ARTES E CIÊNCIAS

 Beatriz Zagonel de Camargo Mello  

Colégio Estadual Gratulino de Freitas - Guaratuba 

    Há uma importante relação entre arte e ciência, pois sendo a arte mais perceptiva, incita a mente a ir de encontro a novas ideias e soluções. Ambas são componentes da atividade humana criativa. Nem as artes e nem as ciências precisam ter correlação porem o que se tem observado é bem o oposto. Ao longo dos séculos as ciências avançaram e em paralelo, puderam ser observadas manifestações  científicas na pintura, na literatura, nas artes cênicas, na música, dentre outras. Tanto a arte como a ciência são estimuladas pela curiosidade, criatividade e a experimentação do ser humano. Os  projetos como o “Ciência na Estrada” da Fiocruz Bahia, e os Centros Avançados de ciência “Ciência Arte & Magia”, do Instituto de Biologia da Ufba, juntamente com trabalhos de artistas populares  são exemplos da cumplicidade  da arte e da ciência como elementos constitutivos da cultura dos homens. Muitos cientistas famosos que fizeram parte da nossa história,como Leonardo da Vinci e Galileu Galilei, conseguiram encontrar soluções para perguntas científicas ao mesmo tempo que desenvolveram com criatividade, formas artísticas de representação muitas vezes ligadas ao próprio experimento. A equipe do cientista Robert Root-Bernstein, da Universidade de Michigan nos Estados Unidos, fez um trabalho de pesquisa sobre cientistas e vocações artísticas e constatou que estes encontram nas artes (música, pintura, escultura, teatro, desenho, etc) a essência da beleza. A arte pode sensibilizar  a expansão de nossos sentidos  apurando o artista, ou cientista, para a  percepção dos problemas.
       Num artigo publicado pela pesquisadora, Tania C. Araújo-Jorge ( pesquisadora-titular e atual diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz),  relata que desde a época em que os primeiros portugueses chegaram ao Brasil Leonardo da Vinci já nos dizia, em seu livro sobre a metodologia das descobertas: "Para ter uma mente completa, estude a arte da ciência, estude a ciência da arte, aprenda a enxergar, perceba que tudo se conecta a tudo". Este é um referencial básico que justifica o esforço para introduzir formalmente ciência e arte na programação curricular de uma instituição científica que forme cientistas e educadores, reinserindo a ciência como elemento da cultura. É isso que procuramos fazer no Instituto Oswaldo Cruz: integrar na educação o exercício, o treino e a educação da imaginação criativa, aprofundando a idéia de Albert Einstein de que "a imaginação é mais importante do que o conhecimento". 
       A música é uma arte que precisa de ritmo harmonia, sequencias e escalas para ter qualidade. Isso só pode acontecer se houver uma integração entre a arte de tocar e as leis da física que regem o som. E na fabricação de um instrumento, seja caseiro ou sofisticado, se o autor desconhecer certas leis da acústica, isto é, ciência pura, jamais conseguirá um som de qualidade.                              
        Segundo Fernando Fogliano, a proximidade entre arte e ciência pode ser traçada de muitas formas diferentes no decorrer da história. A literatura de ficção científica, por exemplo, é compreendida por vários intelectuais como uma antecipação, pelas artes de futuros feitos da ciência. Mais recentemente, seguidas gerações de artistas têm desenvolvido suas obras focalizando áreas tecnocientíficas, os avanços da computação e dos meios de comunicação, a biologia e a engenharia genética, entre outros. Esse é o caso do que tem sido nomeado como arte eletrônica, arte-comunicação, ou ainda, arte transgênica.  No Brasil, Abraham Palatnik (1928) e Waldemar Cordeiro (1925-1973) são considerados os pioneiros dessa convergência entre arte, tecnologia e ciência.