Caderno 4 Linguagens

Colégio Estadual do Campo Coelho Neto
Orientadora de estudos: Dione Elenice Mohler Martelo
AYALA REJANE GUERREIRO THEISEN
ELIS REGINA CAPELIN DORNELES
JACINTO VAGNER RUPP
LEONI BARBOSA DA SILVA SCHOMMER
LUCIANA GARLINI
MARCELO THEISEN
MARIA DEL CASTANHEL PERON HUBNER
ROSEMERI APARECIDA DA SILVA SANTOS

Etapa II Caderno 4 Linguagens
Iniciamos o encontro assistindo ao filme e em seguida no grupo fizemos as considerações que seguem.
REFLEXÃO E AÇÃO 1
Nesta unidade discutimos a formação da área de Linguagens, o conceito de linguagem e apresentamos os conhecimentos da área. Agora vamos refletir um pouco sobre esses temas através da discussão do filme O enigma de Kaspar Hauser, do diretor alemão Werner Herzog, que você pode assistir em: https://www.youtube.com/watch?v=MxpuYFouR70. Consideremos a seguinte ordem na atividade: 1) Assistir ao filme, procurando observar e anotar, quais são as relações entre linguagem e construção da realidade; como as práticas de linguagem estão atreladas aos contextos sociais e históricos; como os conhecimentos de linguagem listados acimas aparecem no filme. 2) Em roda de discussão, comparar as anotações e reflexões. 3) Ainda no grupo, discutir a relação entre imposição e opção na linguagem e entre reprodução e mudança social.

Kaspar Hauser, em tradução literal, significa "cada um por si e Deus contra todos". É um filme denso, que nos mostra uma visão sobre a humanidade e faz uma reflexão sobre a singularidade do ser humano, da história de vida e experiências de cada um, e sobre o quanto linguagem e cultura representam para o desenvolvimento psicológico do indivíduo. Kaspar Hauser é um personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 1928, com supostamente 15 anos, quase não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano, pois desde novo, foi privado do convívio social. Sua trajetória de vida é o triste resultado de sua carência de cultura e do não desenvolvimento da linguagem. O total isolamento na caverna por tanto tempo, foi um choque a sua formação como indivíduo. Muito tempo após sua reintegração na sociedade, já com a linguagem mais desenvolvida, percebe-se ainda a dificuldade de Kaspar Hauser em entender às pessoas e suas reações. Enquanto privado do convívio social, o silêncio era sua única companhia. Não somente a ausência de vozes externas, mas o silêncio interno, da mente vazia. Kaspar Hauser não poderia conhecer a si mesmo sem ter alguma relação interpessoal, sem referências. Não havia a linguagem para que ele pudesse definir as coisas que via e experimentava no cativeiro. A linguagem é a expressão do pensamento. É a mais antiga das concepções, muito presente entre nós. A obra do diretor Herzog é repleta de simbolismo. Observamos e anotamos as experiências vividas por Kaspar Hauser pela ótica tanto das ciências médicas como das sociais. A importância do aprendizado da linguagem para o bom relacionamento interpessoal é o fator que mais chama a atenção. O filme O Enigma de Kaspar Hauser menciona trechos para exemplificar o impacto na sua linguagem, na sua vida e no seu desenvolvimento mental após cativeiro. “Tenho que aprender a ler e a escrever para depois poder compreender.” “Conhecer o mundo pela linguagem, por signos linguísticos, parece não ser suficiente para Kaspar Hauser.

O Enigma de Kaspar Hauser é uma das mais famosas obras cinematográficas do diretor Werner Herzog (Alemanha, 1974). Kaspar Hauser, em tradução literal, significa "cada um por si e Deus contra todos". É um filme denso, que nos mostra uma visão sobre a humanidade e faz uma reflexão sobre a unicidade do ser humano, da história de vida e experiências de cada um, e sobre o quanto linguagem e cultura representam para o desenvolvimento psicológico do indivíduo.
Kaspar Hauser, um personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 1928, com supostamente 15 anos, quase não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano, pois desde a mais tenra idade, foi privado do convívio social. Sua trajetória de vida é o triste resultado de sua carência de cultura e do
não desenvolvimento da linguagem. O total isolamento na caverna por tanto tempo, impactou fortemente sua formação como indivíduo.
Muito tempo após sua reintegração na sociedade, já com a linguagem mais desenvolvida, percebe-se ainda a dificuldade de Kaspar Hauser em entender às pessoas e suas reações. Enquanto privado do convívio social, o silêncio era sua única companhia. Não somente a ausência de vozes externas, mas o silêncio interno, da mente vazia. Kaspar Hauser não poderia conhecer a si mesmo sem ter alguma relação interpessoal, sem referências. Não havia a linguagem para que ele pudesse definir as coisas que via e experimentava no cativeiro.

