AÇÃO E REFLEXÃO - CADERNO V - PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL SÃO PEDRO APÓSTOLO - COORDENAÇÃO: ADAIR E ADRIANO

Nossa realidade escolar pede que estejamos em constante observação quanto à realidade à nossa volta, o que podemos fazer para que nossos alunos desenvolvam o conhecimento, tenham prazer pelo estudo e sejam preparados não só para concursos e vestibulares, mas para a vida.
Diante disso, a Matemática no contexto escolar deve: possibilitar o acesso ao conhecimento científico historicamente construído; proporcionar uma reflexão crítica sobre o sentido e significado das ciências e da cultura das tecnologias; formar para produzir novos conhecimentos dando condições para que o aluno possa ler, interpretar e transformar a própria realidade; propiciar a capacidade instrumental de resolver problema, principalmente possibilitar formas diferentes de pensar, envolvendo a criatividade e o processo investigativo.
Uma das possibilidades, ou finalidades, da Matemática é dar condições para que aluno possa formular ou resolver problemas criticamente, tendo a capacidade de desenvolvimento de 4 tipos de pensamento epistemológicos:
1) Indutivo – pensamento presente no ato da criação Matemática e que permite formulação intuitiva de novas conjecturas para serem validadas posteriormente; 2) Raciocínio lógico dedutivo – ligado à álgebra e à geometria;
3) Pensamento geométrico;
4) Pensamento não determinístico – possibilita analisar as incertezas.
No contexto escolar, é importante que sejam oferecidas atividades que possibilitem desenvolver diferentes formas de pensar e, consequentemente, problematizar a realidade. Diante disso, a escola precisa movimentar essas capacidades do aluno por meio de atividades problematizadoras que façam o aluno raciocinar, formular questões e resolver problemas.
A Matemática vem de uma construção histórica e, como disciplina, leva sempre a algumas indagações importantes e que devem estar sempre presentes no cotidiano do professor que precisará elencar esses questionamentos e sua importância através do planejamento. Isso salienta a necessidade de uma discussão do papel da Matemática no cotidiano do aluno sendo usada como prática social, trazendo, para o dia a dia, conhecimentos que contribuirão para atuar como profissional, um ser pensante com pensamento mais elaborado, um cidadão crítico.
A Matemática pode auxiliar na discussão da necessidade de contribuir no processo educativo, priorizando o conhecimento prévio da vivência dos estudantes, pois o jovem ingressa no ensino médio portando experiências, desejos e saberes, construídos a partir das suas relações sociais, da sua realidade, com diversidades, características, desejos, objetivos e afinidades o que exige que seja percebido como sujeito com valores, comportamento, visões de mundo, interesses e necessidades singulares, pertencendo a um determinado grupo social.
A juventude busca aprender conhecimentos próximos à própria realidade, por isso muitos jovens procuram a escola para que possam ser instruídos para o trabalho e enxergam isso como possibilidade de interação ou pertencimento ao grupo, por isso a escola precisa ser repensada, reinventada, capaz de formar cidadãos críticos, prontos para fazer as intervenções sociais, políticas e culturais que são exigidas pela sociedade, problematizando e intervindo, questionando sobre a sua realidade e sobre os modos de reprodução. Diante disso, precisa-se priorizar os conhecimentos que despertem o senso crítico e que instiguem os jovens a terem seus objetivos perseguidos e alcançados. Uma formação matemática integral pressupõe que os saberes dos jovens sejam valorizados nas suas formas de representação e expressão, confrontando o conhecimento das suas vivências com o conhecimento científico, e utilizando a iniciação à pesquisa, tecnologias, mídia e comunicação. Uma valorização que estabeleça um diálogo entre os saberes que possui e as práticas educativas, sendo necessário que o professor apresente conhecimentos matemáticos que sejam relacionados com as diferentes práticas ou disciplinas, de forma interdisciplinar, aliadas às práticas tecnológicas do aluno e que estão tão presentes na realidade.
Considerando as dimensões do trabalho, ciência e tecnologia, a Matemática se articula com essas dimensões a partir do momento que consegue estabelecer relações entre a história da matemática e o eixo integrador, da história da matemática com a leitura e a problematização, e que se evidencia a partir da observação da evolução da história da Matemática sendo relacionada com os conceitos de trabalho, cultura, ciência e tecnologia. Esses conceitos são apresentados pelos DCNEM e entende-se o trabalho como uma ação transformadora consciente realizada pelo homem. A cultura caracteriza-se pelo conjunto dos resultados dessas ações sobre a realidade, enquanto a ciência e a tecnologia correspondem ao conhecimento sistematizado e legitimado socialmente ao longo da história. Nesse sentido, a Matemática possui um papel fundamental no processo de transformação da realidade humana, pois muitos dos problemas são resolvidos a partir da observação, interpretação, levantamento de hipóteses e aplicação de procedimentos fundamentados nos pensamentos e conceitos matemáticos. Muitos, inclusive, apresentam-se como resultado de um processo na busca da compreensão e transformação dos fenômenos naturais e sociais.
O currículo e a construção do PPP devem ser pensados de forma coletiva e articulada, considerando as características pessoais, sociais e culturais onde a escola está inserida. Os conteúdos matemáticos, apesar de estanques precisam, na prática, estar articulados com as demais disciplinas.
A Matemática possibilita diálogo dentro da própria matemática e tem articulação com os conhecimentos de outras disciplinas. Esse diálogo se estabelece:
- Através do trabalho como princípio educativo, como uma forma do ser humano intervir, produzir sua realidade e transformá-la. Consubstancia-se em atividades criativas prazerosas com as quais os alunos de maneira colaborativa, com interação, se transformam e transformam a própria realidade, criando e recriando conhecimentos, ciência, tecnologia e cultura;
- Através da pesquisa como princípio pedagógico, como formação integral do estudante e que propicia o desenvolvimento de atitudes científicas. O aluno sai do senso comum e trabalha na perspectiva de ter uma atitude científica. A pesquisa contribui para que o aluno possa se envolver no processo de investigação e passe a refletir, ler, interpretar, criticar, argumentar, buscar soluções, formular questões e resolver problemas, e isso vai exigir dele formas diferentes de pensar, pois o mesmo sente vontade de resolver questões se tiver curiosidade e se for instigado para isso. Nesse sentido, torna-se protagonista na busca por informações e conhecimentos a partir do senso comum, sistematizando-os. O professor tem a função de transformar as informações do aluno em conhecimento e estimular a pesquisa como processo formador integral.
- Através da contextualização e da interdisciplinaridade, partindo do contexto e problematizando a realidade, buscar soluções, criar estratégias e, a partir dos conhecimentos matemáticos, voltar para essa realidade e transformá-la.
A leitura e a problematização tornam-se importantes ferramentas para alcançar o objetivo que é a aprendizagem e a formação do estudante. Além disso, a contextualização e a interdisciplinaridade potencializadas pelas tecnologias vão dar mais significado ao ensino e potencializar o diálogo entre as áreas, entre os componentes curriculares.
Adotando o trabalho como princípio educativo e a pesquisa como princípio pedagógico, o professor estará em consonância para a construção do conhecimento e esses dois princípios podem ser norteadores para a reorganização do currículo do ensino médio e para a efetivação da prática escolar.
A articulação entre a matemática e as demais áreas do conhecimento, favorecida pela contextualização e a interdisciplinaridade que provoca a discussão para uma reorganização curricular para o ensino médio, levará à formação integral que tanto se busca e que tanto auxiliará o aluno durante a vida.