princípio da ideia de linguagem como prática social, tais reflexões são essenciais porque nos conduzem a repensar continuamente o processo educativo e seus objetivos, auxiliando-nos a compreender de maneira mais articulada o que e por que fazemos.

No fazer pedagógico é inerente a necessidade de assumirmos posicionamentos, de vermos os estudantes como sujeitos inseridos em contextos socioculturais e educacionais, com vivências particulares. Segundo Libâneo, o fazer pedagógico é uma atividade de humanização.

O ato de pensar e atuar no campo educacional compreende uma responsabilidade ética e social; o fazer pedagógico como prática social, permeado por valores e ideologias.

Educar em um mundo em constante mudança configura uma árdua e desafiadora tarefa. Nossas experiências como educadores levam-nos a reconhecer o ato educativo como um processo complexamente multifacetado de humanização.

A característica dinâmica da ação educativa exige frequente reflexão e recai em diversos questionamentos e incertezas. Sendo que tais dúvidas, desconfortos, inquietações, conflitos e contradições não devem ser considerados como fatores negativos, mas como parte integrante da construção de todo tipo de conhecimento. O agir pedagógico e as práticas curriculares são cercados de infindáveis divergências, sendo a reflexão sobre as mesmas mais importante do que a própria ideia de superação dessas. Nessa atividade complexa não há soluções universais. Toda prática educativa é política.

Assim é crucial que nos questionemos sobre qual é o papel desses conhecimentos na vida dos estudantes e em que medida os modos de conduzi-los ampliam as visões e experiências de vida deles. Qualquer prática, norma, plano, atividade, avaliação mostra-se repleta de valores, ideologias.

Devemos abordar nossa prática a partir de uma visão integradora, que compreenda diversas linguagens: oralidade, escrita, som, imagem, linguagem corporal. Temos de nos perceber como agentes que disseminam políticas. Sendo assim a prática curricular um processo, uma experiência, pois as ações educacionais afetam diretamente o destino das pessoas envolvidas nesse processo. Somos então profissionais que fazem política. Os processos pedagógico e político são indissociáveis.

Libâneo destaca nossa época pós-moderna que apresenta a relativização do conhecimento sistematizado, do poder da ciência; o caráter instável do conhecimento, acentuando o papel dos sujeitos como produtores de conhecimento, protagonistas na construção da sociedade. Destaca também a heterogeneidade cultural, sem culturas dominantes. Não havendo uma natureza universal, pois os sujeitos são construídos socialmente e formam suas identidades no decorrer do percurso. Os educadores devem auxiliar os estudantes a construírem seus próprios quadros valorativos: diversidade, tolerância, liberdade, criatividade, intuição, sentimento. Ainda segundo o autor, deve-se buscar o restabelecimento da unidade do conhecimento e práticas sociais que a modernidade fragmentou. Porém questiono-me quanto a isso e creio ser esse processo de fragmentação sem volta, irrecuperável e “incolável”.

  A discussão sobre o currículo pautada em conteúdos revela um teor muito conservador, configurando-se no mero estabelecimento de documentos. O texto mostra algumas vertentes de interessantes abordagens em relação ao currículo.

A discussão sobre o trabalho docente trazendo à luz a metáfora da árvore é igualmente muito interessante. Sendo as folhas, que possuem maior visibilidade, a prática de sala de aula, que compreende as técnicas de apresentação de conteúdo, recursos, atividades. Uma visão centrada nas folhas seria restrita: os professores como meros reprodutores, deixando de lado seu papel de agentes políticos. Entretanto, o currículo deve ser visto como uma prática social. O tronco corresponde à pedagogia que é mantida pela raiz, que representa a filosofia da educação. Sendo que, na grande maioria das vezes, os professores não dispõem de tempo para estudar novas teorias ou mesmo aprofundar-se nas que fundamentam suas ferramentas de trabalho.

De pleno acordo com o texto, não há métodos perfeitos de agir em sala de aula; transformações advêm da problematização e da preocupação em educar visando o pleno desenvolvimento do sujeito cidadão, crítico, capaz de mudar sua própria realidade, de modo ético.

Referência bibliográfica:

     Brasil. Secretaria de Educação Básica.  Formação de professores do ensino médio, Etapa II - Caderno IV:  Linguagens / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica;      [autores: Adair Bonini... et al.]. – Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2014.   47p.

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