Sinopse
O filme apresenta Kasper Hauser em diversos momentos de sua vida e como se dá o desenvolvimento mental após o cativeiro.
No cativeiro, Kaspar Hauser aparece acorrentado, vítima de um homem com capuz, cujo rosto não pode ser visto, que lhe alimenta com pão e água e lhe ensina algumas palavras. Kaspar Hauser viveu nessa situação até o dia que esse homem, única figura humana com quem tinha contato, decide tirá-lo do cativeiro e ele então começa a aprender a andar. Esse mesmo homem o abandona em uma praça de Nuremberg, Alemanha. Kaspar Hauser fica atônito até ser encontrado por outro homem que lhe faz uma série de perguntas que ele não consegue compreender.
Logo a notícia da presença estranha daquele rapaz se espalha e Kaspar Hauser se torna alvo da curiosidade dos habitantes da cidade. Como as autoridades não conseguiram decifrar o enigma, Kaspar Hauser passa a viver em um estábulo sob a contínua observação das autoridades que só tinham as informações que o rapaz portava ao ser encontrado: um rosário, umas orações católicas manuscritas e uma carta que mencionava seu nome, a data de seu nascimento e a indicação de que ele deveria se tornar um cavaleiro tal como seu pai, cuja identidade não é revelada.
Em outro momento do filme, inicia o contato de Kaspar Hauser com a sociedade. As autoridades perceberam que ele só se alimentava de pão e água e que seus pés estavam feridos. Descobriram também que ele era capaz de reproduzir seu nome (um rudimento de escrita). Diagnosticaram seu caso como uma mente confusa que não poderia ser submetida a um inquérito policial e decidiram mandá-lo para a prisão junto com outros vagabundos.
Seu primeiro contato em um ambiente social é com a família do guarda do presídio e se dá através do filho do guarda, que o ensina a pronunciar as palavras com auxílio de um espelho. É com essa família que Kaspar Hauser toma seu primeiro banho e aprende a usar os talheres. A filha do casal tenta ensinar música para Kaspar Hauser e, apesar da dificuldade com a letra da melodia, ele se identifica com os sons. Kaspar Hauser tinha mais afinidades com animais e crianças.
As autoridades continuaram a investigação para saber mais sobre Kaspar Hauser, mas os gastos para mantê-lo longe da sociedade estavam altos e, então, decidiram enviá-lo para um circo.
Nesse novo momento, o filme apresenta as agruras e humilhações pelas quais passou Kaspar Hauser durante o tempo que esteve no circo. Ele é apresentado em espetáculos como uma aberração junto com outros indivíduos que também são especiais, cada um de uma forma diferente. Todos conseguem fugir do circo, correndo das pessoas que querem caçá-los. Kasper Hauser se esconde em uma cabana e é encontrado por um professor.
Após esse primeiro encontro com o professor Daumer, passam-se dois anos e Kaspar Hauser aparece como filho adotivo do professor. A cena mostra o professor e Kaspar Hauser assistindo a um jovem cego, Florian, tocar piano. Kaspar chora de emoção, pois a música o sensibiliza. Kaspar Hauser se sente envelhecido e cansado de tentar aprender coisas que para ele são difíceis e muitas vezes, sem sentido. O professor o consola e tenta reanimá-lo dando como exemplo o jovem Florian, que apesar de cego e de ter perdido toda a família em um acidente, não desanimou e toca piano o dia todo.
Após esse episódio, o filme passa a outro momento e Kaspar Hauser aparece tomando chá com os padres. Os religiosos estão interessados em saber o quanto o rapaz conhece de Deus. Kaspar Hauser os surpreende dizendo que não consegue imaginar que Deus tivesse criado tudo o que existe no mundo a partir do nada. Os padres tentam convencê-lo a crer através da fé e mais uma vez Karpar Hauser, em sua simplicidade e inocência, esclarece com muito bom senso, que precisará melhorar sua leitura e sua escrita para, posteriormente, compreender o restante.
Em todos os momentos do filme em que Kaspar Hauser é confrontado por alguém, ele se mostra muito mais sensato e lógico do que os homens educados.
Quando Kaspar Hauser é convidado para sua primeira festa, mais uma vez se torna uma atração para os convidados. Kaspar é informado que o lorde que o convidou tem a intenção de adotá-lo e levá-lo para a Inglaterra. Porém, Kaspar Hauser não consegue causar uma boa impressão ao lorde e não se sente bem no ambiente festivo.
Em outro momento importante da trama, Kaspar Hauser sofre um atentado. Sua fama começa a incomodar algumas pessoas. Durante o atentado, Kaspar não se defende e nem pede ajuda. Machucado, procura um local escuro para se esconder, como se quisesse retornar ao seu tempo de cativeiro, quando não era atormentado pelos homens. Mais uma vez, Kaspar Hauser é auxiliado pelo professor Daumer, que o leva para casa e cuida para que ele se recupere. Kaspar Hauser tem delírios onde se encontra com a morte.
Pouco tempo depois, Kasper Hauser sofre um segundo atentado. Mesmo machucado, procura pelo professor Daumer e conta o que se passou. No local do episódio, o professor encontra um saco com um bilhete que sugeria o motivo pelo qual Kaspar Hauser havia sido atacado e fica subentendido que o atacante poderia ser seu pai. A verdade sobre a origem de Kaspar Hauser fica para sempre em segredo.
Kaspar Hauser morre rodeado por aqueles que lhe foram mais próximos durante sua curta trajetória de vida em sociedade. Após sua morte, ele é levado para autópsia, cujo relatório aponta uma anormalidade no cerebelo que afetou seu desenvolvimento intelectual, acreditando as autoridades que haviam encontrado as respostas a todas as questões pendentes em torno desse homem diferente, Kaspar Hauser.
Essa obra do diretor Herzog é repleta de simbolismos. Podemos estudar as experiências vividas por Kaspar Hauser pela ótica tanto das ciências médicas como das sociais. A importância do aprendizado da linguagem para o bom relacionamento interpessoal é o fator que mais chama a atenção. Kaspar Hauser menciona em uma de suas falas:
- Tenho que aprender a ler e a escrever para depois poder compreender.
Conhecer o mundo pela linguagem, por signos linguísticos, parece não ser suficiente para Kaspar Hauser. Vygotsky insiste que o pensamento e a linguagem se originam independentemente, fundindo-se mais tarde no tipo de linguagem interna que constitui a maior parte do pensamento maduro. (Saboya, 2001 – p.5)
Kaspar Hauser não passou por um processo de socialização, onde exercitaria a compreensão através da prática social, não consegue atribuir significado às coisas, mesmo tendo adquirido a linguagem. Assim, analisando o caso de Kaspar Hauser, somos levados a pensar que não apenas o sistema perceptual, mas as estruturas mentais e a própria linguagem são resultantes da prática social, ou seja, as práticas culturais "modelam" a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito. (Saboya, 2001 – p. 6)

