CADERNO IV LINGUAGENS

Colégio Estadual do Campo Carlos Gomes   -     IGUATU/PR
Cursistas: Cleiton Fernandes Santos, Ivete Eliana C. C. Rodrigues, Rosemare Aparecido Alves, Santina Elza Inácio, Sonia Regina Carrasco Oliveira.
Orientadora: Soeli Berton Pantano
CADERNO IV            ETAPA II  LINGUAGENS

Reflexão e ação 1
O filme “O enigma de kaspar Hauser”, do diretor alemão Werner Herzog, nos faz refletir sobre como funciona a aquisição da linguagem, e se esta aquisição está intimamente ligada com as experiências vivenciadas e também qual a sua relação com o pensamento. Através do filme podemos perceber que as relações entre linguagem e construção da realidade são prejudicadas, devido à ausência do personagem com o convívio social, ele não passou pelo processo de socialização quando desenvolveria a compreensão através da prática social, por isso não conseguia dar significado às coisas. Fato constatado na parte em que com aproximadamente 15 anos é encontrado e quase não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano, pois desde muito pequeno foi privado do convívio social. Sua trajetória de vida é o triste resultado de sua carência de cultura e do não desenvolvimento da linguagem.
O total isolamento naquela masmorra por tanto tempo, impactou fortemente sua formação como indivíduo, pois muito tempo após sua reintegração na sociedade, já com a linguagem mais desenvolvida, percebe-se ainda a dificuldade de entender as pessoas e suas reações.  Quando passa a conviver com a sociedade, aquilo para ele parece não fazer sentido, da mesma forma que parece não haver uma associação entre o significante e o significado. Nem mesmo o medo faz parte de seu mundo e, nos faz entender que isso também é fruto da convivência social.
O filme apresenta entre outras características a formação e a construção da realidade do personagem principal através da linguagem. Essa formação  apresenta–se nas diversas cenas analisadas.
Assustados com a figura, os moradores o deixam prisioneiro numa torre. O rapaz não é violento e se mostra inteligente, surgem inclusive rumores de que ele pertença à nobreza. Durante dois anos, ele amplia sua linguagem ensinada por uma família que o ajuda e por um religioso. Ele aprende facilmente música, tricô e jardinagem. Este filme traz uma reflexão sobre a comunicação verbal do homem e a interação com o meio em que está inserido.
A primeira cena apresenta o jovem Hauser brincando com um cavalo de madeira, fazendo somente grunhidos para representar o som do animal. Como ele não teve contato com outras pessoas desde pequeno, seu vocabulário é inexistente, pois não houve interação social.
Podemos entender que o homem é um ser naturalmente social, temos necessidade de interação para evoluirmos e nos desenvolvermos. Portanto, percebemos a relação existente entre língua e pensamento, conhecimento e construção da realidade social.     Observamos as relações entre a linguagem e a construção da sociedade, a saber, que o grande problema de Kaspar está atrelado ao cativeiro, uma vez que seu estado de solidão e total privação de convívio social fez com que não tivesse acesso a conhecimentos da linguagem que é essencial para o crescimento intelectual  de um ser. Constata-se através desse filme que o ser humano constrói-se a partir de sua cultura e da língua no contexto que o circunda, na relação com o meio. A linguagem é fator determinante para a forma de cada indivíduo ser e estar no mundo e de socialização que existe, por esta razão o homem não vive sozinho, é um ser que precisa do outro para viver e estar em constante construção.  Com toda essa problemática Kaspar consegue após a saída do cativeiro, aprender a andar a reproduzir seu nome, pronunciar palavras com  o auxílio do espelho, aprender música e encanta-se com a melodia do piano. Ao jovem foi imposta a princípio a repetição de sons e  momentos mais tarde, em discussão com religiosos foi imposto a acreditar em que Deus criara tudo do nada. Porém, o mesmo, munido de inocência retrucou aos religiosos que era necessário melhorar a sua prática de leitura e escrita, para poder compreender melhor o mundo. Quanto a reprodução isso os habilitava nas mudanças sociais, quanto ao comer, andar e ouvir música, mas se sentia cansado de aprender coisas que para ele era difícil. Isto nos faz crer que o quanto a linguagem e a cultura representam para o desenvolvimento psicológico do indivíduo, e quando privado destas, as consequências são danosas, pois a linguagem nos oferece um leque de opções e mudanças e reescreve a história de nossas vidas.
Concluímos assim que a linguagem só é linguagem se ela fizer parte de sua realidade, pois se alguém não tiver nenhum contato, ficará alheio a tudo e ela só se torna linguagem se os seres socialmente a construírem através do tempo e do espaço.

