De quem é a Praça Roosevelt? Parte 2

De quem é a praça?

Entregue para a população em 29 de setembro do ano passado, depois de 2 anos de reforma e a um custo de 55 milhões de reais, a Praça Roosevelt se tornou um dos berços para patinadores e skatistas, ficando lotada de praticantes amadores e profissionais das modalidades.

Isso porque, mesmo sem essa pretensão, a prefeitura de SP acabou fazendo um espaço muito bom para a prática, mas que ao não contemplar oficialmente a presença delas, foram obrigadas a – mais uma vez – ocupar de qualquer jeito, sem nenhum critério nem orientação. “Sem querer, a prefeitura construiu uma pista de skate estilo Plaza no centro de São Paulo”, afirma em seu blog na ESPN o skatista e fotógrafo Otávio Neto.

Marginalizados e sem espaço, os skatistas, em especial, são a maior vítima do problema. Em 2011, mais de 400 praticantes do esporte ocuparam as ruas da região da Avenida Paulista em manifestação contra o preconceito e exigindo a legitimação na cidade, com espaço adequados e respeito. É pedir muito? Na época, os manifestantes já defendiam o direito de praticar o esporte na Praça Roosevelt, que ainda passava por reformas.

A Praça foi entregue sem contemplar quem anda de skate e, em consonância com essa mesma postura, a própria GCM trata como “vagabundos” quem prefere ocupar a praça PÚBLICA munido de uma prancha sobre quatro rodas. A polêmica já foi pauta de vários jornais que, infelizmente, repercutem a polaridade dos fatos e reforçam a pergunta: de quem é a praça, dos skatistas ou dos moradores? Mas perguntas erradas estimulam respostas erradas.

 

A Praça é de todos nós!

Independente de você gostar ou não de skate, essas pessoas têm o total direito de praticá-lo, ainda que a Prefeitura não legitime um espaço/horário para isso. A sociedade tem que se esforçar para entender que a juventude PRECISA praticar esportes, ter momentos de lazer e descobrir outras habilidades. Quantas praças você conhece que tem espaço para manobras de street? E não estamos falando de halfs, bowls e rampas.

Por tabela, o skate é ainda um meio de transporte, assim como a bicicleta, o patins e o patinete. Maneiras eficientes e saudáveis de se locomover pela cidade, sem congestionar nem poluir nosso ar. Mas tente usar skate ou patins para se locomover nas ruas para ver a receptividade “calorosa” dos motoristas…

Várias cidades do mundo já entenderam a importância dos skatistas e têm feito um trabalho fundamental de estímulo e compartilhamento da via, inclusive entre ciclistas. Aqui em São Paulo, especialmente, somos induzidos ao isolamento, individualismo, medo das pessoas e intolerância com o outro, quando na verdade o grande exercício de cidadania é justamente o oposto a isso: o uso constante da cidade, das praças, das calçadas, das ruas; a tolerância, o compartilhamento e o respeito.

 

Vandalismo

O que a GCM e os moradores do entorno chamam de vandalismo, muita gente chama de esporte. Reparem no elemento perigoso aos 33 segundos desse ótimo vídeo.

Praça já foi velódromo

No final do século XIX, a Praça Roosevelt era um velódromo, onde aconteciam competições de ciclismo. Inaugurado em 1892 para o ciclismo, passou a ser utilizado para o futebol a partir de 1901, sendo o segundo campo e o primeiro estádio da cidade de São Paulo.

No estádio havia uma placa em que se lia “proibido vaiar”.

 

Protesto marcado para 26/01

Na internet, um protesto contra este episódio lamentável já foi marcado e está com mais de 2 mil participantes confirmados. O evento, intitulado “Voz Ativa – Praça Roosevelt”, está sendo organizado via Facebook, onde é possível acompanhar as discussões sobre o uso compartilhado do espaço.

A manifestação pacífica será no dia 26 de janeiro, sábado, a partir das 14h, na própria Praça Roosevelt. Desde a sua inauguração a praça já recebeu diversos shows, apresentações culturais e protestos, demonstrando seu potencial agregador e revolucionário, ao trazer para a convivência toda a beleza e diversidade que temos em SP.

Enquanto os moradores do entorno da Praça Roosevelt não entenderem que a praça é pública e que, mais do que reclamar do comportamento, devem exigir a legitimação de um espaço para os skatistas, aquele local vai continuar sendo uma grande panela de pressão, pronta para explodir e lançar respingos para todos os lados – inclusive o seu.

Prepare a bicicleta, skate, patins, patinete
e vá até a Praça Roosevelt no dia 26/01

A CIDADE TAMBÉM É SUA!

Originalmente publicado em: http://vadebike.org/2013/01/praca-roosevelt-skatistas-gcm-video/

Por: Aline Cavalcante

 

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