A dificuldade dos jovens no mercado de trabalho não se restringe a conseguir a primeira oportunidade. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ainda em fase de finalização, mostra que as pessoas com idades entre 14 e 24 anos são os que mais trocam de emprego entre a população economicamente ativa. De acordo com o estudo, nessa faixa etária, a taxa de admissão é de 90% e a de desligamento — seja por decisão das firma ou por escolha do trabalhador —, de 70%.
O resultado é considerado elevado, sobretudo quando comparado às demais faixas etárias. Entre os profissionais com mais de 24 anos, o índice de contratação foi de 40% e o de rescisão, de 39%. Divulgados ontem, na 3ª Conferência do Desenvolvimento, os dados são baseados em números coletados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entre 1996 e 2010.
Essa realidade é reflexo da pouca experiência profissional, da baixa qualificação, das condições precárias de trabalho e da busca pelo “emprego ideal”, segundo o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Cosseil. Como ainda estão em processo de aprendizagem, os jovens são alocados em companhias que exigem menos conhecimento técnico, têm ambiente de trabalho com menor salubridade e oferecem remunerações mais baixas.
Em busca do ideal
“É um círculo vicioso. A pouca experiência e a baixa qualificação os empurram para empregos com maior rotatividade, dos quais os jovens saem exatamente por esses motivos”, explicou Cosseil. Além disso, a pouca idade estimula a experimentação. “Como estão entrando no mundo do trabalho, eles preferem circular por vários lugares até definirem aquilo que consideram o ‘emprego mais adequado’ para suas vidas”, completou.
O cenário exige atenção, alerta Anne Posthuma, especialista do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. Segundo ela, 61% dos brasileiros entre 18 e 24 anos — ou seja, 14,3 milhões de pessoas — estão trabalhando ou procuram uma chance no mercado de trabalho formal. Quando observada a escolaridade, porém, pelo menos 70% dos postos exigem, no mínimo, o ensino médio completo. “É importante dar condições a esses jovens de conciliar trabalho e estudo”, destacou.
E você, o que pensa sobre o assunto? É possível conciciliar trabalho decente, estudo e pouca experiência profissional? Vamos conversar? Dialogue com a gente!