Defasagem escolar ainda é alta no país

defasagem_escolar.jpgNo ensino médio, de cada 100 estudantes, 34 estão atrasados

De acordo com levantamento do Movimento Todos pela Educação, 23 a cada cem alunos do ensino fundamental estão atrasados nos estudos. No ensino médio, a situação é ainda pior: 34 a cada cem sofrem defasagem ao longo da vida escolar. Os dados são do Inep e se referem a 2009.

Entre os estados da Região Sudeste, o Rio apresenta os maiores índices de defasagem: no ensino fundamental, a taxa é de 28,4%, contra 21,5% do Espírito Santo, 20,2% de Minas Gerais, e 8,3% de São Paulo.

No ensino médio, a situação no Rio é ainda mais alarmante: 45,9% dos jovens não estão na série adequada à sua idade. No Espírito Santo, o índice é de 21,5%, em Minas, de 27,5%, e em São Paulo, de 17,3%. No Norte e Nordeste, o atraso é maior em comparação com as outras regiões do país.

O Piauí tem o pior desempenho. No ensino fundamental do estado, 33,4% estão atrasados. Já no ensino médio, a taxa chega a 54,8%. O melhor resultado no Brasil é de Santa Catarina, com apenas 15% e 16,7% de alunos com defasagem nos ensinos fundamental e médio, respectivamente.

Segundo professores ouvidos pelo Todos pela Educação, o atraso escolar pode ser explicado, na maioria dos casos, pela reprovação.

- O único percentual aceitável para a distorção idade-série é 0%. O ideal seria que ninguém fosse reprovado. Todas as crianças deveriam estar oito ou nove anos no Ensino Fundamental - afirma Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). - As altas taxas de reprovação e de repetência não estão produzindo os efeitos de aprendizagem esperados.

Já para a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), o processo ensino aprendizagem é complexo e não pode se resumir apenas à reprovação por notas:

- Ao longo do tempo que esse aluno está na escola, o professor tem oportunidade de conhecê-lo em sua dimensão humana e, portanto, pode acompanhá-lo, sabendo de suas fragilidades pessoais, familiares, cognitivas e de domínio de conteúdos. O professor precisa estar atento para que dê a essa criança condições de chegar ao resultado final.
(Leonardo Cazes)
(O Globo, 3/2)