Reflexão e Ação 2    
Em qualquer espaço de aprendizagem que envolva adolescentes as principais práticas de expressão e interação da linguagem estão voltadas para o uso das tecnologias e redes sociais, sejam elas através da música, facebook, dança, whatsapp, esporte com ênfase ao futebol e os vídeos games e não esquecendo as famosas novelas teens. Essas certamente são as maiores formas de interação entre os alunos de um determinado grupo.
Em sala de aula poderia ser explorado a escrita, a leitura, expressões corporais, coreografias, o acesso imediato a pesquisas com a tecnologia via internet, que facilita e agiliza a busca de informações, a interação e comunicação entre os alunos e professores pelo whatsapp para troca de informações para trabalhos, troca de materiais, encontros, tarefas e outros recursos que precisam de conversas entre os grupos e assim também ocorre com as inúmeras possibilidades de leituras e interpretações dentro das outras áreas do conhecimento.
A aceitação da necessidade de mudança nas relações passa a ser o passo inicial para se alcançar o sucesso de participação e humanização do processo educativo. Uma postura de receptividade, flexibilidade e estimulo as novas ideias e respeito às opiniões divergentes, que tendem ao diálogo e a cooperação, encurtando as fronteiras entre os sujeitos.

Reflexão e ação 3
A possibilidade de realizar um projeto interdisciplinar mobilizando as diferentes formas de linguagem como esta proposta de analisar e produzir uma revista que vai de encontro com os anseios de nossos jovens, é bastante instigante.  Ao planejar para sua realização percebe-se que é exigente, longo e ao mesmo tempo possibilita aos alunos e professores muito crescimento no conhecimento individual e grupal. Vários conteúdos e conceitos de linguagens estarão sendo analisados, apropriados durante a produção das atividades e posteriormente na vida.
Ao desenvolver parte deste projeto percebe-se que nossos jovens trazem ainda consigo um estereótipo de corpo ideal imposto pela sociedade e que sabemos que ele é irreal, dificilmente encontramos uma pessoal dentro dos parâmetros apresentados pelas mídias e muitas pessoas que ainda estão irraigadas culturalmente com essas ideias de beleza e modismo. Percebe-se que principalmente os jovens são os mais atingidos. São bombardeados por diferentes formas (linguagens), as mídias (propagandas, programas, novelas, roupas, maquiagens, alimentação), características corporais, cabelos, musicas, grupos de amigos, namoro, estilo de vida, família, gênero. Isso tudo tem gerado adolescentes frustrados, que sem necessidades realizam dietas alimentares perigosíssimas. Outros desenvolvem sentimento de rejeição, passando se isolar. Nesse meio encontramos alunos conscientizados como também com distúrbios alimentares sérios.
Ao analisar algumas textos de revistas, propagandas, pesquisar novos conceitos. O debate foi bastante produtivo, pois além dos materiais pesquisados obtiveram informações entre eles e seus familiares. A partir desse momento já se pode realizar registros através de produção de texto descritivo e argumentativo. A atividade esta em desenvolvimento não se tem certeza se todos objetivos propostos serão atingidos, mas é possível afirmar que o projeto proposto permite um leque de atividade e o desenvolvimento de conhecimento pelos alunos.