REFLEXÃO E AÇÃO 2  
REFLEXÃO E AÇÃO Nesta unidade refletimos sobre o sujeito jovem, as práticas de linguagem e os direitos de aprendizagem. Para que possamos agora investigar formas de levar essas reflexões para a atividade educativa, propomos um exercício que leve em conta a realidade dos estudantes, e que compreende quatro etapas, quais sejam:
a) Em conversa com seus alunos, levante cinco práticas de linguagem (interação/expressão) que estão presentes em suas vidas.
“Linguagem como expressão do pensamento”;  ela é percebida como sistema idealizado, na qual as leis do pensamento é que regem as leis da linguagem.
“Linguagem enquanto instrumento de comunicação” A língua é entendida como conjunto de símbolos que combinam entre si regras próprias e que é capaz de transmitir uma mensagem.
  “Linguagem como forma de interação”  um instrumento de comunicação e de expressão de pensamento, a linguagem é percebida aqui como um lugar de interação humana, construída socialmente e marcada pelo seu caráter interlocutivo.
Cinco práticas de linguagem presentes no dia-a-dia foram feitos os seguintes apontamentos.
1- Conversa roda de amigos.
2- Dançar.
3- Produção acadêmica – sala de aula.
4- Assistir um programa de televisão, peça de teatro
5- Praticar algum esporte coletivo (voleibol, basquete, futsal....)

http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/183_217.pdf

b) Aponte como elas poderiam ser mobilizadas como atividades de ensino e aprendizagem, quais conhecimentos da área de linguagens estariam presentes e quais direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento humano seriam contemplados.
Conversa com amigos:  é possível interagir usando várias práticas diferentes de linguagem, formal, informal, gíria.
Dançar:  movimentos corporais que vão acontecer de acordo com o ritmo musical ou a coordenação (movimentos) que é característico de cada um. Pode representar muito de cada um, o que está sentindo, prazer, vergonha, insinuação ...
Produção acadêmica – sala de aula: analisar as informações repassadas através do conteúdo, aprender coisas novas, produzir o reproduzir situações, repensar determinadas “razões”, práticas.
Assistir um programa de televisão, peça de teatro: perceber diferentes formas de expressão verbal, corporal, gestual... analisar, compreender e estabelecer relações entre um tema e outro.
Praticar algum esporte coletivo (voleibol, basquete, futsal....); pode-se levar em consideração o trabalho que será realizado em equipe, a importância do diálogo na elaboração das táticas de jogo, definir a função e importância de cada jogador em campo juntamente com a interação com os lances e táticas dos outros jogadores.

c) Em uma roda de conversa, exponha seu levantamento e reflexão aos colegas.
Após discussões e considerações por parte de nosso grupo entendemos que considerando que os seres humanos são seres sociais que inventaram a linguagem, aprender é pois o engajamento ativo em práticas sociais e significar a estas práticas. É ter habilidade de experienciar o mundo e de falar desta experiência (WENGER, 1998).
O primeiro contato da criança com a linguagem, naturalmente começa com os pais e familiares falando no âmbito familiar. É na família que as crianças começam aprender a falar e construir sua maneira de falar e terá  forte influência dos familiares na construção de sua linguagem. É evidente também a influência do maio social em que as crianças vivem. Nas ruas, nas vilas, vilarejos, comunidades, as crianças começam também receber influências externas na elaboração do jeito de falar. A televisão, o radio, as músicas ouvidas em seu habitat também influenciam na maneira pela qual as pessoas falam. A classe social e as condições materiais pertinentes ao contexto social que a criança pertence, certamente vai influir no vocabulário das crianças. As crianças que começam a conviver com pessoas que se preocupam em falar na "forma culta da letra" certamente vai falar muito diferente das crianças que convivem com pessoas que não aprender a falar de acordo com os padrões "corretos" da língua. A escola e as instituições sociais tem que contribuir para elevar os padrões de linguagem para toda a sociedade.
E não podemos esquecer que é na escola que as crianças entram em contato com a norma culta da fala e da escrita a inserção científica.
Nesse sentido, entendemos que os nossos sujeitos estudantes do ensino médio se expressam e/ou interagem com e por meio de variadas tecnologias, umas permitindo uma interação mais recíproca, outras nem tanto, pois se usassem todas as tecnologias a favor da aprendizagem os resultados seriam favoráveis à uma educação de qualidade.
               O telefone, por exemplo, bastante acessível aos nossos jovens, é uma mídia interativa, pois permite o diálogo, a comunicação recíproca entre os falantes.
              Podemos citar também o videogame como meio de influência mútua, à medida que há uma reação do mesmo aos comandos do jogador, o mesmo pode, ainda, gerar uma diversidade de “partidas” e permite ao jogador até mesmo reformular as informações e tomar outros rumos. A interação pode tornar-se mais efetiva quando há dois jogadores que irão traçar objetivos diferentes para superar os desafios.
Pela linguagem se possibilitam reconstruções, tornando mais complexo o conhecido, com acréscimos de significados, reconstruindo-se no processo não apenas conhecimentos, mas igualmente os sujeitos envolvidos.

