E os cursos Tecnólogos?

Afinal, o que é um tecnólogo?

 

Ao contrário do que muitos pensam, o tecnólogo não é um profissional que realizou um curso técnico ou que trabalha na área de tecnologia. O curso de tecnólogo é uma modalidade de graduação de nível superior, que se concentra em uma área específica do conhecimento e é voltada para o mercado de trabalho.

Outra característica dos cursos para tecnólogos, é que eles são rápidos, com duração de 2 a 3 anos, o que permite ao aluno ingressar mais rapidamente no mercado.


 

E os cursos Tecnólogos?

 

Se fosse um filme de ficção, seria este o momento da trama em que o mocinho dá a grande virada. Mocinhos, neste enredo, são os cursos superiores de tecnologia, mais conhecidos como tecnólogos. Eles já foram confundidos com cursos técnicos, pouco valorizados no mercado de trabalho e procurados só por aqueles que perderam a chance de se formar na hora certa. Isso tudo está muito perto de ser passado. Nos últimos anos, a procura cresceu, o perfil dos alunos mudou e o mercado criou nichos que, adivinhe, só os tecnólogos conseguem ocupar.

O número de cursos superiores de tecnologia cresceu 96,67% entre 2004 e 2006, passando de 1.804 para 3.548 em todo o país, segundo dados do Ministério da Educação. Só no Estado de São Paulo, de 1998 a 2004, a quantidade de alunos ingressantes nas graduações tecnológicas aumentou 395%, de acordo com o Censo Nacional da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Como a flexibilidade é um dos pontos centrais dos cursos superiores de tecnologia, Francisco Borges, diretor acadêmico da Faculdade IBTA, defende que os cursos de tecnólogos, ao contrário dos bacharelados, não podem ter ementa fixa, precisam mudar cerca de 20% todo ano. "Mudar a tecnologia ou a abordagem porque o mercado é dinâmico. Por isso, esses cursos precisam ter parcerias com empresas, para saber antes o que vai acontecer de novo", diz Borges.

João Mongelli Netto, responsável pela Comissão Permanente de Vestibular das Fatecs, concorda. "Os cursos de tecnologia são criados para atender às demandas atuais de mercado. E elas vão mudando com os anos", diz. Ele acredita que esse formato de curso tem maior agilidade para atender às mudanças por ter forte carga de aulas práticas e laboratoriais e por incentivar o estágio. E dá como exemplo as Fatecs. No segundo semestre deste ano serão oferecidos seis cursos reformulados em função do mercado e do que foi identificado como importante para a formação atualizada do aluno.

A formação está em sintonia com o mercado de trabalho, mas as empresas valorizam esses cursos e recebem os profissionais que acabam de se formar? Não há uma pesquisa nacional que responda sobre a empregabilidade dos tecnólogos, mas alguns números indicam que a aceitação tem sido grande nos últimos anos.

Netto cita um estudo feito pelo Serviço de Avaliação Institucional (SAI) das Fatecs, com alunos formados em 2004. A pesquisa aponta que 91,6% dos alunos egressos estavam atuando no mercado, sendo que mais de 60% nas áreas dos cursos. "O mercado reconhece bem. É um profissional que tentamos formar com espírito crítico para que seja criativo e auxilie na tomada de decisões onde vai trabalhar. Ele valoriza o trabalho em equipe e é uma pessoa de fácil aceitação pelo grupo", diz o responsável pela Comissão Permanente de Vestibular das Fatecs.

Uma justificativa para a grande oferta de trabalho diante dos tecnólogos é o novo perfil do mercado. Segundo Eduardo Ehlers, diretor de graduação do Centro Universitário Senac, de uns anos para cá, "talvez duas décadas", o mercado se tornou mais dinâmico. "Passamos por um processo de especialização das profissões e de diversificação das áreas. Não se pensava em um profissional de design de multimídia e hoje ele existe. Diversificaram-se, assim, as opções de trabalho. Isso tem permitido que egressos desses cursos encontrem seu espaço no mercado, que é dinâmico e tem lugar para profissionais de diferentes formações", diz o diretor de graduação do Centro Universitário Senac.

Mas as ofertas de emprego são maiores em áreas que não concorrem com as graduações tradicionais, de acordo com Elizabeth Guedes, pró-reitora acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi. "As novas profissões são mais afeitas a esse modelo de curso, como gestão de redes ou de games. Todas as áreas em que profissões tradicionais não são fortes, os tecnólogos funcionam muito bem. Nas outras, como saúde, direito, engenharia, psicologia, é mais difícil conquistar espaço", afirma Elizabeth.

Quando surgiram no final da década de 60, os cursos superiores de tecnologia eram mais dirigidos para as áreas de engenharia. Mas o tempo passou e eles mudaram de perfil. As escolas têm fugido do tradicional e criado cursos inovadores. Por exemplo, há um curso tecnológico em design de multimídia, área muito nova e que vem crescendo bastante com o avanço da internet e dos jogos eletrônicos.