d) Considerando os levantamentos expostos por todos os colegas, desenvolvam uma discussão, contemplando o alcance dos direitos e as possibilidades de trabalhos interdisciplinares.
A interdisciplinaridade consiste em criar um objeto novo que não pertença a ninguém. O texto é, creio eu, um desses objetos.
Roland Barthes (semiólogo e teórico literário francês). 
Preliminarmente, pode-se afirmar que a interdisciplinaridade é considerada uma forma de pensamento que procura explicar os fatos sob diferentes pontos de vista. Daí resulta que a linguagem – objeto para o qual convergem diversas disciplinas – pode ser estudada, por exemplo, sob o ponto de vista da Psicologia da Aprendizagem, da Sociolingüística, da Psicolingüística, da Lingüística, entre outras abordagens igualmente importantes.
Da mesma forma, o professor de português precisa conhecer Sociolingüística, para chegar a ter a compreensão de que a Língua Portuguesa é uma unidade na diversidade, ou seja, é uma só língua constituída de diversos dialetos, com maior ou menor prestígio social. Assim, o professor terá condições de realizar um trabalho, partindo do fato de que a modalidade culta, ensinada na escola, é apenas o dialeto prestigioso, que tem, como os demais, uma gramática própria, o que relativiza o erro em língua.
A interdisciplinaridade também está envolvida quando os sujeitos que conhecem, ensinam e aprendem, sentem necessidades de procedimentos que, numa única visão disciplinar, podem parecer heterodoxos mas fazem sentido quando chamados a dar conta de temas complexos. Se alguns procedimentos artísticos podem parecer profecias na perspectiva científica, também é verdade que a foto do cogumelo resultante da explosão nuclear também explica, de um modo diferente da física, o significado da bomba atômica.Nesta multiplicidade de interações e negociações recíprocas, a relação entre as disciplinas tradicionais pode ir da simples comunicação de idéias até a integração mútua de conceitos diretores, da epistemologia, da terminologia, da metodologia e dos procedimentos de coleta e análise de dados. Ou pode efetuar-se, mais singelamente, pela constatação de como são diversas as várias formas de conhecer. Pois até mesmo a “interdisciplinaridade singela” é importante para que os alunos aprendam a olhar o mesmo objeto sob perspectivas diferentes. (Mello, 1998).
É preciso vincular os conteúdos escolares a situações que façam sentido para o aluno, incorporando as vivências dele. Assim, ele é capaz de estabelecer relações entre os conhecimentos. Contextualizar a leitura e a escrita de notícia em procedimentos diversos, por exemplo, é uma das possibilidades: ler textos jornalísticos no jornal impresso, entrevistar uma pessoa, publicar um jornal "de verdade" etc. A escolha do contexto deve considerar o que é significativo para o aluno em sua vida e no mundo e para os objetivos da escola. Onde buscá-los? Na vida cotidiana, na sociedade, na descoberta de conhecimento.
O que chama atenção, nessa seqüência de elementos disciplinares e interdisciplinares, mais do que a relação entre as disciplinas da área, são as pontes com as disciplinas das outras áreas. A problemática sócio-ambiental e as questões econômico produtivas são científico-tecnológicas e são histórico-geográficas. As informações tecnológicas e científicas, dotadas de seus códigos matemáticos, seus símbolos e ícones, também constituem uma linguagem. Na realidade, o aprendizado das Ciências da Natureza e da Matemática deve se dar em estreita proximidade com Linguagens e Códigos, assim como com as Ciências Humanas. Essas decorrências da interdisciplinaridade são objeto de atenção explícita do CNE/98. Os objetivos da educação no Ensino Médio apresentados nesta Resolução deverão ser cumpridos pelas disciplinas de cada uma das três áreas de conhecimento, ou seja, a de Linguagens e Códigos, a de Ciências da Natureza e Matemática e a de Ciências Humanas, cada uma delas acompanhada de suas Tecnologias. Os objetivos explicitamente atribuídos à área de Ciências e Matemática incluem compreender as Ciências da Natureza como construções humanas e a relação entre conhecimento científico-tecnológico e a vida social e produtiva; objetivos usualmente restritos ao aprendizado das Ciências Humanas. Igualmente, à área de Linguagens e Códigos se atribuem objetivos comuns com a Ciências da Natureza e Matemática.

HENRIQUES, Vera Maria.  Campo Educacional: Identidade Científica e Interdisciplinaridade. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos.  Brasília, 1993. p. 655-680.
http://www.ufpa.br/eduquim/pcn.htm

REFLEXÃO E AÇÃO  3
Uma forma de mobilizar vários dos conceitos discutidos nesta unidade passa pela possibilidade de planejar um trabalho interdisciplinar, em que linguagens e as diferentes dimensões do currículo: trabalho, cultura, ciência e tecnologia apareçam entrelaçados com um tema de interesse dos jovens de Ensino Médio. Entre tantos possíveis, um desses temas poderia ser estudar o que “faz a cabeça” das pessoas, particularmente dos jovens, em relação ao padrão corporal, o “ideal estético” a ser alcançado por homens e mulheres. Para desenvolver um trabalho nessa linha, uma possibilidade seria debruçar-se sobre uma revista ou outro artefato cultural consumido pelos jovens da sua escola, na qual o padrão corporal fique sempre em evidência. Dessa forma, para desenvolver essa atividade recomendamos que o grupo de professores escolha uma revista específica, preferencialmente, disponível em internet. Essa abordagem pode ser realizada em duas etapas. A primeira delas seria a da análise. Tomando como base os conhecimentos das diferentes disciplinas da área de Linguagens e de disciplinas de outras áreas, os estudantes seriam desafiados a analisar a revista em diversas perspectivas, passando tanto pelo conteúdo, como pela identificação dos gêneros textuais predominantes, os efeitos de sentidos procurados, o uso das imagens, o desenho, organização etc. Professores, tomando como referência essa proposta de trabalho interdisciplinar, perguntamos: Qual seriam, em sua perspectiva, os conhecimentos mais “valiosos” que o seu componente curricular poderia aportar para a análise? Qual é a relação desses conhecimentos com as dimensões trabalho, cultura, ciência e tecnologia discutidas nesta unidade? Na segunda etapa do trabalho, haveria a possibilidade de mobilizar os estudantes para a produção de uma revista (ou artefato similar) para tratar do tema padrão corporal a partir de um ponto de vista diferente daquele defendido e difundido pela revista analisada. Nesse contexto a pergunta é: Professores, na perspectiva de seu componente curricular, que conhecimentos são necessários para potencializar a “produção” da revista pelos alunos, tanto no que se refere ao conteúdo como a sua forma considerando o público para o qual ela é direcionada? Agora, tendo respondido as questões referentes às duas etapas dessa atividade pedagógica pediríamos que você, professor e professora, discutisse com os colegas sobre as possibilidades oferecidas por projetos como este para o trabalho com os estudantes, assim como para o desenvolvimento de práticas de ensino interdisciplinares.
Artigo de Atualização 

Adolescência e imagem corporal

Adolescence and body image

Autores: Luiz Antonio Del Ciampo1; Ieda Regina Lopes Del Ciampo2

Descritores: Adolescente, Imagem Corporal, Autoimagem, Tamanho Corporal.
Keywords: Adolescent, Body Image, Self Concept, Body Size.
Resumo:
O adolescente passa por grandes transformações físicas, emocionais e sociais, sendo, nessa fase da vida, que diversas características como desenvolvimento da identidade sexual, crenças e desejos manifestam-se mais intensamente. Além disso, a elaboração da imagem corporal e a satisfação com o corpo também sofrem influências variadas da família, dos grupos de pares, da mídia e da sociedade em geral, predispondo a distorções da percepção corporal. O conhecimento da dinâmica da adolescência em relação ao seu corpo, as influências externas e as características associadas são fundamentais para o reconhecimento precoce e adoção de medidas preventivas de distúrbios da imagem corporal.

Abstract:
The teenager is undergoing significant physical, emotional and social changes at that stage of life that many characteristics as the development of sexual identity, beliefs and desires manifest themselves more intensely. Furthermore, the development of body image and satisfaction with the body also suffer from various influences of family, peer groups, media and general society, predisposing to a distortion of body image. The knowledge of the dynamics of adolescence in relation to body composition, external influences and characteristics associated are essential for early recognition and adoption of preventive measures of body image disorders.