Winston Petty, de 28 anos, percebeu isso. Ele trocou sua graduação clássica em ciência da computação pelo curso de tecnólogo em design de multimídia do Centro Universitário Senac. Depois de ter cursado três anos e meio do bacharelado, abriu um estúdio de multimídia e web e descobriu que precisava de uma formação mais voltada para design e criação, o que encontrou no tecnólogo.

Além de cursos em áreas antes não existentes, velhos cursos ressurgem com enfoque novo. É o caso do tecnólogo em gestão de turismo. "O segmento de turismo vem mudando bastante, com o avanço do turismo de negócio. Os cursos precisam incluir, por exemplo, a logística de transporte aéreo e a assessoria de eventos", diz Eduardo Ehlers.

Outro setor que tem ganhado força entre os tecnólogos é o ambiental. Nas Fatecs, estão em estudo vários novos cursos nessa área, diz João Mongelli Netto. "São fortes os de hidráulica e saneamento ambiental e estão sendo preparados os de silvicultura, para fazer o aproveitamento de árvores, e o de bioenergia", diz.

Para Juper Laurindo Crispino, pró-reitor de graduação da Universidade Ibirapuera, os cursos voltados para o setor de serviços, como saúde, meio ambiente e turismo, são os que mais se destacam. "As pessoas querem viver bem e ter qualidade de vida. E tudo aquilo que reflete isso tem prosperado. A engenharia, que dominava os cursos tecnológicos, está voltada para o setor de produção e esse vem dando espaço para o serviço", explica Crispino.
Os cursos mudaram, mais ofertas de emprego surgiram, o reconhecimento do tecnólogo como profissional de curso superior tem se consolidado. Mas e os alunos, continuam os mesmos?

Houve uma ampliação do leque de alunos que procuram os cursos superiores de tecnologia. O perfil clássico de quem cursava o tecnólogo era o de pessoas que já estavam no mercado, mas pensavam em fazer um curso superior porque não haviam concluído a faculdade ou mesmo nunca haviam tido a oportunidade de começar uma graduação. Eram alunos, geralmente na faixa dos 25, 30 anos, que desejavam adquirir mais conhecimento e ter a chance de progressão na carreira.

Alunos com esse perfil continuam a procurar os cursos superiores de tecnologia. Mas agora eles têm a companhia de muitos outros grupos. "O mercado de curso superior de tecnologia, pela existência de novas profissões, se expandiu. Em vez de ser curso de curta duração para adulto, o tecnólogo virou opção para novas profissões. E, com isso, o público se diversificou. Temos desde o jovem que saiu do ensino médio e quer seguir uma carreira que nem tem uma graduação tradicional como opção até o médico que faz o curso de gastronomia por hobby", diz Elizabeth.

Letícia Staduto, 17 anos, que cursa o tecnólogo em estética e cosmetologia na Universidade Anhembi Morumbi reflete essa mudança de perfil dos alunos. Ela acabou de sair do ensino médio e optou pelo tecnólogo. "Só fiz este vestibular porque sempre gostei muito da área e fiquei interessada pelo curso", diz a estudante, que se mudou de Passa Quatro, em Minas Gerais, para São Paulo.

Ela conta que os pais ficaram um pouco receosos no início. "Minha família levou susto. Meu pai ficou preocupado ao saber que o curso só durava dois anos. Mas ele entrou em contato com a faculdade e conversou com as coordenadoras para entender o que era o curso e verificar se realmente era de nível superior. Depois disso passou a me apoiar. Ele sabe que me identifico muito com a área", diz Letícia.

Em sua turma, de 96 alunos, a maioria tem mais de 20 anos. "Deve ter umas 25 alunas da minha idade, todas saíram do ensino médio e entraram no superior de tecnologia, como eu". Letícia, que nunca trabalhou com estética, pensa em seguir carreira e continuar os estudos. "Quero fazer pós-graduação e me especializar em terapia ortomolecular."

Outra estudante recém-formada no ensino médio a se aventurar no tecnólogo é Leilane Assunção, de 18 anos. Ela cursa ecoturismo, também na Universidade Anhembi Morumbi. Antes de entrar na universidade ela fez um curso técnico de turismo. "Queria me especializar em ecoturismo e por isso escolhi este curso", diz a aluna, que tem planos de chegar logo ao mercado de trabalho. "Não pretendo estudar mais, quero conseguir um emprego e sair para o mercado."

 

Você conhecia essa modalidade de ensino? O que achou? Já pensou em fazer um curso Tecnólogo? Como lemos "os cursos de tecnologia são criados para atender às demandas atuais de mercado. E elas vão mudando com os anos"... Aí, onde você mora, quais são os cursos Tecnólogos que mais demandam estudantes e trabalhadores?

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