A adolescência é caracterizada por grandes transformações biológicas, emocionais e sociais verificadas na segunda década da vida, quando o indivíduo passa a adotar comportamentos e práticas diferenciados, caracterizados principalmente pela autonomia e maior exposição às situações do cotidiano. Representa a fase de maior velocidade de crescimento na vida extrauterina, implicando alterações no tamanho, na aparência e na satisfação corporal.
Embora a identidade de um indivíduo seja estruturada ao longo da vida, é durante a adolescência que diversas características, como sexualidade, crenças, desejos e objetivos de vida, se exteriorizam mais intensamente. A maneira como o adolescente percebe seu corpo é condição fundamental na formação de sua identidade. Portanto, para se compreender o adolescente é necessário recordar dois conceitos básicos implicados no seu desenvolvimento: imagem corporal e autoestima. Imagem corporal é um fenômeno polimorfo, modificável, que reflete desejos, atitudes emocionais e interação do indivíduo com outras pessoas. É a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta. Autoestima é um indicador de bem-estar mental, podendo ser entendida como o conjunto de atitudes e ideias que cada pessoa tem sobre si. É dinâmica, apresenta oscilações e revela-se nos acontecimentos sociais, emocionais e psíquico-fisiológicos.
A satisfação corporal traduz-se como o componente afetivo da imagem corporal que permite o adequado desempenho emocional e social do indivíduo perante a sociedade. Satisfação corporal e autopercepção são fatores primordiais na autoaceitação das pessoas e podem gerar atitudes que interferem no seu convívio social6. Por outro lado, insatisfação com o corpo acarreta sentimentos e pensamentos negativos quanto à aparência, influenciando o bem-estar emocional e a qualidade de vida.
O mundo social contemporâneo nitidamente discrimina os indivíduos não atraentes. O adolescente, sujeito às influências de família, amigos, grupos de pares e da mídia, tende a imitar comportamentos, que certamente influenciarão no desenvolvimento de sua imagem corporal.
A partir da década de 1960, iniciou-se uma busca intensa pelo corpo ideal, tornando-se objeto de consumo, desejado como magro e atlético, de formas bem definidas, passando a ser referência, ao passo que os indivíduos com mais peso começaram a apresentar depreciação da imagem física, pois o peso é, reconhecidamente, fator agravante na interação social e agente de discriminação social e afetiva.
Uma característica marcante da adolescência atual é a insatisfação com o próprio corpo. Não bastasse a influência de pais e amigos, a sociedade transformou o corpo em objeto de manipulação e de desejos, valorizando a magreza entre as mulheres e a força entre os homens. Tal insatisfação leva o adolescente a adotar posturas diversas, principalmente as dietas restritivas para emagrecimento7 (tornando-o suscetível a graves distúrbios nutricionais, como anorexia nervosa e bulimia nervosa) e práticas exageradas de atividade física e consumo de anabolizantes, que podem predispor aos transtornos dismórficos corporais
Como nas sociedades ocidentais o padrão é "ser magra", muitas adolescentes com peso normal, percebendo-se com sobrepeso ou obesas, tendem a perder peso para serem aceitas socialmente. Estudos realizados no Brasil e em diversas partes do mundo mostram crescente descontentamento dos adolescentes, manifestando insatisfação com sua aparência e com o peso corporal. Na Europa e na América do Norte, a insatisfação com o peso corporal é altamente prevalente e mais comum no gênero feminino, entre aqueles com sobrepeso e entre os adolescentes mais velhos. Autores têm revelado recorrência de distorções e percepções negativas sobre o corpo, mesmo em adolescentes normais. Como as normas sociais valorizam a associação entre magreza e atributos positivos, as mulheres estão sendo estimuladas a mudar o tamanho e a forma corporal, com a finalidade de melhorar a aparência física e diminuir o descontentamento com o corpo.
Em decorrência dessa percepção corporal negativa observam-se alterações comportamentais entre os adolescentes, como restrição ao uso de alguns tipos de roupas e frequência a locais onde possam exibir o corpo, indução à prática exagerada de exercícios físicos, modificações no consumo de alimentos e dietas restritivas, indução de vômitos e consumo de álcool e cigarros
Adolescentes obesos são especialmente vulneráveis à discriminação social, visto que a inadequação do estado nutricional e a adiposidade corporal representam fortes indicadores de insatisfação corporal na adolescência, tendendo a apresentar baixa autoestima, alta insatisfação corporal e distúrbios comportamentais. As meninas são mais preocupadas com a gordura e mais propensas a se julgarem gordas que os meninos. Estes, por sua vez, têm menos interesse em perder peso e mais em adquirir massa muscular e exibir sua masculinidade. Especialistas em distúrbios alimentares defendem que sejam envidados esforços no sentido de se alterar esse padrão de beleza de extrema magreza, bem como as atitudes sociais frente ao aumento de peso. Ao mesmo tempo, propõem a realização de estudos de intervenção e campanhas educativas com o objetivo de melhorar a imagem corporal das garotas.
A mídia pode ser considerada como um dos mais importantes fatores envolvidos na construção da identidade dos adolescentes, pois produz modelos de vida, de consumo e de comportamento, divulga conhecimentos e debate temas que certamente influenciam a vida de todos. A busca da imagem corporal é um dos fenômenos mais impressionantes na sociedade atual, que acarreta custos elevados e riscos à saúde, visto que os modelos de referência, quase inatingíveis, distantes da realidade da maioria das pessoas, geram estresse, ansiedade e insatisfação com o corpo. .
A indústria corporal, utilizando-se dos meios de comunicação, cria desejos e reforça imagens, invadindo e modificando a maneira de compreender a vida. Atualmente, o corpo é associado à ideia de consumo. Quanto mais o corpo manter a aparência da juventude, da beleza e da boa forma, mais alto é seu valor de troca, tornando as pessoas escravas de um ideal narcísico rígido e severo. Historicamente, os ícones femininos vêm se tornando mais magros. Se até o século XIX a magreza era considerada como sinal de saúde ruim, associada à fragilidade e pobreza, em meados do século XX a imagem perfeita do corpo feminino passou a ser de mulheres com formas mais delineadas. Hoje se preconiza o modelo de mulher com cintura fina, seios grandes e quadris largos. Também entre os rapazes a influência pode ser observada, haja vista as mudanças por que passaram os heróis de filmes, revistas e brinquedos, que se tornaram mais altos e musculosos.
Um grande mercado de academias de ginástica e clubes desportivos, de medicamentos e produtos de beleza, de dietas e inovações terapêuticas, além daquele constituído a partir das intervenções cirúrgicas, tem-se expandido continuamente. A cosmética ganha cada vez mais espaço na vida atual. Dieta e prazer, que eram incompatíveis no passado, fazem parte agora da mesma estratégia. As calorias devem ser contadas e reguladas, os produtos supostamente naturais são cultuados, as quantidades de vitaminas e proteínas minuciosamente analisadas e ingeridas na medida ideal

COMO RECONHECER O PROBLEMA

As manifestações de insatisfação com a imagem corporal nem sempre são evidentes ou fáceis de reconhecer. Ao contrário, muitas vezes existem apenas mensagens subliminares emitidas pelo adolescente, o que torna mais difícil a identificação desse problema. No sentido de tentar estabelecer o mais precocemente possível esse diagnóstico, é importante que os profissionais que atendem aos adolescentes estejam preparados para:
a) ouvir atentamente o adolescente sobre sua saúde e todas as questões a ela relacionadas (dúvidas, receios, dificuldades, desconhecimento sobre os temas que o afligem), considerando-se, sob os aspectos éticos, que o adolescente tem assegurados direitos à individualidade no atendimento e à confidencialidade;
b) perguntar diretamente sobre a imagem corporal, se o assunto ainda não tiver sido mencionado;
c) discutir o tema abertamente, esclarecendo, encorajando e orientando o adolescente;
d) ouvir atentamente os familiares.

PREVENÇÃO

Desenvolver ações de prevenção e promoção de saúde é tanto ou mais importante quanto identificar e lidar com os casos já estabelecidos de insatisfação corporal. Assim, merece ser destacada a importância dos programas ambulatoriais de hebiatria, tão necessários e ainda pouco difundidos e estabelecidos em nosso meio, que devem estar preparados e oferecer adequado acolhimento aos adolescentes, contar com profissionais capacitados e desenvolver atividades bem definidas de atendimento, priorizando a promoção da saúde e a prevenção de agravos.

Para a execução adequada desses programas alguns objetivos devem ser priorizados, tais como:
a) identificar os grupos de maior risco (adolescentes com desenvolvimento precoce, portadores de deformidades, com sobrepeso ou obesidade, ou aqueles que são maiores que os seus pares, por exemplo);
b) estimular a participação familiar;
c) esclarecer que cada adolescente é diferente do outro e todos são normais, pois o conceito de normalidade implica grande diversidade;
d) ensinar sobre a constituição e o funcionamento do corpo e suas mudanças durante a adolescência;
e) facilitar acesso a conhecimentos básicos sobre saúde e necessidades nutricionais;
f) orientar sobre os riscos de carências nutricionais e de comportamentos potencialmente causadores de danos à saúde, tais como restrições dietéticas e compulsão alimentar;
g) cultuar o corpo saudável de modo natural e fisiológico (uma atitude que poderia melhorar a imagem corporal é a mudança social em relação ao sobrepeso e à obesidade, que hoje são vistos como fraqueza de caráter e não como doença);
h) desenvolver habilidades em lidar com situações adversas, com a ajuda dos pais e do grupo de pares;
i) discutir sobre o poder de influência da mídia, entre os pares e na família, aprendendo a reconhecer as mensagens subliminares que estimulam o corpo ideal;
j) encorajar mudanças com mensagens positivas para aumentar a satisfação corporal e o desejo de cuidar do próprio corpo;
k) promover ações no sentido de mudar o ideal de beleza atual de extrema magreza.

O PAPEL DA FAMÍLIA

Embora sejam naturais o afastamento da família e a procura por grupos de pares durante essa fase da vida, é fundamental a participação dos pais no processo de desenvolvimento da adolescência. A família, como instituição social, representa o modelo pelo qual valores, comportamentos e atitudes são transmitidos ao longo do tempo, consolidando a incorporação de elementos que irão moldar a personalidade e o caráter, pois a convivência aliada ao diálogo, críticas, elogios e censuras representam os fatores que influenciam constantemente a autoestima do adolescente.
Essa participação, entretanto, muitas vezes requer a assistência de profissionais que auxiliem os pais, orientando-os a lidar com as diferentes situações que diariamente fazem parte da vida dos adolescentes. Especificamente quanto à imagem corporal, os pais tendem a ser menos positivos e mais críticos a respeito de seus filhos, implicando com a aparência, alimentação e atividade física

OUTRAS AÇÕES QUE AUXILIAM NA PREVENÇÃO DOS DISTÚRBIOS DA IMAGEM CORPORAL

Em virtude de que muitas imagens idealizadas pela mídia podem contribuir negativamente para aumentar a insatisfação corporal e a ansiedade, principalmente entre as mulheres, alguns autores têm estudado os benefícios que a atividade física traz para os indivíduos, como sinônimo de indicadores de saúde, visto que para se desenvolver uma imagem corporal satisfatória é necessário passar por experiências agradáveis e gratificantes nas relações com o corpo15. Portanto, uma forma de fortalecer a relação positiva com o próprio corpo é a prática regular de exercícios físicos, que beneficia a autoconfiança, autovalorização e, consequentemente, a autoimagem, pois um dos objetivos dessa prática é fazer com que o adolescente reflita sobre o modelo de imagem corporal difundido pela mídia a partir da própria imagem corporal e de seus significados
Nessa atividade estão envolvidos fatores como os diferentes participantes, o ambiente, o tipo de atividade e o momento em que ela é realizada, que contribuem com o indivíduo, ajudando- o a sobrepujar suas dificuldades e auxiliandoo a melhor avaliar sua imagem corporal.
Outro aspecto importante que pode contribuir com a prevenção da insatisfação com o corpo é a integração do adolescente em atividades de lazer, estabelecendo e estreitando laços sociais, desenvolvendo habilidades e reduzindo o estresse. Atividades de lazer bem planejadas e executadas, com metas e objetivos bem definidos, estruturadas e que apresentem desafios, desde que observados os interesses do adolescente, estão relacionadas com melhor performance acadêmica, bem-estar emocional e autoestima.
Maior envolvimento na vida acadêmica e sucesso escolar também contribuem para melhorar a autoestima entre os adolescentes. A participação, principalmente em grupos, das atividades curriculares diárias e dos projetos educativos e pedagógicos que as escolas podem oferecer proporciona mais oportunidades de conhecimento, análise e compreensão dos fatos do cotidiano, desenvolvendo maior capacidade crítica frente aos elementos que a sociedade valoriza. Projetos de vida que incluam escola, trabalho, família, amigos e situações que possibilitem a promoção social nos diferentes ambientes do cotidiano também se caracterizam por auxiliarem no estabelecimento da autoconfiança e na autoestima do adolescente.

REFERÊNCIAS

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Professor Doutor do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
2. Médica Assistente do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Luiz Antonio Del Ciampo (delciamp@fmrp.usp.br) - Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Avenida Bandeirantes, 3900 - CEP: 14049-900 - Ribeirão Preto - SP

Acessado em 22/09/15 as 9:00.

REFLEXÃO E AÇÃO 4
Ao longo desta unidade, promovemos reflexões em torno do fazer pedagógico e sua relação com o currículo, sob diversas perspectivas. Retomando as reflexões teóricas sobre a atividade educativa na atualidade, influenciada pelos impactos das tecnologias digitais, bem como as considerações de Libâneo aqui abordadas sobre a pedagogia como forma de humanização das pessoas, considere: 1. Discuta com um grupo de colegas as implicações dessas ideias para o seu componente curricular. 2. A partir das discussões com seu grupo, reflitam em conjunto sobre a metáfora da árvore e o fazer pedagógico. Procurem identificar algumas práticas (recorrentes) dentro de seu componente. No contexto das folhas, abordem as técnicas mais usadas e articulem-nas às práticas, às ideias, pensamentos e valores que as norteiam, ou seja, ligando-as à raiz (filosofia educacional) e ao tronco (pedagogia). 3. Por fim, discutam qual é a relação do que foi levantado com a formação humana integral dos estudantes.

Através do uso de figuras de linguagem como a metáfora  da árvore,  podemos concluir que  as raízes representam a fundamentação teórica estudada, o tronco simboliza a pesquisa, o método utilizado, os galhos e as folhas são as atividades desenvolvidas e os frutos representam os registros reflexivos. (Ou seja por todas as informações que recebemos a todo momento).
            A questão do fazer pedagógico tem sido bastante discutida, porém uma educação de qualidade está diretamente condicionada ao fato do professor compreender que o seu fazer pedagógico (método que utiliza para a promoção da aprendizagem) pois esta é  determinante para desenvolver o intelecto dos alunos e por via de consequências as dimensões sociais em que este está inserido.
            Porém, para fazer essa relação do professor pedagógico com o processo de ensino e aprendizagem, é necessário falar sobre as práticas educacionais, uma vez que o professor poderá organizar uma ação adequada para as reais necessidades dos alunos. O que devemos compreender é que precisamos ensinar aquilo que o aluno não sabe, por isso o planejamento deve ser aberto, flexível.
                 Um dos grandes desafios dos educadores é penetrar no mundo real dos alunos, e isso acontece quando estes acreditam no trabalho que os mesmos realizam na co-autoria de seus fazeres.
             O fazer pedagógico de qualidade protocola os alunos, eleva sua auto-estima, fazendo o próprio educando confiar em suas potencialidades e apesar de muitos virem de uma realidade social cruel, somente através do trabalho desenvolvido pelo professor conseguem acreditar que é possível mudar sua qualidade de vida.
              Atualmente, existe a utilização da tecnologia como prática pedagógica, porém ainda muitos docentes encontram dificuldades na sua utilização pelo fato de manterem enraizadas as características do ensino tradicional, e não saberem ajustar satisfatoriamente esse recurso a sua prática pedagógica.
               Devemos contextualizar a realidade atual com as realidades vivenciadas pelos alunos, para que percebam o seu cotidiano mais próximo do ambiente escolar em que estão inseridos.
               O ensinamento que na sua prática busca a melhoria social e intelectual dos seus alunos, acreditam que os mesmos são capazes de reescrever sua própria história.
A linguagem é um fenômeno social que acompanha a humanidade desde as épocas mais remotas. A sua origem ainda é um enigma para os estudiosos mas mais diversas áreas. Contudo, sabe-se da importância desse fenômeno para o salto qualitativo da evolução do homem. A partir da linguagem, complexificou-se as relações sociais.
            Sabemos também que a linguagem faz parte das práticas e das interações sociais e das representações de mundo a qual a esta nos dar suporte para a compreensão e tomadas de decisões.
            A linguagem desde a sua origem que se manifesta no sentido de evoluir, porém é perceptível que na era digital o fator comunicação e linguagem deu um salto nunca antes imaginado na história da humanidade.
            Nesse sentido, percebemos que no nosso componente curricular a linguagem, sobretudo a da internet, vem ganhando cada vez mais significado na nossa relação com o ensino- aprendizagem. A metáfora da árvore nos remete aos nosso conhecimentos pedagógicos. Imaginar as partes daquela árvore nos remete ao nosso trabalho pedagógico em que teremos/temos uma base- abordagem filosófica a nos ancorar é dela que sairá o que queremos explorar; ela nos sustenta, assim como as raízes de uma árvore a embasar o ensino-aprendizagem. Por outro lado o tronco da árvore assemelha-se ao método, pois é ele que liga a raiz ao objetivo final que é a experiência pedagógica, é o que liga o invisível (raiz-abordagem) ao visível (folhas-prática). Por fim, as folhas são o nosso resultado final, é a nossa técnica, a nossa prática cotidiana e que mostra de forma explícita o fazer pedagógico. No caso da linguagem, se coloca como algo que se percebe como essa interação, reflexão, ação com o mundo e seus significados.
            Nesse sentido, o nosso componente busca abordar a linguagem a partir do âmbito das artes, da língua portuguesa, fazendo com que o educando compreenda o mundo de uma forma crítica e subjetiva; é importante perceber também que as formas de abordagem podem ser as mais diversas, como a partir da crítica marxista e o formalismo russo até mesmo de leituras mais pós modernas e semióticas; o mais importante é garantir o pluralismo de abordagens e pedagógicos e apresentar ao nosso educando diversas formas de ler- interpretar o mundo.
            A compreensão e apropriação da linguagem, dos seus significados e seus significantes são o objetivo final de uma educação libertadora, emancipadora, crítica e desalienante dos nossos educandos.